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Vale a pena investir no Tesouro Direto em 2024? Saiba como decidir

O investimento mais seguro do Brasil, o Tesouro Direto, está com taxas de rentabilidade cada vez menores. Isso acontece porque a taxa básica de juros, a Selic, caiu dois pontos percentuais nos últimos seis meses, e provavelmente continuará em queda ao longo de 2024.

Nesse cenário, vale a pena investir em títulos do Tesouro Direto em 2024? E se você já tem dinheiro nesses papéis, deve manter, resgatar ou investir mais?

Por que você investe no Tesouro?

Antes de tomar qualquer decisão sobre investir ou não no Tesouro, você precisa decidir qual é o seu objetivo com aquele dinheiro. Por exemplo, você pode ter o objetivo de montar uma reserva de emergência, para se resguardar de qualquer fato inesperado que possa acontecer na sua vida, como perda do emprego, atraso no salário etc.

Também é possível que você já tenha uma reserva de emergência e queira deixar um dinheiro guardado para eventualmente quando precisar. Por exemplo, quando quiser fazer uma viagem ou trocar de carro.

Outro objetivo possível é investir a médio ou longo prazo, para ter um futuro mais confortável quando se aposentar, ou para comprar um imóvel, por exemplo.

Para cada um desses casos, há uma resposta diferente para a pergunta: "Vale a pena investir no Tesouro Direto em 2024?"

Para reserva de emergência

Se o objetivo for guardar dinheiro para situações de emergência, respondo tranquilamente e sem titubear: sim, vale a pena investir em um título específico do Tesouro chamado Tesouro Selic.

Eu, atualmente, deixo minha reserva de emergência inteira no Tesouro Selic. Por quê? Porque é o investimento mais seguro do país e permite o resgate a qualquer momento praticamente sem risco de prejuízo.

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Nos outros títulos do Tesouro Direto, se você resgata antes da data de vencimento pode ter prejuízo. No Tesouro Selic, a chance de perda é praticamente nula. Nos raros momentos em que isso ocorreu, a perda foi muito pequena (cerca de 1%) e logo depois recuperada (em menos de dois meses), de modo que a maioria dos investidores certamente nem percebeu.

Bom, se mesmo assim você está preocupado com a possibilidade de perdas no Tesouro Selic, saiba que não existe nenhum outro investimento mais seguro no Brasil. Ou é esse risco que você aceita ou é um risco maior. Até a poupança e a conta corrente têm um risco maior do que o Tesouro Selic.

Sendo assim, em qualquer cenário econômico possível, o Tesouro Selic é a melhor opção para reserva de emergência. Não importa se a taxa Selic estiver em 11,75% ao ano, como hoje, ou em 1% ou em 50%, em casos extremos. Para reserva de emergência o mais importante é segurança, e nenhuma outra aplicação é tão segura quanto o Tesouro Selic.

Para investimentos sem data prevista de resgate

Se você está investindo e não sabe bem quando vai precisar resgatar o dinheiro, o Tesouro Selic continua sendo uma boa opção em 2024, pois a previsão é de que a rentabilidade não caia muito.

Analistas consultados pelo Banco Central acreditam que a taxa Selic caia dos atuais 11,75% para 9,25% ao ano até o final de 2024 e, depois, estacione em 8,5% ao ano a partir de 2025.

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Como o Tesouro Selic segue a taxa Selic, essa tende a ser a sua rentabilidade, aproximadamente, nos próximos anos, se mantiver o dinheiro nesse título.

É claro que nenhuma previsão acerta na mosca, e muitas vezes erra longo.

Mas o que você precisa saber é que, se não sabe ao certo quando vai precisar do dinheiro, você não tem muitas alternativas. Nessas condições, se quiser investir com segurança, terá que escolher, basicamente, entre o Tesouro Selic, um CDB, uma LCA ou uma LCI.

Para ter o direito de resgatar quando precisar (sem uma data pré-definida) é necessário que o CDB, LCA ou LCI seja pós-fixado e com liquidez diária.

