Juro baixo fará brasileiro investir mais na Bolsa, diz gigante BlackRock
Resumo da notícia
- Presidente no Brasil da BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, fala dos planos da firma para o país
- Com juros baixos, pequeno aplicador vai procurar cada vez mais a renda variável para investir, diz Carlos Takahashi
- BlackRock vai expandir a oferta de produtos e a produção de informação para investidores brasileiros
O aumento do número de pessoas físicas investindo na Bolsa brasileira não passou despercebido para uma gigante dos mercados. Maior gestora de recursos do mundo, com um patrimônio que supera os US$ 7,5 trilhões (mais de R$ 42 trilhões), a americana BlackRock acredita que a procura por produtos de renda variável entre os brasileiros vai continuar crescendo, e que esse ciclo representa oportunidade para a companhia ampliar a presença aqui no país.
É o que diz o presidente da BlackRock no Brasil, Carlos Takahashi. Formado em administração de empresas pela USP, ele construiu carreira no Banco do Brasil, onde dirigiu diferentes áreas nos segmentos de varejo, corporate banking e alta renda. Entre 2009 e 2015, Takahashi foi o presidente da BB DTVM, a gestora de recursos do BB. Depois de passar pelos conselhos de administração de outras empresas da área financeira, assumiu em 2019 a presidência da BlackRock no Brasil.
É a partir dessa longa experiência que ele busca elementos para prever que o atual movimento de maior procura por produtos como ações, fundos imobiliários, ETFs e BDRs vai continuar aqui no Brasil.
"Não estamos apenas vendo um fator isolado, que poderia gerar desequilíbrio. Vemos queda de juros ocorrendo junto com um desenvolvimento de todo o sistema de distribuição", disse Takahashi em entrevista ao UOL. Segundo ele, a BlackRock quer aumentar a presença no Brasil - com mais produtos, mais serviços e mais informação e conteúdo.
Nossa missão é ajudar a construção do bem-estar da pessoa no futuro. Nosso público final é o investidor pessoa física através de nossas soluções. E educação financeira é muito importante para isso.
CarlosTakahashi, presidente da BlackRock no Brasil
Veja abaixo os principais trechos dessa conversa.
UOL: Como a BlackRock tem visto o aumento do número de investidores pessoas físicas na Bolsa? É uma mudança estrutural, ou algo passageiro?
Carlos Takahashi: Olhando com minha experiência não só como BlackRock, mas também da gestora do BB, vejo que não é algo passageiro. Não estamos apenas vendo um fator isolado, que poderia gerar desequilíbrio. Vemos queda de juros ocorrendo junto com um desenvolvimento de todo o sistema de distribuição, indo além dos grandes bancos, incluindo também a educação financeira e vários outros elementos do ecossistema financeiro no Brasil, que estão se desenvolvendo.
Esse momento de transformação de mercado como um todo, da gestão e da distribuição, trazem elementos que nos fazem acreditar que a mudança é estrutural. Claro que a cereja do bolo é termos juros baixos. É importante o fato de termos a perspectiva de que os juros não serão mais de dois dígitos em meio a uma inflação galopante.
O que isso significa para a BlackRock em termos de estratégia comercial no Brasil? Oportunidade para ampliar a presença aqui?
Com certeza. Já vemos isso em outros mercados, como no México, por onde passamos, temos também uma oportunidade muito interessante aqui e agora. A gente tem inclusive interesse nos pequenos investidores.
Nossa missão é ajudar a construção do bem-estar da pessoa no futuro. Nosso público final é o investidor pessoa física através de nossas soluções. E a educação financeira é muito importante para isso. Vamos fomentar a informação financeira para levar mais conhecimento sobre o que é a BlackRock globalmente e como podemos atuar.
Maior gestora de recursos do mundo, a BlackRock é conhecida por ser líder em produtos muito populares lá fora, como os ETFs. A CVM fez mudanças recentes que permitem ampliar o leque de produtos ligados a ativos estrangeiros oferecidos aos brasileiros. São mudanças positivas?
Estamos muito otimistas. Essas mudanças podem dar ao investidor uma experiência mais eficiente. Por exemplo, ampliando a liquidez desses produtos. Isso pode levar a uma redução do risco da liquidez, aquele que acontece quando o investimento tem dificuldade de sair do ativo na hora em que o investidor deseja ou precisa.
A BlackRock considera então que há espaço para ampliar a oferta de produtos para o investidor brasileiro de varejo?
Com certeza. Temos uma carteira no exterior muito robusta com muitas alternativas, somos líderes, com mais de R$ 7 trilhões sob gestão.
Para nós, é uma abertura muito importante em um momento muito importante. Com esse movimento, o investidor poderá ter uma maior diversificação de sua carteira por setores e por regiões. No caso do ETF, por exemplo, é um produto que ajuda o aplicador a estruturar uma cesta de ativos de renda variável diversificada.
Falando nisso, a BlackRock pode ampliar no mercado local a oferta de ETFs?
Temos uma oportunidade enorme, e estamos bastante atentos. Estamos estudando tudo isso. Vendo o que pode efetivamente complementar uma estratégia de portfólio do investidor brasileiro. Pode não fazer sentido ampliar a oferta de produtos ligados a commodities, por exemplo, porque o Brasil tem uma oferta grande desse tipo de ativo. Mas há outros setores, como o de tecnologia, que podem ter uma oferta maior para os brasileiros na renda variável.
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