Dólar sobe a R$ 5,065 após dados dos EUA, na 5ª alta semanal; Bolsa cai

O dólar subiu 0,29% e terminou o dia vendido a R$ 5,065, o maior valor desde 13 de outubro (R$ 5,089). Com a quinta alta semanal consecutiva, esta de 0,99%, a moeda americana agora acumula ganhos de 4,38% frente ao real no ano.

Já o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,5%, chegando aos 126.795,41 pontos. Desde segunda-feira (1º), o principal índice da B3 recuou 1,02%; em 2024, a baixa é de 5,51%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

Dados de emprego dos EUA superaram — e muito — as expectativas. Foram abertas 303 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em março, segundo números do payroll. As estimativas de economistas consultados pela Reuters variavam de 150 mil a 250 mil. Os dados reforçam a visão de que "o mercado de trabalho permanece aquecido nos EUA", explicou Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

Especialistas divergem quanto a possíveis impactos sobre os juros. Para Andre Fernandes, sócio da A7 Capital, os dados fortes podem se refletir no aumento da inflação, o que adiaria a redução dos juros pelo Fed (Banco Central dos EUA). Já Igliori acredita que os números não devem mudar a percepção sobre o cenário, embora o Fed deva seguir buscando por mais sinais de que a inflação está controlada.

Manutenção dos juros no atual patamar pode beneficiar o dólar. Isso acontece porque, com juros elevados, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa dos EUA, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed vai começar a reduzir os juros em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.

Os dados de emprego nos EUA vieram muito acima das expectativas, e os números de janeiro foram revisados. (...) Isso demonstra a resiliência da economia americana, com o mercado de trabalho ainda aquecido. Pode se refletir na inflação por lá e indicar menos cortes de juros por parte do Fed.
Andre Fernandes, sócio da A7 Capital, ao UOL

Não acredito que os dados [do payroll] alterem a percepção dos membros do Fed sobre o cenário, e a busca pela confiança extra no sucesso do combate à inflação permanece. Apesar das surpresas, houve reações positivas dos mercados após a divulgação do relatório de emprego.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, à Reuters

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