Ela criou pulseira com emojis para ajudar filho autista e virou empresária
Quando o seu filho foi diagnosticado com autismo, aos 7 anos, a advogada Cristiane Carvalho resolveu abandonar a carreira e se dedicar exclusivamente aos seus cuidados. "Ele tem o autismo de alto funcionamento, que não implica um atraso significativo da linguagem. Ele falava com atraso, mas falava. Por isso o diagnóstico foi mais demorado."
A criança autista, normalmente, tem dificuldade significativa de interagir socialmente, atraso no processo de comunicação com os demais, comportamentos repetitivos e interesses restritos, segundo especialistas.
Carvalho passou a procurar formas para se comunicar melhor com ele, mas disse que não encontrava produtos no Brasil e no exterior. Foi quando teve a ideia de criar uma pulseira com emojis (desenhos que ilustram emoções nas conversas virtuais). "Ele passou a me mostrar como estava se sentindo apontando as figuras e isso nos ajudou muito.'
A empresária diz que os psicólogos que atendiam o garoto começaram a pedir o produto para trabalhar com outros pacientes, e os pais de crianças autistas também solicitavam a pulseira. Com isso, surgiu a ideia de criar o site Teraplay, em outubro do ano passado, e começar a vender produtos próprios e importados para autista.
O site também vende uma pulseira com números, velas e flores em alto-relevo que, segundo Carvalho, auxilia os pais a acalmarem a criança durante uma crise. "Quando isso ocorre, a orientação é fazê-la contar até dez e respirar lentamente. Pedimos para ela cheirar a flor e assoprar a vela, imitando a ação de aspirar e expirar." Ela custa R$ 22.
Há, ainda o jogo de dados com carinhas que expressam emoção que, de acordo com ela, ajuda os pais a trabalharem o reconhecimento das emoções nas expressões faciais com a criança autista. O preço é R$ 22.
Carvalho comercializa, também, mordedores (o preço varia de R$ 30 a R$ 65, dependendo do modelo) e cadarço de silicone (R$ 29,90). "Algumas crianças precisam morder algo para se acalmar. Já o cadarço, por não precisar amarrar, dá mais independência para a criança."
Ela também é autora do livro psicoeducativo "Faísca Explica as Emoções" (R$ 29,90) que, segundo Carvalho, auxilia a criança a lidar com as emoções e com as dificuldades do dia a dia. A empresária diz que investiu R$ 30 mil para começar o negócio e que o faturamento e o lucro dos primeiros meses de operação ainda não foram fechados.
Pulseira ajuda criança a demonstrar emoções
Para a psicóloga Mayra Gaiato, especializada no atendimento de crianças com autismo, os produtos ajudam em dois aspectos de mais dificuldade: na comunicação e na demonstração de sentimento.
A criança autista se comunica muito com imagem porque não consegue entender os seus sentimentos nem os dos outros. Os pais dessas crianças andam com uma pasta com figuras para perguntar se ela está alegre ou triste, por exemplo. Com a pulseira no braço, a comunicação fica muito mais simples e imediata."
Empresa precisa divulgar melhor seus produtos
Para Davi Jeronimo, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), a empresa é inovadora e atende um público bem específico, que pode se identificar com ela. "A empresa não vende produto da moda, mas sim artigos que têm aplicabilidade para um público específico. Isso é muito positivo para o negócio."
Ele afirma, no entanto, que a empresa deve trabalhar melhor a divulgação, porque ainda é pouco conhecida. "É preciso estudar o mercado, ver o que há disponível e manter a inovação porque os produtos são fáceis de serem copiados."
Onde encontrar:
Teraplay - https://www.teraplay.com.br/
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