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Deixou emprego na aviação para vender pudim e fatura R$ 450 mil

Claudia Andrade

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/11/2017 04h00

Depois de trabalhar durante 14 anos na área comercial da companhia aérea TAM (hoje Latam), Marcos André Martins, 52, decidiu transformar o passatempo em negócio. Em 2014, abriu a Senhor Pudim, em São Paulo.

A loja oferece 36 sabores do doce, entre eles pistache, macadâmia, limão siciliano e baunilha. Há alguns sabores sazonais, como água de flor de laranjeira, vendido só durante a primavera; milho verde, paçoca e quentão, para o período de festas juninas; e panetone e chocotone, no Natal.

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O investimento inicial na empresa foi de R$ 23 mil, gastos em fornos e utensílios. O empresário não paga aluguel pelo espaço e, com isso, conseguiu retorno do investimento em oito meses. O negócio faturou R$ 450 mil no ano passado; o lucro foi de R$ 25%. A expectativa é faturar até 18% a mais neste ano, diz o empresário.

Preços variam de R$ 10 a R$ 83

Na loja da Senhor Pudim, em Moema (zona sul de São Paulo), o sabor baunilha é o mais pedido, seguido pelo de pistache. Segundo Martins, o diferencial é ser feito com fava, e não com essência de baunilha.

Na hora em que coloca para assar, a sementinha da baunilha sobe e fica na superfície do pudim. Na hora de comer, a pessoa sente o gosto bem discreto.

Marcos André Martins, dono da empresa

Os preços variam de R$ 10 (porção individual) a R$ 83 (versão de um quilo). Os pudins são vendidos junto com a forma de alumínio.

Segundo o empresário, a vantagem de ter os sabores sazonais é gerar uma expectativa nos clientes para comprar novamente os pudins nos anos seguintes.

Pudim de parmesão para cliente suíço

Martins gosta de pudim desde criança, quando sua mãe, Flora, costumava fazer o doce em grande quantidade para os dez filhos. Mas o pudim da infância era diferente do que o empresário vende hoje. "Era um pudim de ovos, parecia mais um doce português", relata.

Ele fez vários cursos sobre diferentes tipos de doces, incluindo algumas aulas no Brasil com professores da renomada escola francesa "Le Cordon Bleu", mas nenhuma formação específica sobre pudins.

Algumas receitas da Senhor Pudim, ele diz, surgiram a partir de pedidos feitos por clientes. Foi o caso do sabor parmesão, encomenda de um cliente suíço, que receberia a irmã no Brasil e queria relembrar a receita que a mãe sempre preparava para os filhos.

Martins fez vários testes, experimentou com os funcionários, ofereceu para alguns clientes provarem e deu certo. "Não faço para pronta entrega, mas é um pudim que uma vez por mês vai entrar na minha linha de pudins individuais para serem provados na loja."

Começou com pedidos de amigos

Quando Martins fazia pudins por hobby para amigos, não imaginava que o passatempo pudesse se tornar uma fonte de renda.

Antes de investir exclusivamente na Senhor Pudim, ainda se dedicou a outra atividade, o design de interiores. Chegou a montar um escritório de projetos, mas com o aumento dos pedidos de doces, acabou não dando conta de manter paralelamente os dois negócios.

"Eu saía da loja para visitar algum cliente, mas ficava com a cabeça aqui. Com menos de um ano da loja de pudim, eu já tinha deixado o design de interiores."

Plano de abrir franquias em 2018

A Senhor Pudim tem hoje quatro funcionários. Ao comparar seus ganhos atuais com o salário da época de empregado, Martins diz que o faturamento é quase 20% maior.

"Meus gastos hoje englobam impostos, taxas, salários de funcionários, verbas de marketing e outras despesas, mas minha qualidade de vida melhorou e passei a ter mais tempo para fazer outras coisas que antes eram quase impossíveis de fazer no horário comercial", relata.

Martins planeja lançar uma franquia no primeiro semestre de 2018. Ele diz que recebe pedidos de abertura de franquia desde o primeiro ano de funcionamento da loja, e que já tem uma lista com 24 interessados.

Segundo ele, o investimento inicial em equipamentos para a franquia deverá ficar entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, com tempo de retorno de aproximadamente dois anos. A taxa de franquia deve ser de cerca de 5% de royalties, mais 1% para ações de marketing. Martins, no entanto, prefere não divulgar expectativa de faturamento e lucro.

A ideia do empresário é manter a produção centralizada: ele fabrica os pudins e entrega os doces para o franqueado. "Assim, eu vou ter certeza que a matéria-prima usada é a correta."

Exagero no cardápio deve ser evitado

Para Juliana Berbert, consultora do Sebrae-SP, quando se trabalha com um produto perecível, planejamento é essencial para evitar desperdícios. Por isso, diz ela, é essencial saber quais sabores de pudim devem ou não ser incluídos no cardápio.

"É preciso identificar quais produtos têm maior saída e trazem o melhor retorno. Somente os mais populares e com maior lucratividade devem ser mantidos no cardápio, porque, se você produz um número grande de sabores que não vendem, é dinheiro que vai embora", afirma.

Segundo ela, a estratégia de lançar alguns produtos em períodos específicos do ano ajuda a testar os sabores.

"É uma forma de testar e ver a aceitação dos clientes. É importante sempre ter novidade na vitrine, pois isso atrai. Mas também não pode ter um cardápio muito extenso, porque impacta o estoque, atingindo o faturamento, e pode prejudicar muito a empresa."

Um aspecto que pode ser explorado é a questão de o pudim, assim como outros doces, trazer alegria no momento do consumo.

"O comportamento das pessoas afeta esse mercado: se estou triste, como um docinho para alegrar; se estou feliz, como para comemorar. Remete à autoindulgência. Isso acontece com todo mundo, não só com um público específico. É uma vantagem que pode ser trabalhada."

Onde encontrar:

Senhor Pudim - https://www.senhorpudim.com/

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