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Febre nos anos 90 e 2000, arena de paintball e tiros a laser perderam força

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

18/06/2015 06h00

Nas décadas de 1990 e 2000, dois tipos de negócio atraíam filas de jovens e adultos: era o paintball e o Laser Shots. No primeiro, dois grupos se enfrentam em um campo com armas que disparam bolas de tinta. O segundo é uma evolução tecnológica do anterior. Em vez de bolinhas de tinta, as armas disparam luzes vermelhas em uma arena escura com fumaça artificial.

Hoje, porém, os dois negócios perderam força e sofreram com o fechamento de unidades. O paintball resistiu mais e ainda é possível encontrar campos para a prática do jogo pelo país. O Laser Shots, por outro lado, que já teve unidades nos shoppings Eldorado e Villa Lobos, em São Paulo, só pode ser contratado para eventos particulares e não possui mais arenas abertas ao público.

O campo de paintball Kamikasi, na zona oeste de São Paulo, surgiu em 1990, na primeira onda do negócio. Segundo José Wilson da Silva, 43, gerente do local, era comum as pessoas formarem filas para jogar. A novidade fez com que surgissem vários espaços para a prática do jogo.

No entanto, de acordo com Silva, a falta de estrutura de alguns campos e de segurança dos equipamentos afastou o público dos jogos de paintball. “Antes, os marcadores [como são chamadas as armas que disparam bolinhas de tinta] eram mais fortes e machucavam mais. Agora, eles são reguláveis, semiautomáticos e machucam menos”, afirma.

Com a vinda de equipamentos mais seguros para o Brasil, no começo dos anos 2000, o gerente afirma que houve uma nova alta na procura. “Chegávamos a receber até 1.500 jogadores por mês”, diz. Hoje, no entanto, cerca de 700 pessoas jogam paintball no campo da Kamikasi no mês. Um game de uma hora custa R$ 50 por pessoa, de terça à quinta-feira, e R$ 58, de sexta-feira a domingo.

Para se manter no mercado, a empresa precisou diversificar os serviços. O negócio importa e revende equipamentos para a prática de paintball e, desde 2011, fabrica as próprias bolinhas de tinta, que são vendidas para outras empresas do ramo. “A receita com a venda de equipamentos é maior do que a dos jogos”, diz Silva. Os percentuais e o faturamento, no entanto, não foram revelados.

Jogo de laser que foi moda funciona em arena inflável

Outra febre no segmento de diversão foi o Laser Shots. A marca norte-americana é licenciada no Brasil. No jogo, três equipes de até cinco pessoas cada se enfrentam em uma arena escura e com fumaça. O objetivo é mirar o laser no colete do adversário para somar pontos. Ao final de 15 minutos, vence a equipe com maior pontuação.

André Stabel, 57, é licenciado da Laser Shots desde 2000. Para abrir a primeira arena para a prática do jogo, no shopping Villa Lobos, zona oeste de São Paulo, ele investiu R$ 300 mil. Segundo ele, o auge do negócio foram os três primeiros anos, quando recebia de 8.000 a 10 mil pessoas por mês, além da locação do espaço para eventos particulares.

Em 2003, Stabel levou o negócio para o shopping Eldorado, também na zona oeste, onde permaneceu até 2010. O grande “vilão”, de acordo com ele, foi o alto preço do aluguel. “A partir de 2008, o custo ficou muito alto e não tínhamos outra opção a não ser deixar o local”, diz.

O empresário ainda tentou um ponto no Itaim Bibi, na zona sul da capital paulista, mas novamente o custo do aluguel o fez fechar as portas, em 2013. Hoje, Stabel mantém o negócio por meio da montagem de uma arena inflável em espaços ou eventos privados.

Segundo ele, em 2014, foram realizadas dez locações. Neste ano, no entanto, ainda não houve procura. “Algumas coisas vão e voltam. Pode ser que quando a importação estiver mais favorável ou o custo imobiliário cair, o Laser Shots possa voltar”, diz. A diária para locação da arena inflável custa de R$ 6.000 a R$ 15 mil, dependendo do evento. Stabel é sócio de outra empresa no ramo de tecnologia.

Negócios de entretenimento têm custos elevados

Em São Paulo, acaba de ser inaugurado o Escape60. A proposta do negócio é um jogo no qual um grupo de participantes é trancado em uma sala cheia de enigmas. Para escapar, os jogadores precisam desvendar todas as pistas no prazo de 60 minutos.

Para Marcus Rizzo, diretor da consultoria Rizzo Franchise, negócios no ramo de entretenimento possuem custos elevados, especialmente com manutenção de brinquedos, equipamentos e aluguel de grandes áreas, o que dificulta a sobrevivência no longo prazo. “Se a receita [do negócio] não for suficiente para cobrir essas despesas e gerar lucro, inevitavelmente a empresa vai fechar”, afirma.

Onde encontrar:

Kamikasi Paintball: www.kamikasi.com.br

Laser Shots: www.lasershots-sp.com.br

Participantes de gincana têm uma hora para desvendar enigmas