Confecção mineira faz lingerie para homens e vende cueca com renda e laço
Cansada de trabalhar no ramo de esportes radicais, a mineira Herika Secundino, 34, decidiu mudar de área e inovar. Em maio, criou a HSMen's, fábrica que faz cuecas com rendas e laços de fita. As peças, adequadas à anatomia masculina, são inspiradas em calcinhas.
“Estudei muito o mercado. Há homens que usam calcinhas, em vez de cuecas, o que é extremamente desconfortável para eles”, afirma a empresária. Daí a ideia de produzir roupas íntimas masculinas com cara de lingerie.
Os modelos são feitos com lycra, renda e microfibra e custam entre R$ 34,90 e R$ 149,90 (baby doll). A empresa de Belo Horizonte vende os produtos exclusivamente pela internet e comercializa mais de 300 unidades por mês, afirma Secundino.
A empresária conta que pesquisou o mercado por cinco anos e percebeu que o público-alvo é composto, em sua maioria, por homens gays, mas o produto também atinge a heterossexuais.
As peças são confeccionadas por ela própria e pela mãe, que trabalha com costura há mais de 40 anos. Para começar o negócio, o investimento foi de R$ 60 mil para a compra de quatro máquinas industriais de costura e de matéria-prima e a criação do site.
Hoje, a maior parte dos pedidos são encomendas de uma a três peças. Para aumentar as vendas, ela aposta na divulgação: 30% do seu investimento é em marketing.
Especialização é acerto para pequenas empresas
Secundino diz que não pensa em entrar na produção de roupas íntimas tradicionais nem de peças para sex shop. Para ela, o diferencial de sua empresa é exatamente apostar em um nicho de mercado pouco explorado.
O diretor do Iemi (Instituto de Estudos e Marketing Industrial), Marcelo Prado, concorda com a avaliação da empresária. “Não existe mais mercado de massas, e sim mercado de nichos. A empresa pequena tem de ir por esse caminho. Ser única e singular. Oferecer um bom produto e com um preço bom, para um nicho de mercado específico”, afirma.
Para ele, essa é a melhor maneira de concorrer em um mercado com muitos produtores. De acordo com a última pesquisa do setor de roupas íntimas, feita pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções), em 2012 havia 3.500 fábricas do setor no país, com faturamento anual de US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 8,9 bilhões).
Logística é dificuldade em comércio virtual
Para a analista de indústria do Sebrae Minas (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais) Denize Pinho, a empresária mineira deve estar atenta à logística para que seu comércio virtual tenha lucro.
Pinho diz que, ao colocar seus produtos à venda na internet, a empresa mineira abre suas portas para clientes de todo o país e tem de estar pronta para atendê-los com qualidade e eficiência. “A empresa tem de estar preparada para aumento rápido [de pedidos] e entrega ágil quando participa do comércio eletrônico. Isso é básico”, afirma.
Os custos da logística ainda são o ponto fraco da empresa, confirma Secundino. Nesse primeiro semestre de experiência, ela conta que sua margem de lucro é baixa, em torno de 10%. Isso porque seu custo de frete é alto --entre R$ 20 e R$ 25-- e ela reduz os preços dos produtos para que o consumidor não desista da compra.
De acordo com ela, essa questão será resolvida com o crescimento das vendas, pois assim poderá contratar serviços de entrega mais baratos direcionados a empresas de comércio virtual.
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