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Com 2ª onda de covid, Bolsa cai 4,25% e dólar sobe a R$ 5,763, mesmo com BC

Do UOL, em São Paulo

28/10/2020 17h31Atualizada em 28/10/2020 20h29

Em um dia tenso nos mercados mundiais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tombou 4,25%, a 95.368,76 pontos, na pior queda diária em seis meses, desde 24 de abril (-5,45%), no início da pandemia de coronavírus. É a quarta queda seguida e o menor nível da Bolsa em quatro semanas, desde 2 de outubro (94.015,68 pontos).

O dólar comercial subiu 1,43%, vendido a R$ 5,763, emendando a segunda alta. É o maior valor de fechamento desde 15 de maio (R$ 5,839). A moeda norte-americana chegou a encostar em R$ 5,79 pela manhã, mas reduziu a alta após uma intervenção do Banco Central no mercado.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Nova onda de coronavírus na Europa

O dia foi de queda nas Bolsas internacionais devido à nova onde de disseminação da covid-19, sobretudo na Europa. A França anunciou hoje o segundo lockdown no país, por todo o mês de novembro. O primeiro ocorreu de março a maio.

A Alemanha também determinou medidas de confinamento, ainda que parciais, a partir de 2 de novembro.

O receio é que a nova onda de casos prejudique a recuperação econômica mundial, que já era frágil. Nesse cenário, os investidores buscam ativos considerados mais seguros, como dólar, e fogem de ativos mais arriscados, como ações e moedas de países emergentes, caso do Brasil.

Crise no Brasil também influenciou

Para analistas, a preocupação entre os investidores no mercado brasileiro tem fatores externos, mas também é ampliada por questões locais ligadas a gastos do governo e à política.

"Após Rodrigo Maia dizer que parte da base governista obstrui os projetos de cunho econômico, os agentes viram a possibilidade de as pautas reformistas terem maior resistência no Congresso. Somado aos riscos externos ligados ao coronavírus e à aproximação das eleições americanas, isso deu ainda mais força à ponta vendedora" [venda de ações, derrubando a Bolsa], disse o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.

BC interveio para conter alta

Após o dólar abrir em forte alta hoje, o Banco Central interveio no mercado, com leilão de moeda à vista, para conter a valorização. O BC vendeu mais de US$ 1 bilhão em moeda à vista.

Segundo Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, o BC tem apresentado estratégias pouco eficientes de intervenção no mercado de câmbio, evitando adoção de medidas como a venda de novos swaps para não passar uma imagem de preocupação com o cenário.

Em relação ao leilão à vista de hoje, Nehme opinou que "é só uma sinalização de que o BC está atento. Você só age com o mercado a vista quando há um fluxo muito negativo."

Eleições nos EUA

Também contribuíram para agitar os mercados as eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para 3 de novembro, com a disputa entre o atual presidente, Donald Trump, e seu adversário democrata, Joe Biden.

A Casa Branca e o Congresso norte-americano continuam sem um acordo para mais medidas de estímulo à economia, consideradas essenciais para a recuperação do emprego e da atividade empresarial nos EUA.

Decisão sobre juros no Brasil

No Brasil, o mercado aguarda a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que será divulgada hoje, às 18h. A expectativa é de que o Copom mantenha a taxa básica de juros, a Selic, em sua mínima histórica de 2%.

O patamar extremamente baixo da taxa básica de juros tem sido apontado como um dos principais fatores para a desvalorização do real no ano de 2020, uma vez que afeta a rentabilidade de ativos locais atrelados à Selic. Um cenário fiscal e econômico incerto tem aprofundado ainda mais as preocupações domésticas.