Saíram do mercado financeiro para fazer ternos sob medida por R$ 4.000
Os mais de 20 anos dedicados ao mercado financeiro aproximaram Guilherme Junqueira Franco, 42, das roupas sociais, frequentemente usadas nesse meio. Em 2016, junto com um sócio, ele abriu a Sartoria San Paolo, em São Paulo, que confecciona ternos sob medida.
A ideia surgiu, diz Franco, porque eles não conseguiam achar no Brasil ternos com as novas tendências da Europa. Decidiram criar a própria alfaiataria.
“Queríamos fazer algo diferente do que havia no mercado brasileiro. O objetivo era manter o sentido manual da coisa, não industrializar. Foi uma mudança drástica, mas, hoje, trabalho mais com o que eu gosto, me dá mais prazer", afirma Franco. Antes da abrir a empresa, ele encomendava a alfaiates quatro ternos sob medida por ano, em média.
O investimento inicial foi de R$ 100 mil. O faturamento médio mensal cresceu de R$ 40 mil para R$ 50 mil nos últimos meses. A clientela passou de 10 a 15 pessoas no início do ano para 20 a 30 por mês, atualmente. O lucro não foi divulgado.
Além de ternos e camisas, são produzidos blazers, calças e bermudas. “Tudo feito à mão, sem molde, sob medida, com o processo full bespoke (criadas sob encomenda), peças únicas”, diz Franco. Eles também fazem roupas para mulheres, como calças e blazers, mas a especialidade é roupa para homem.
Ternos custam a partir de R$ 4.000
Os diferenciais da Sartoria San Paolo, diz o sócio, são o corte da casa, que é a modelagem da alfaiataria inspirada no corte italiano, o bolso em patch (parece que foi costurado por fora do paletó; é possível ver as linhas da costura) e as calças sem cinto (sem os passantes), os dois últimos são pouco usados no Brasil, segundo ele.
O processo de produção é assim: o cliente entra em contato, vai até o ateliê no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo), onde fica o mostruário, tira as medidas e aguarda até a primeira prova. No total, incluindo as provas (em média, são duas), o produto é entregue em 60 dias. “Queremos reduzir para 45 dias, para acompanhar a concorrência”, diz.
O segundo ateliê da empresa fica na Pompeia (zona oeste de São Paulo) e é onde as peças são produzidas. O cliente também pode agendar uma visita em sua casa. Essa prática, porém, tem diminuído. “Por incrível que pareça, a maioria das pessoas prefere ir ao ateliê.”
Um terno custa a partir de R$ 4.000; na média, é o dobro do preço em lojas tradicionais, segundo o empresário. A peça mais cara é um casaco de caxemira, que pode chegar a R$ 5.000. Uma camisa é o item mais barato da loja. Sai, em média, por R$ 450.
A empresa tem hoje, além dos dois sócios, cinco funcionários: um alfaiate-mestre, dois alfaiates e duas costureiras. “Montamos tudo do zero. Usamos tecido nacional, do Peru e europeus”, relata o empresário.
Franco diz que os tecidos italianos e ingleses são leves, feitos para o verão europeu, mas que, no Brasil, vão bem o ano todo e têm mais saída. Os mais usados são lã fria, algodão e linho. O nacional e o peruano são os mais baratos.
Nicho bem explorado, mas atenção ao planejamento
Para Bruno Zamith, consultor do Sebrae-SP, a Sartoria San Paolo achou um nicho de clientes. “A empresa faz um terno específico. Atende um público definido, que tende a ter menos influência da sazonalidade da economia, e identificou uma necessidade no mercado”, afirma.
Nem o fato de os homens não precisarem de muitos ternos e comprarem menos pode limitar o negócio, segundo o consultor.
“Como eles miram num perfil de pessoas que trabalham de terno, é muito maior o giro desse cliente do que aquele que compra para uma festa, por exemplo. Pode ser um limitador, mas há uma influência pequena.”
Zamith, porém, diz que a grande preocupação de qualquer alfaiataria é a manutenção do estilo de trabalho que foi proposto desde o início.
“Outra dificuldade é trabalhar os fornecedores, para mantê-los ao longo do tempo. Precisa de planejamento bem estruturado, para não deixar a qualidade cair.”
Onde encontrar:
Sartoria San Paolo - www.sartoriasanpaolo.com.br
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