Loja pé na areia, franquia desmontável: para onde os fast-foods estão indo?
As redes de fast-food têm buscado conquistar mais clientes e expandir seus negócios. Para isso, têm inovado em novos modelos de loja, cardápios e até na decoração das unidades. Tem rede com loja "pé na areia" e unidades com arquibancada; outra estuda ter franquia com estrutura "desmontável" para shows e jogos de futebol, e uma terceira foca em lojas de rua para popularizar a marca no Brasil.
Fazer parcerias com outras marcas também é um movimento forte no mercado. "Muitas redes de franquias fazem parcerias com outras marcas. Este é um co-branding que está forte no mercado e fortalece as empresas envolvidas", afirma Adriana Auriemo, vice-presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising). Ela e Natalia Sirobaba, consultora de negócios do Sebrae-SP, falam sobre tendências do segmento, no final deste texto.
Bob's tem lojas com arquibancada
O Bob's foi fundado em 1952, no Rio. Em 1984, a rede começou sua expansão por meio de franquias. Hoje, são mais de mil pontos de venda, entre lojas de rua, lojas "food court" (voltadas para shopping, aeroportos, etc.), drive-thrus, store in store (loja dentro de outra loja) e quiosques, em 250 municípios.
A rede está entre as 50 maiores redes de franquias do país, de acordo com o ranking da ABF, divulgado em fevereiro. Está na 19ª posição.
O diferencial da marca está em modelos de negócio versáteis, adaptando-os para a abertura de pontos em locais diferenciados, como postos de combustíveis, aeroportos, redes atacarejos e outros.
Fabiano Lima, diretor de expansão do Bob's
Tem loja em um boliche, inaugurada em 2023 em Vassouras (RJ). Também tem outra dentro do parque aquático Pratagy Acqua Park, em Maceió (AL), e até uma loja "pé na areia" em Morro de São Paulo (BA).
A marca busca levar experiência ao cliente, como lojas com ambientes "instagramáveis" e cores vibrantes e até arquibancada. O Bob's Conecta também traz novidades tecnológicas, como os "lockers contactless", onde o cliente faz a retirada dos pedidos sem contato com os funcionários da loja.
Estamos sempre atentos à inovação e aos diferentes formatos de consumo, como a experiência em loja e por delivery. O Bob's tem investido em transformação digital com foco na experiência do cliente em todas as suas possibilidades de interação com a marca
Fabiano Lima, diretor de expansão do Bob's
A meta deste ano é inaugurar 120 pontos de venda, entre lojas de rua e drive-thru. O foco são grandes centros urbanos, cidades do interior (acima de 80 mil habitantes) e cidades litorâneas. Neste ano, serão inauguradas lojas em Ubatuba (SP) e em Jericoacoara (CE). Segundo Lima, a empresa está com um projeto agressivo a médio prazo para a marca no estado de São Paulo e na capital paulista.
O investimento inicial para ter uma franquia vai de R$ 850 mil (store in store) a R$ 1,6 milhão (drive-thru). Os valores podem variar, dependendo das condições do ponto.
Pizza Hut estuda franquia 'desmontável'
A marca americana Pizza Hut chegou ao Brasil em 1989. Desde 2019, a rede está sob a operação do Grupo IMC (International Meal Company).
Hoje, a marca tem 255 lojas no país. A empresa não revelou o número de unidades que pretende abrir neste ano.
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Quero receberA aposta da marca é no modelo Pizza Hut Kiosk, lançado em junho de 2023. É um restaurante compacto em formato de quiosque, para consumo rápido e venda para viagem A unidade pode estar atrelada a uma loja ou ser totalmente independente. As informações sobre o modelo são fornecidas somente sob consulta.
A marca estuda franquia "desmontável" para shows. "A marca vem estudando novos formatos de loja com metragem reduzida, também em locais de grande fluxo, como rodoviárias, ou mesmo estruturas flexíveis que possam ser desmontadas facilmente, como em jogos de futebol ou shows", afirma Alex Pinto, diretor de marketing do Grupo IMC. A empresa não informou quando o modelo será lançado.
Os planos de expansão passam pelo crescimento nas principais cidades do interior dos estados, capitais e regiões metropolitanas. Além de Rio e São Paulo, há ainda bastante espaço para expansão também em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).
Giraffas vai lançar modelo quiosque
O Giraffas foi fundado em 1981, em Brasília (DF). Hoje, tem 400 unidades em operação, com meta de chegar a 420 até o final do ano. A rede figura na 50ª posição do ranking da ABF.
A empresa está formatando o modelo quiosque para vender sorvetes e milk shakes. O formato será vendido apenas para quem já é franqueado. Não há previsão de lançamento.
Em fase de constante expansão em todo o país, inclusive nas grandes capitais. Mas, nos últimos anos, o foco de crescimento foi muito maior na região Centro-Oeste e em cidades voltadas para o agronegócio.
"A estratégia de interiorização fortaleceu a presença da marca e estabeleceu uma conexão mais próxima com regiões ligadas ao agronegócio", afirma Eduardo Guerra, diretor de expansão e novos negócios.
Em 2022, o Giraffas lançou o Saffari, uma submarca digital para a venda de marmitas. O objetivo é diversificar suas ofertas e atender a uma demanda crescente por refeições caseiras de qualidade entregues em casa. "Quando lançamos o Saffari, modelo 100% digital, visávamos uma operação eficiente, com sinergia de custos e ampliando a presença da marca no mercado de delivery, e foi exatamente isso que alcançamos", diz Guerra.
