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Paranaense aposta em franquia de sapatos para atrair paraguaias noveleiras

Flávio Carneiro

Do UOL, em São Paulo

31/08/2015 06h00

Há mais de 13 anos morando em Assunção, Paraguai, o brasileiro Hugo Kosciuk, 39, percebeu semelhanças culturais e de comportamento entre as mulheres brasileiras e paraguaias, como gostar de novelas. Muitas vezes, o visual apresentado nas tramas inspira o uso de roupas e calçados.

Como resultado dessa vivência, Kosciuk decidiu empreender no país e apostou em uma unidade da marca brasileira de sapatos Santa Lolla.

A iniciativa de Kosciuk é reflexo de uma tendência de expansão das marcas nacionais. Segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising) de 2014, dos cinco países mais escolhidos pelos brasileiros para abrir franquias, três estão na América Latina. São eles: Paraguai (com 31 unidades), seguido de Argentina (13) e Bolívia (13).

“Há muitos fatores que facilitam a entrada das marcas brasileiras nos países vizinhos. Semelhanças culturais, facilidade com a língua, questões cambiais, entre outros. Além disso, há muitos executivos brasileiros viajando para esses países, o que estimula os negócios”, declara Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF.

Gosto de paraguaias por novelas influenciou na decisão 

A intensa troca cultural entre Brasil e Paraguai influenciou na decisão do ramo de negócio para Kosciuk. “As mulheres paraguaias guiam suas escolhas de vestuário pelas novelas (inclusive brasileiras), revistas famosas e redes sociais. A tríplice fronteira em Foz do Iguaçu (PR) também ajuda na disseminação dos produtos brasileiros por aqui”, conta.

Na loja, inaugurada em agosto deste ano, os sapatos custam o equivalente a entre R$ 70 e R$ 400. De acordo com Kosciuk, os produtos vendidos são os mesmos disponíveis nas unidades brasileiras da marca, sem adaptação ao público paraguaio. O preço, segundo ele, também é equivalente. Os gastos com entrega dos itens, que saem do Rio Grande do Sul, não teriam influenciado nos preços.

O ponto, que fica dentro de um shopping, foi acertado entre Kosciuk e um sócio. O investimento total da dupla foi de R$ 500 mil, incluindo custos de instalação, taxa de franquia, divulgação e capital de giro. Com faturamento mensal bruto esperado de R$ 150 mil, a expectativa é recuperar o dinheiro investido em 36 meses.

Os royalties (taxa que o franqueado arca pelo uso da marca) estão embutidos no preço que o lojista paga pelos sapatos da marca (18% sobre as compras). Segundo informações da franqueadora, o investimento total para abertura de uma loja (tanto no Brasil quanto fora) é de no mínimo R$ 395 mil, incluindo taxa de franquia de R$ 55 mil. O capital de giro necessário é de R$ 30 mil.

América Latina é o destino preferido

Os países mais escolhidos pelos brasileiros que desejam investir fora de casa estão na América do Sul. Segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising) de 2014, o país que mais concentra franquias brasileiras é EUA, com 12% das unidades. O segundo colocado é Paraguai, com 9%, seguido de Portugal (8%), Argentina (5%) e Bolívia (5%).

No entanto, a internacionalização ainda é pequena entre as redes. A entidade afirma que cerca de 8% das redes brasileiras possuíam representantes no exterior no primeiro trimestre de 2015. O ano de 2014 fechou com um total de 1095 unidades fora do país.

Os tipos de franquia que mais conquistam o mercado exterior são calçados e beleza (empatados com 18% das unidades cada), alimentação (16,11%) e educação (11,68%). “O sucesso desse tipo de franquias tem relação com a imagem do Brasil no mundo. Características como tropicalidade, o cuidado com a beleza e até mesmo o futebol ajudam a divulgar o estilo de vida do brasileiro”, afirma Tieghi, da ABF.

Diferenças culturais são obstáculos

Mesmo com a proximidade, ainda há obstáculos que precisam ser superados, como as diferenças culturais (embora não sejam tão grandes quanto em países mais distantes). Por isso é preciso se atentar aos detalhes e conhecer o país antes de abrir um negócio. Uma boa opção é procurar um parceiro local.

Segundo o consultor Marcus Rizzo, da Rizzo Franchising o planejamento deve prever expansão em longo prazo. "Para viabilizar uma franquia brasileira no exterior é preciso investir em mais de uma loja, com o objetivo de criar gradativamente uma rede. Se possível, tornar-se um franqueador master da marca para atrair outros investidores."

Como investir no Paraguai

As leis do Paraguai não determinam um valor mínimo de investimento ou número de empregados para empreendedores estrangeiros. O único requisito necessário é que o empreendedor ou um dos sócios possua residência no país. As informações são do Consulado Brasileiro em Assunção, no Paraguai.

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