Nesse caso, onde é melhor aplicar: no Tesouro Selic ou em um desses três outros títulos? Bom, o CDB, a LCA e a LCI costumam render mais que o Tesouro Selic. Por conta disso, para esse tipo de objetivo (reserva que não é de emergência e sem data de resgate definida), eu prefiro o CDB, a LCA e a LCI.

Apenas atente-se para não deixar mais do que R$ 250 mil aplicados nesse tipo de papel. Pois, se o banco quebrar, o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) reembolsa o seu valor, mas apenas até o limite de R$ 250 por instituição financeira.

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Para médio prazo

Para médio prazo, o Tesouro Direto, no patamar previsto para os próximos anos, continua sendo uma opção a se considerar.

Outras opções seguras de médio prazo (até cinco anos) para pessoa física são os CDBs, LCAs e LCIs. Estas duas costumam ter prazos um pouco menores, mas mesmo assim podem valer a pena, pois você pode deixar o dinheiro até o vencimento e depois reinvestir o valor nesses mesmos tipos de aplicação.

Se você tem ideia de que pode deixar o dinheiro aplicado por um determinado período (por exemplo, dois anos), o ideal é buscar títulos com data de vencimento dentro do prazo que você pode aguardar. Isso vale tanto para Tesouro Direto quanto para CDB, LCA e LCI.

Porém, mais uma vez, devo lembrar que o CDB, a LCA e a LCI tendem a render mais e são muito seguros se seus investimentos não ultrapassarem R$ 250 mil.

Para longo prazo

Se você tem certeza de que pode deixar o valor aplicado por mais de cinco anos, já começa a fazer sentido pensar em investimentos de risco maior, como fundos imobiliários.

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Caso o horizonte seja acima de dez anos, as ações também passam a fazer sentido, desde que você saiba que elas são um investimento de alto risco.

Vamos ver alguns exemplos. Se você investir R$ 1.000 por mês em Tesouro Direto durante 30 anos, a tendência é que, ao final do período, você acumule cerca de R$ 750 mil, já descontando a inflação. Ou seja, você alcançará um valor muito maior, mas que, por causa da inflação, terá um poder de compra equivalente a R$ 750 mil hoje.

Já se você investir R$ 1.000 por mês em fundos imobiliários pelo mesmo período, a tendência é atingir a quantia total de R$ 1,56 milhão - portanto, mais que o dobro.

Essa enorme diferença existe porque a rentabilidade real do Tesouro Direto está hoje em 4,5% ao ano, aproximadamente (descontando o Imposto de Renda e a inflação). Enquanto isso, existem fundos imobiliários com rentabilidade real de aproximadamente 8,5% ao ano hoje.

Por outro lado, os fundos imobiliários são bem mais arriscados que investimentos de renda fixa como o Tesouro Direto, CDB, LCA e LCI.

Então, colocando tudo na balança, o Tesouro é uma opção para investimentos de longo prazo para quem busca segurança, enquanto fundos imobiliários e ações são mais indicados para quem busca rentabilidade alta e aceita correr riscos.

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Na prática, cada um vai ter que entender o nível de risco que está disposto a correr. Você pode concentrar os investimentos em baixo risco ou montar uma carteira que contenha Tesouro, mas também investimento de risco médio de alto (se quiser ter chance de uma rentabilidade maior).

Resumindo

Cada investidor terá que tomar a sua decisão com base nas situações descritas acima, mas, se você quiser saber como eu, particularmente, faço, é o seguinte: hoje eu só invisto no Tesouro para reserva de emergência. Para investimentos sem data certa de resgate, deixo em CDB, LCA e LCI. Para objetivos de médio prazo, idem. Para longo prazo aplico apenas em fundos imobiliários e ações, pois o Tesouro não me permitiria alcançar a rentabilidade de que necessito para ter a aposentadoria que desejo.

Alguma dúvida?

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Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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