KFC foca em loja de rua para popularizar a marca
A marca americana KFC chegou ao Brasil na década de 1970. Desde 2019, a rede está sob a operação do Grupo IMC. Tem hoje mais de 160 unidades no país. A empresa não informou o número de unidades que pretende abrir neste ano.
Para popularizar a marca no Brasil, a loja de rua é o modelo mais estratégico para a companhia neste momento. São cinco restaurantes neste formato: em São Paulo, em Campinas (SP) e no Rio. O investimento é a partir de R$ 2,8 milhões.
"O KFC é uma marca com lojas em praticamente todas as capitais brasileiras, porém mais consolidada nas regiões Sul e Sudeste do país. O foco neste momento se dá na interiorização, ou seja, na maior penetração em cidades do interior, além da expansão para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde a rede ainda não possui presença massiva e há grande potencial de crescimento", afirma Alex Pinto, diretor de marketing do Grupo IMC. Também há espaço para expansão no Rio e em São Paulo.
Patroni lança lojas de rua com dark kitchens
No mercado há 40 anos, a Patroni foi criada em São Paulo, em 1984. A rede tem hoje 225 unidades, sendo 90 lojas e 135 delivery.
A aposta da marca para 2024 é o modelo loja de rua com espaço para dark kitchens. Assim, o franqueado pode atuar com até três marcas em uma só operação: Patroni Delivery (pizzas), Carcamanos (lanches) e O Don (comida brasileira). Até o final do ano, a meta é abrir dez unidades, com foco inicialmente em São Paulo e Rio. O investimento inicial vai de R$ 450 mil a R$ 550 mil (depende da área do imóvel).
Serão restaurantes com conceito aconchegante, em locais de rua privilegiados que atendem a frequência corporativa e casual, com consumo no local e delivery
Rafael Augusto, consultor de marketing da Patroni.
Habib's aposta em lojas compactas
O Habib's nasceu em 1988, em São Paulo. A rede tem hoje 300 unidades —80% são lojas de rua.
Até o final deste ano, o principal foco da expansão é dobrar o número de unidades em shoppings centers. Hoje, esse número representa 20% da rede. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro são os principais focos para 2024.
São quatro modelos de negócio: loja 100% fast (loja compacta para praças de alimentação de shoppings, galerias e hipermercados; com cardápio enxuto); loja 100% fast com salão (é o mesmo modelo que o anterior, acrescido de um salão com até 30 lugares); loja convencional fast (para praças de alimentação de shoppings e galerias, com cardápio completo e salão com até 90 lugares) e loja convencional (com salão próprio, drive-thru, área para delivery e estacionamento, voltada para ruas e estacionamentos; com cardápio completo). O investimento inicial vai de R$ 950 mil até R$ 3,5 milhões.
A loja 100% fast com salão é a principal aposta do Grupo Habib's. O investimento inicial é a partir de R$ 1,2 milhão.
A experiência do cliente está em alta
Adriana Auriemo, da ABF, e Natalia Sirobaba, do Sebrae-SP, falam sobre tendências do segmento de fast food e os cuidados que as franquias devem ter.
As redes de food service estão expandindo para locais diferentes. Adriana cita, por exemplo, unidades sendo abertas em hospitais, universidades, terminais rodoviários, estações de metrô e até pontos turísticos.
Alguns modelos de negócio estão em alta, como store in store e quiosque. Abrir uma franquia de fast-food dentro de outro estabelecimento ajuda a reduzir os custos de uma operação de 20% a 30%, segundo Natália. "É indicado principalmente para municípios de porte médio. Todo o fluxo de clientes daquela loja traz também fluxo para o seu negócio. É uma forma de unir esforços para aumentar o faturamento e diminuir custos", afirma. No entanto, diz ela, é importante analisar antes se o público que circula naquele estabelecimento é o mesmo perfil de clientela que a marca quer atingir. "Já com o quiosque, a rede consegue levar a sua marca para mais lugares estratégicos com um custo menor e ainda atingindo um público maior", afirma.
Pontos temporários em grandes eventos, como festivais de música, são outra tendência. "Para estas ocasiões, as marcas precisam ter estruturas mais fáceis de montar e desmontar e de maneira menos custosa", diz Adriana.
A experiência do cliente está em alta. Adriana diz que as redes de fast-food têm investido em experiências dentro das suas lojas, seja em ambientes "instagramáveis", seja na apresentação dos produtos. "A gente vê um esforço grande das redes em ter sempre do cardápio algo que vai chamar a atenção ou um lugar 'instagramável'. Afinal, todas querem que o cliente seja surpreendido, que ele tire foto do produto ou do ambiente para postar nas redes sociais", afirma Adriana. Para Natalia, é a experiência do cliente dentro da loja que o potencializa a falar bem da marca nas redes sociais.
É uma tendência no mercado de alimentação oferecer opções mais saudáveis, e as redes de fast-food estão buscando integrar em seu mix de produtos. "Hoje em dia o cliente busca produtos frescos, com alto teor de proteína, baixa caloria, menos açúcar, sem lactose, sem glúten. Esse tipo de consumo é uma tendência que vem crescendo, e as redes não querem ficar de fora", declara Natalia.
Fazer treinamento da equipe com regularidade para manter a agilidade. "Quem vai a um fast-food quer o custo-benefício de qualidade, rapidez e preço justo. Ninguém quer esperar muito para fazer a sua refeição. Por isso, treinar os funcionários é fundamental, se a empresa quer garantir a agilidade do atendimento e a padronização dos produtos", afirma Natalia.
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