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Pequeno produtor vende 250 g de café defecado por ave a R$ 250

Erin Mizuta

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/10/2016 06h00

Em frente ao parque Buenos Aires, no bairro de Higienópolis, em São Paulo (SP), uma loja chama a atenção pelas embalagens coloridas e pelo aroma convidativo. Aberta em maio, a TEM Café vende exclusivamente grãos brasileiros, fornecidos por 30 produtores atualmente. Um dos destaques é o café Jacu Bird (cujo grão é comido e defecado pela ave jacu). Custa R$ 250 o pacote de 250 g e R$ 110 a embalagem de 100 g. 

A sigla TEM vem de "Torrado e Moído", que explica um pouco o serviço da casa: o cliente escolhe o grão e diz o modo de preparo que pretende utilizar (filtro de papel, expresso, cafeteira italiana etc.). Um dos três funcionários da loja faz a moagem mais adequada para aquela situação. Os cafés coados são os preferidos por 90% dos clientes. 

A maioria das embalagens é de 250 gramas, mas também há algumas opções de 500 gramas, com preços variando de R$ 15 a R$ 250. "O mais barato é o Cuesta, marca da minha fazenda, que consigo fazer um preço melhor, e o mais caro é o famoso Jacu Bird", diz Yuri Pinotti, 30, sócio do pai na loja e em uma fazenda em Pardinho (207 km a oeste de São Paulo).

Além dos grãos, a loja vende produtos especializados para amantes da bebida, como prensas francesas e filtros da marca Hario. Esses utensílios somam 20% do faturamento da loja.

Tem café para beber?

No final de agosto, a empresa passou a oferecer o serviço Coffee to Go: quem passa pela loja entre 7h e 9h pode comprar o café do dia (coado) pronto para beber por R$ 5. 

Fora desse horário, os funcionários preparam café para degustação e apresentação das novas marcas e oferecem uma xícara aos clientes. Mas é só. 

A loja também oferece serviço de delivery, que atende principalmente empresas.

Ponte entre produtores e amantes de café

"No Brasil, há muito café que a gente não conhece, e cada região tem um sabor característico, muitas vezes melhores que colombianos ou africanos", diz Pinotti.

Ele, que passou quatro anos na administração da fazenda, já teve uma cafeteria no litoral paulista, mas decidiu mudar os planos. "Percebemos que os produtores tinham muita dificuldade em escoar o produto a um preço bom." A empresa ajuda os produtores com dicas sobre embalagens, prazos de validade e marca, por exemplo. 

O maior desafio é manter a regularidade dos grãos, já que a produção é artesanal. Como a torra e a logística são feitas pelos próprios produtores, a empresa cuida do controle de qualidade do produto quando ele já está na loja. Para que o café esteja sempre fresco, só é feito um novo pedido quando o produto acaba. 

Yuri não revela investimento inicial, faturamento nem lucro, mas diz que no melhor mês chegou a vender 180 kg de café. Uma nova leva de capital deve ser injetada principalmente no marketing, com participação em eventos e palestras, para fortalecer a cultura do café, diz. 

Comunicar-se com o cliente é desafio

Não é só o café puro que tem feito a loja caminhar para o sucesso. Experimentar grãos que vêm de pequenos produtores faz com que o cliente faça parte de uma "tribo", diz o consultor do Sebrae-SP Adriano Campos.

"O fato de eles não serem uma cafeteria, não venderem o café pronto, cria uma sensação de exclusividade. Quem compra lá sente que faz parte de um grupo que genuinamente valoriza o produto brasileiro", diz.

O fato de o café ser moído na hora, de acordo com o gosto do cliente, reforça essa ideia. A oferta de degustação também auxilia nas vendas. "Todo produto provado tem mais chance de ser vendido", diz.

O ponto de atenção deve ser a comunicação com o cliente. A TEM Café informa a maioria de suas atividades via Facebook, mas seu site ainda não possui muitas informações. Segundo Campos, quem passar pela loja e depois quiser dar continuidade a essa "experiência" ou saber mais sobre a marca pode acabar frustrado com isso. 

Onde encontrar

TEM Café - http://www.temcafe.com.br/
https://www.facebook.com/lojatemcafe/