Dólar sobe mais de 1%, a R$ 5,12, maior valor em 2 semanas; Bolsa cai
O dólar comercial chegou a sua terceira sessão seguida de alta, esta de 1,3%, e fechou a segunda-feira (14) vendido a R$ 5,12. É o maior valor alcançado em mais de duas semanas, desde 25 de fevereiro, quando a moeda americana valia R$ 5,156.
Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), emendou seu terceiro pregão de perdas e terminou o dia aos 109.927,62 pontos — queda de 1,6% em relação ao desempenho sexta (11), quando o indicador também caiu mais de 1%.
Mesmo com os ganhos de hoje, o dólar ainda acumula desvalorização de 8,18% frente ao real em 2022. O Ibovespa, por sua vez, subiu 4,87% neste ano, depois de despencar quase 12% no anterior.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
"Alívio" na guerra
Contribuiu para o novo tombo do Ibovespa o aparente "alívio" no noticiário envolvendo a guerra entre Rússia e Ucrânia, derrubando os contratos futuros de commodities (matérias-primas) como petróleo, milho, minério de ferro e aço. As negociações entre os dois países tiveram uma pausa técnica hoje, mas continuarão amanhã (15) — o que deixa investidores otimistas.
Quanto mais positivas as manchetes em torno do conflito, menores tendem a ser os receios do mercado de que uma eventual redução na oferta de commodities. Essas preocupações têm impulsionado os preços das matérias-primas nas últimas semanas, o que beneficiou moedas de países exportadores, como o Brasil, desde o final de fevereiro.
Na semana passada, o dólar chegou a operar abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junho de 2021.
Expectativa por juros
Paralelamente, há a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) aumentará os juros básicos — hoje próximos a zero — nesta semana, pressionado pela disparada da inflação. Nos 12 meses encerrados em janeiro, os preços ao consumidor americano subiram 7,5%, segundo dados oficiais, a maior alta em quase 40 anos.
Juros mais altos nos EUA aumentam a rentabilidade dos títulos americanos, considerados investimentos muito seguros. Na prática, esse cenário tende a reduzir a atratividade de ativos mais arriscados, como o real e outras moedas de países emergentes, o que leva a uma valorização global do dólar.
O que pode contribuir para segurar a cotação da moeda americana por aqui é a reunião de política monetária do Banco Central do Brasil, que termina na próxima quarta (16), mesmo dia do encontro do Fed. As apostas são de que o BC ajustará a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 10,75% para 11,75% ao ano, o que tende a atrair investidores estrangeiros e, assim, beneficiar o real.
Dada a elevada inflação atual e o alto nível de indexação da economia, que aumenta a persistência da inflação, esperamos que o BC continue apertando ainda mais a política monetária e por mais tempo.
Credit Suisse, em relatório
(Com Reuters)
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