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Desistiu de ser freira e hoje fatura R$ 6,8 milhões com calcinha e sutiã

Ângela Freire é dona da Yang, que tem no catálogo mais de 500 modelos de produtos, entre cintas, calcinhas e sutiãs - Divulgação
Ângela Freire é dona da Yang, que tem no catálogo mais de 500 modelos de produtos, entre cintas, calcinhas e sutiãs Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/12/2022 04h00

Ângela Freire, 56, ia ser freira, desistiu, casou, foi vendedora de porta em porta e hoje é dona da Yang, uma marca própria de lingerie em Caxias do Sul (RS). Faturou R$ 6,8 milhões em 2021; o lucro não foi revelado. Conheça sua história.

Conheceu o futuro marido e desistiu de ser freira

  • Ela estudava para ser freira quando, em um trabalho como noviça em Caxias do Sul (RS), conheceu o marido e abandonou o noviciado, aos 20 anos, para casar e ter filhos.
  • Para ajudar no orçamento da família, começou a vender cintas modeladoras de porta em porta na cidade.
  • Montou equipe de revendedoras de diferentes regiões e chegou a ter mais de cem mulheres trabalhando com ela.
  • Mas as clientes começaram a reclamar das cintas. "Modelavam a cintura, mas achatavam os peitos, não se adaptavam tão bem ao corpo", declara.
  • Segundo ela, as cintas eram feitas apenas para serem usadas no pós-operatório. Não eram práticas nem bonitas para o dia a dia.
  • As clientes buscavam novidades, modelos mais modernos e com cores mais vibrantes (em vez dos tradicionais bege, preto e branco).

Vi ali uma oportunidade de negócio: trazer uma linguagem de moda para as cintas, colocando bojo e detalhes em renda.
Ângela Freire

A Yang tem hoje mais de 500 modelos de produtos, entre cintas, calcinhas, sutiãs, bodies, meias de compressão, linhas pós-cirúrgica e gestante. A fábrica fica em Caxias do Sul. Ângela é hoje conselheira-executiva da marca.

Trabalha desde os 12 anos

  • Na infância, mudou-se com a família para Glória de Dourados (MS), onde o pai Alberto Freire foi trabalhar como administrador em uma fazenda.
  • O pai morreu em um acidente na fazenda, quando Ângela tinha 11 anos.
  • Para ajudar no sustento, Ângela começou a trabalhar aos 12 anos, como doméstica na casa de uma professora.
  • Aos 14, foi vendedora em loja de calçados e depois auxiliar em clínica odontológica.
  • Nessa época, foi morar na Casa das Irmãs de São José, em Dourados, para estudar para ser freira. Mudou-se para Caxias do Sul para continuar a preparação.

Quando eu fiz os votos de noviça, fui trabalhar no Colégio São José de Caxias do Sul como professora. Em um dos trabalhos na comunidade como noviça, conheci o meu futuro marido. Desisti de ser freira e, em oito meses, nós nos casamos.
Ângela Freire

Ângela e Luís Carlos de Oliveira ficaram casados por 35 anos; ele morreu vítima da covid-19 em novembro de 2020. O casal teve dois filhos, além do filho do primeiro casamento de Oliveira.

Revenda de cintas e abertura de empresa

  • No começo do casamento, Ângela revendeu por dois anos cintas modeladoras que comprava de uma distribuidora de Porto Alegre.
  • Em 1997, abriu a Freire Confecções. Investiu R$ 15 mil no negócio.
Produtos da Yang - Divulgação - Divulgação
Sutiãs cropped com tecido duplo de fibra modeladora e calcinhas modeladoras de microfibra são da marca Yang
Imagem: Divulgação
  • Em 2004, quando a empresa passou a ter confecção própria, ela mudou o nome da marca para Yang. O investimento na fábrica têxtil foi de R$ 800 mil.
  • A empresa tem 14 lojas, sendo 12 franquias. As vendas são feitas também no site. Para abrir uma franquia da marca, o investimento inicial é de R$ 180 mil.
  • O produto mais vendido são os sutiãs modeladores com tamanhos personalizados. Custam a partir de R$ 167.

Fidelizar cliente é desafio, diz consultora

  • Luciani Matielo, analista de negócios do Sebrae-SP, diz que Ângela Freire soube aproveitar uma oportunidade de negócio ao enxergar as reais necessidades do cliente.
  • "Ela entendeu do que o consumidor precisava e se adaptou. Viu aí uma chance de crescer, criando sua marca própria, com soluções para um público que busca lingeries funcionais, confortáveis e bonitas."
  • Outro ponto forte é ter produtos que acompanham todas as fases da mulher, desde o dia a dia, gravidez até o pós-operatório.
  • "Com isso, ela garante a conexão da marca em vários momentos da vida desta cliente na lingerie, ganhando assim uma preferência na decisão de compra", declara.
  • A analista diz, no entanto, que é preciso ficar atenta à administração de seus canais de venda (e-commerce e lojas).
  • "É importante ter estratégias que se complementam para não haver uma competição entre canais. O que faz o consumidor comprar nas lojas físicas da rede, se pode fazer isso no site?"
  • Vale também buscar tendências do mercado e fazer as adaptações necessárias para a sua clientela.
  • "Outros desafios são fidelizar os clientes e se aprimorar sempre para enfrentar a concorrência. Um exemplo é ganhar mais presença digital e conseguir vincular a marca dela à de mercados mais específicos, como gestantes e pessoas que requerem peças especiais para o pós-operatório."

Onde encontrar:

Yang: https://www.yangonline.com.br/