Quer expandir sua empresa? Faça isso com private equity ou venture capital

Toda empresa precisa de capital para expandir o negócio, seja lançando produtos, ampliando o espaço físico ou estendendo a presença da sua marca para todo o Brasil. Quando não há dinheiro em caixa, é preciso buscar alternativas no mercado. Duas delas são venture capital e private equity.

O que significa e qual a diferença entre venture capital e private equity.

Venture capital é uma modalidade de investimento focada em empresas iniciantes. Por conta disso, ela também é conhecida como capital de risco.

Private equity é um tipo de investimento focado em empresas em um estágio de atividade mais maduro e que não estão listadas na Bolsa de Valores, a B3. A ideia é atrair investidores que queiram ser sócios da empresa em troca da participação dos lucros.

O private equity tende a ser mais adequado para empresas maduras em busca de financiamento para expandir suas operações ou realizar aquisições estratégicas, enquanto o venture capital é mais indicado para startups em estágio inicial ou de rápido crescimento que precisam de capital para expandir suas operações e alcançar um mercado mais amplo. Igor Chrispim Romeiro, CEO da Efund Investimentos.

Potencial do negócio dita acesso a investimento

Investidores olham o potencial do negócio. Ter um plano de negócios consistente, com diferenciais e vantagens competitivas, ter inovação e estar inserida num segmento com grande potencial de crescimento são alguns dos aspectos que podem atrair fundos de private equity, segundo o economista e investidor Bruno Corano, que também é apresentador do programa Manhattan Connection.

Não há um setor específico onde esses fundos investem, de acordo com ele. Porém, eles costumam se especializar em determinados setores.

Um fundo de private equity que tem um time experiente para analisar empresas de tecnologia, provavelmente não vai investir no setor imobiliário, na construção de shoppings ou galpões. Do mesmo jeito que um fundo especializado em real estate [ativo real], que é no setor imobiliário, não vai olhar negócios no agro ou em biotecnologia, ou na indústria farmacêutica. Então, existe uma tendência de os fundos terem times especializados em determinados setores e serem cada vez mais especializados. Bruno Corano, investidor e economista

Embora possa ser utilizado em vários setores, é mais comum em indústrias maduras com potencial de geração de caixa estável, diz Igor Chrispim Romeiro, CEO da Efund Investimentos. Setores como tecnologia, saúde, energia e serviços financeiros têm sido historicamente atraentes para investimentos de private equity, porém não exclui outros setores, sinaliza ele.

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Startups também buscam investimentos de private equity. Esses fundos também são muito utilizados por startups para financiarem suas operações e promoverem o seu crescimento, de acordo com João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos.

Documentação completa. Para uma empresa em busca de capital privado, como o private equity, primeiro ela deve identificar suas necessidades de financiamento e elaborar um plano claro sobre como os recursos serão empregados para expandir o negócio, explica Romeiro.

É crucial preparar uma documentação completa e transparente, incluindo projeções financeiras realistas e uma análise minuciosa do mercado e da concorrência. Depois disso, a empresa pode iniciar abordagens a possíveis investidores, sejam fundos de private equity, family offices ou outros investidores institucionais, sendo fundamental demonstrar um histórico sólido de desempenho e um plano de crescimento viável para despertar o interesse desses investidores. Igor Chrispim Romeiro, CEO da Efund Investimentos.

Iniciantes devem ter plano estruturado e consistente

Precisa ter um norte. Como o venture capital tem foco em empresas iniciantes, para buscar recursos desses fundos, o empresário precisa apresentar um plano de negócios muito bem estruturado para sua atuação por, pelo menos, cinco anos, orienta Corano.

As pessoas, às vezes, acham que criar um plano de negócios envolve apresentar apenas planilhas. Elas são, na verdade, as premissas e a modelagem financeira da empresa. Porém, um planejamento deve trazer todo o arcabouço estratégico, o seu diferencial. Essa descrição é o 'mapa da mina' e vai mostrar o porquê de o negócio poder crescer, quais os diferenciais, quais os concorrentes, qual o mercado, como vai se posicionar, diz o economista Bruno Corano.

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O projeto pode ou não ser apenas uma ideia, segundo ele, mas o uso do dinheiro precisa ser apresentado de forma clara e objetiva. "Eu tenho um negócio em estágio embrionário, acho que ele vale R$ 2 milhões, quero vender 20%, então eu quero R$ 400 mil, e vou usar o dinheiro para tais coisas. Isso tem que estar muito claro no plano de negócio", sugere Corano.

Uber, Airbnb, Facebook e Linkedin: pitch deck atraiu investimento

Um pitch deck, nada mais é do que uma apresentação rápida e visual do documento. O objetivo é demonstrar um panorama do seu negócio, seu potencial de crescimento, com se dará a geração de lucro e uma proposta de oferta de participação com base numa validação da empresa. Essa foi a estratégia usada pelo Uber, Airbnb, Facebook e Linkedin para buscar investimento para crescer, segundo João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto.

Um Pitch Deck bem feito deve conter, no mínimo, as seguintes informações, de acordo com ele:

1) Introdução: o que é a empresa;

2) Problema: qual é a dor que a empresa resolverá;

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3) Qual é a solução oferecida;

4) Tamanho do mercado e oportunidade;

5) Descrição do produto;

6) História da empresa mostrando quem faz parte da equipe e quem são os fundadores.

7) Como a empresa ganhará tração;

8) Concorrência;

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9) Finanças: receitas e despesas projetadas; e

10) Investimento e o uso dos recursos.

Fundos não exigem valor mínimo de captação

Não há valor mínimo para conseguir recursos em um venture capital ou private equity. Há empresas que captam apenas R$ 100 mil para que os sócios fundadores possam iniciar o negócio, que é o chamado investimento anjo (Angel Capital), assim como existem empresas que captam bilhões de reais para expandirem as suas operações, afirma Peixoto Neto.

XMobots cresceu com captação de dinheiro de private equity. A empresa é um bom exemplo que começou suas operações e cresceu captando recurso no modelo de private equity, lembra Peixoto Neto, é a XMobots, fabricante de drones, que já é a 13ª maior empresa de drones do mundo, segundo ele.

A XMobots recebeu recursos do Aerotec FIP, um fundo de investimento de venture capital que estava sob a gestão da Ouro Preto Investimentos, o que lhe deu um grande impulso. Recentemente, a XMobots obteve investimento da Embraer, que é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, e de novos fundos de private equity. João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto

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Confira, a seguir, o passo a passo, preparado por Peixoto Neto, para buscar um fundo private equity ou venture capital:

Passo 1: definir o valor que se pretende captar e o uso dos recursos. Por exemplo: R$ 2 milhões.

Passo 2: fazer uma avaliação da empresa (valuation). Por exemplo, a empresa foi avaliada em R$ 10 milhões.

Passo 3: definir o valor de participação que os fundadores da empresa pretendem oferecer aos investidores de venture capital ou private equity. Por exemplo: considerando os exemplos anteriores, os fundadores oferecerão 20% de participação na empresa por R$ 2 milhões.

Passo 4: fazer um pitch deck, que é um documento com as informações essenciais sobre a empresa, sobre o seu mercado de atuação, produtos, potencial de crescimento e sobre o investimento, que será apresentado aos potenciais investidores.

Passo 5: pesquisar para descobrir quem seriam os potenciais investidores, considerando o porte de sua empresa, o seu estágio e o segmento econômico.

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