Dólar vai a R$ 4,696, mas cai na semana; Bolsa tem 2º recuo semanal seguido
O dólar comercial fechou esta quinta-feira (14) em alta de 0,16%, cotado a R$ 4,696, no segundo avanço seguido. Na semana, porém, a moeda perdeu 0,27%. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou em queda de 0,51%, a 116.181,61 pontos, acumulando perdas de 1,81% na semana, mais curta por causa do feriado da Sexta-Feira Santa. É a segunda queda semanal consecutiva.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Reajuste do funcionalismo preocupa
Além de citar a cautela dos investidores antes do feriado, Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, chamou a atenção para temores fiscais antes da apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2023, depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu conceder aumento de 5% a todos os servidores públicos federais a partir de julho. O PLDO é a proposta do governo para o Orçamento de 2023. O prazo legal para ele ser entregue ao Congresso é amanhã, mas isso deve acontecer ainda hoje, devido ao feriado.
O aumento aos servidores busca acabar com paralisações que já afetam órgãos públicos e fazer aceno ao funcionalismo público antes das eleições presidenciais deste ano.
O custo do reajuste anunciado está estimado em cerca de R$ 6 bilhões para os seis meses de vigência neste ano, quantia "bem superior ao R$ 1,7 bilhão que seria usado para custear o aumento apenas da categoria de segurança pública" anunciado inicialmente pelo governo, apontou Beyruti.
Vários setores do funcionalismo —que está há dois anos sem reajuste— têm se mobilizado por aumentos desde o início do ano, apesar do forte aperto nas contas do governo. No Banco Central, por exemplo, greve de servidores está afetando a divulgação de dados do boletim Focus ao IBC-Br.
O temor dos mercados é que o aumento das despesas afete ainda mais a credibilidade fiscal do Brasil, que foi abalada no final do ano passado com a alteração da regra do teto de gastos sob a PEC dos Precatórios.
Euro cai após decisão do BCE
No exterior, o ambiente não estava muito favorável a moedas de países emergentes, com a política de juros dos principais bancos centrais do mundo em foco pouco depois do anúncio da decisão do mais recente encontro do Banco Central Europeu. A instituição manteve planos de reduzir lentamente seu estímulo, continuando bem mais suave em sua abordagem de combate à inflação que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve.
Isso, por sua vez, derrubou o euro, enquanto o índice do dólar contra uma cesta de moedas forte registrava ganhos. O dólar tende a se beneficiar de um endurecimento esperado na conduta do Fed, que deve aumentar os juros em 0,5 ponto percentual em sua reunião de maio.
*Com Reuters
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