Cervejaria levanta R$ 1,5 mi em vaquinha; investidor pode criar sua receita
Já pensou em produzir sua própria cerveja? Foi com essa proposta que a Leuven, microcervejaria de Piracicaba (160 km a noroeste de São Paulo), atraiu 90 pessoas dispostas a investir dinheiro no negócio. No fim de outubro, em apenas uma semana, a empresa conseguiu arrecadar R$ 1,5 milhão por meio de uma "vaquinha virtual" (oficialmente chamado de "equity-crowdfunding").
Cada investidor deve receber conhecimento técnico sobre a bebida e orientação sobre os processos de fabricação. Depois, poderá usar os equipamentos da fábrica para fazer a sua cerveja e engarrafá-la, com rótulo e tudo. Também será possível criar e testar uma receita própria. Se for aprovada pelos donos do negócio, entrará no portfólio da marca com a assinatura do criador no rótulo.
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"Compraremos dois tanques de mil litros para que as pessoas possam preparar sua própria cerveja", diz o agrônomo Gustavo Barreira, 39, um dos cinco sócios da Leuven. Segundo ele, a ideia foi inspirada na cervejaria escocesa Brewdog, que atualmente tem 5.000 sócios.
A ideia é fazer o levantamento dos investidores que têm interesse em produzir a própria cerveja e, depois, por sorteio, definir a ordem de produção da bebida.
Nossa filosofia é que sejamos uma comunidade. Teremos muito mais chances de crescer com 95 sócios do que com cinco. Eles são apaixonados e engajados, nossos embaixadores da marca.
Gustavo Barreira, um dos cinco sócios
A Leuven foi criada em 2010 pelos irmãos Alexandre e Fernando Godoy, com um investimento inicial de R$ 1,2 milhão. No final de 2014, ganhou um aporte de R$ 1,5 milhão e mais três sócios: Gustavo Barreira, sua mulher, Karin, 40, e seu pai, Sérgio, 65. "Fomos movidos pela paixão por cerveja e pelos processos de fabricação da bebida", diz Barreira.
Plataformas ajudam com 'vaquinha' virtual
A quantia foi recebida dos investidores pela plataforma de "equity-crowdfunding" Broota.
As plataformas como Broota, EqSeed e StartMeUp fazem a intermediação entre as start-ups (empresas iniciantes) e os investidores.
No caso da Leuven, segundo os sócios, os recursos arrecadados devem ser usados para expandir a operação, com a construção de uma fábrica maior e mais moderna nos próximos dez meses. Parte do recurso também será usada para capital de giro, compra de equipamentos e contratação de empregados: passará dos 11 atuais para 20.
Meta de 200 mil litros e R$ 2,5 milhões
Neste ano, segundo Barreira, a cervejaria levou três prêmios no World Beer Awards, em Londres. O concurso foi disputado entre 1.900 rótulos produzidos em cerca de 40 países.
A empresa praticamente duplicou a produção: de 60 mil litros, produzidos em 2015, passou para 110 mil litros, em 2016. A meta é fechar este ano com a marca de 200 mil litros, diz Gustavo
O faturamento também está crescente, segundo ele. "Fecharemos 2017 com R$ 2,5 milhões", diz. Até 2022, a expectativa é crescer cerca de 20% ao ano. O faturamento e o lucro em 2016 não foram divulgados pela empresa.
Atualmente, a Leuven tem seis rótulos. As cervejas chegam a 12 Estados por um distribuidor. Elas podem ser encontradas em algumas choperias, empórios e supermercados. O preço médio da garrafa para o consumidor é de R$ 20. "Se a cerveja do sócio investidor for adicionada ao portfólio, será distribuída pelos canais da Leuven. E faremos toda a parte burocrática de registro etc.", diz Barreira.
Para sobreviver, é preciso investir em profissionalização
Para Milton Cesar de Paiva, consultor do Sebrae em Piracicaba (SP), as microcervejarias estão saindo do modismo e partindo para a profissionalização. Isso deve deixar para trás, segundo ele, os empreendimentos excessivamente artesanais, cuja escala de produção é muito pequena.
"Quem deseja entrar e sobreviver nesse nicho precisa se preparar." Isso significa entender de gestão e de marketing e ter clara qual é a escala de produção que pretende trabalhar. "Tudo isso é imprescindível para não ficar confinado a produzir para a família e um grupo de amigos", afirma.
O consultor diz que o mercado tem potencial. Dos 10 bilhões de litros fabricados no Brasil, só 5% correspondem às microcervejarias, segundo ele.
"É um mercado em expansão, que aproveitou a valorização do vinho, com as degustações e os cursos para um consumidor mais ligado ao padrão gourmet de aromas e sabores, justamente aspectos presentes nas cervejas especiais", afirma.
Investir em start-ups é arriscado
Para Ricardo Politi, cofundador da plataforma Broota, investir em start-ups é bastante arriscado. Se a empresa quebrar, o investidor perde o dinheiro aplicado, diz ele.
Para investir por meio do "equity-crowdfunding", basta ter R$ 1.000, afirma. O limite é de R$ 10 mil por ano, exceto para investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras) ou para quem tem renda bruta anual de R$ 100 mil ou esse mesmo valor em aplicações financeiras.
Onde encontrar:
Leuven - http://www.leuven.com.br
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