Coronavírus afeta mercados; veja onde investir para fugir da instabilidade
Resumo da notícia
- Receio de que surto afete economia global gera instabilidade nos mercados e favorece ouro e dólar
- Investimentos tradicionais que acompanham juros também são opção
- Na Bolsa, ações de exportadoras e de produtoras de matérias-primas sofrem mais
- Fundos imobiliários também são citados como opção
O coronavírus contaminou os mercados. Pelo menos no curto prazo, o medo de que o surto afete o desempenho da economia mundial em 2020 levou investidores a buscar aplicações mais conservadoras, mesmo que isso signifique obter um rendimento menor. Esse movimento já influenciou os investimentos no Brasil em janeiro.
Gestores de recursos apontam algumas opções que podem funcionar como porto seguro até o horizonte ficar mais claro, e comentam como esse cenário pode afetar as principais aplicações. Veja abaixo.
Ouro
Tradicional reserva de valor, o metal é procurado em momentos de incertezas porque tem valor reconhecido em qualquer lugar do mundo, independentemente de políticas econômicas de governos locais. Em janeiro, por exemplo, o metal negociado na Bolsa brasileira subiu 7,5%.
"Sempre que vemos movimentos como esse, a fuga para segurança fica evidente ao observamos a valorização de ouro e dólar, historicamente", afirmou o analista de investimentos do banco Daycoval, Enrico Cozzolino.
Embora seja um ativo com liquidez —ou seja, é fácil encontrar comprador no momento de transformar o bem em dinheiro—, profissionais de mercado lembram que a cotação de mercado do ouro oscila bastante. Por exemplo: o metal negociado na B3 valia R$ 224,90 em 27 de agosto, então caiu até R$ 197,12, em 18 de dezembro, para depois começar a subir de novo e atingir R$ 217, em dia 31 de janeiro.
Dólar
A moeda da maior economia do mundo também é procurada por investidores em momentos de incerteza, seja como investimento em si, diretamente, ou como canal para aplicar em produtos americanos, como títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Para o analista da Rico Investimentos Matheus Soares, a instabilidade do mercado será passageira, levando em conta outros casos semelhantes. Para quem não quer sofrer com nenhuma instabilidade no curto prazo, uma alternativa sugerida por ele são investimentos ligados ao dólar, como ETFs, que acompanham o desempenho dos índices das Bolsas americanas.
A diferença em relação ao ouro, lembram profissionais de mercado, é que o dólar pode sofrer a influência da política econômica do governo americano ou mesmo do governo brasileiro —quando, por exemplo, o Banco Central entra no mercado comprando ou vendendo dólares. Por isso, é uma aplicação que também apresenta instabilidade. Em janeiro, por exemplo, o dólar comercial acumulou alta de 6,81%.
Renda fixa
Investimentos corrigidos por juros ou por índices de inflação são os mais usados no Brasil, principalmente por meio da poupança e dos fundos DI, que acompanham o CDI. "Se o ambiente global piorar, as classes de ativos que irão se beneficiar são as de renda fixa", disse o economista-chefe da corretora Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira".
Nessa categoria, ele destaca como opção os títulos soberanos, aqueles emitidos por governos nos mercados internacionais, que podem ser adquiridos por meio de fundos de investimento.
O chefe de alocação da XP Investimentos, Felipe Dexheimer, vê opções entre os títulos do governo brasileiro em reais, que podem ser adquiridos via Tesouro Direto. "A renda fixa prefixada é uma opção com o Brasil com contas mais equilibradas. Nossa sugestão são papéis de até quatro anos", afirmou.
O sócio da fintech Grão e fundador da plataforma de finanças pessoais Dinheirama, Conrado Navarro, também destaca os títulos do governo do Tesouro Direto, com preferência para os papéis que acompanham a Selic, a taxa básica de juros.
Bolsa de Valores
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou janeiro como o pior investimento numa lista que tinha ouro, dólar, CDI e poupança. Analistas dizem que investidores estrangeiros sacaram recursos de mercados emergentes, como o Brasil, para aplicar em títulos do governo americano e em ouro.
Profissionais de mercado destacam que nem todas as ações sofrem o mesmo impacto com o medo do coronavírus. Isso porque cada setor tem uma relação diferente com o epicentro da crise, a China.
Exportadoras sofrem
As ações de companhias que dependem mais das exportações, principalmente para a China, serão mais afetadas, dizem os analistas, se a crise do coronavírus persistir.
"Temos hoje uma situação de economia do exterior em desaceleração, enquanto a economia brasileira está em recuperação. Então, entendo que as ações relacionadas a commodities [matérias-primas] devem continuar pressionadas no curto prazo, casos de Vale, Petrobras, das siderúrgicas e das fabricantes de papel e celulose", disse o analista da Mirae Asset Wealth Management, Pedro Galdi.
Retomada no Brasil ajuda
Por outro lado, aponta Galdi, o Brasil vive um momento de retomada da economia, com juros e inflação baixos. Por isso, ele avalia como positivo o cenário para ações de empresas de consumo, como companhias de varejo, de alimentos, de educação e incorporadoras.
O analista de investimento do Daycoval, Enrico Cozzolino, vai na mesma linha e destaca as ações de empresas que têm uma geração de caixa previsível e constante, como as concessionárias públicas de saneamento e empresas do setor elétrico.
Setor imobiliário
A retomada da economia brasileira também deve manter o setor da construção aquecido, dizem profissionais de mercado. Se a economia da China desacelerar mais fortemente por causa do coronavírus, os preços de matérias-primas, como cimento e aço, podem até cair, reduzindo os custos das construtoras no Brasil —o que pode se converter em melhores margens para as companhias.
A opção pelos fundos imobiliários é um caminho mais fácil e rápido para quem quer testar essa aplicação porque permite investir com pouco dinheiro, a partir de R$ 100, e tem liquidez —o investidor pode sacar o dinheiro quando precisar, sem a burocracia de vender um imóvel inteiro.
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