Quanto investir por mês para se aposentar com o teto do INSS?
Você sabe quanto precisa investir todos os meses para se aposentar com uma renda equivalente ao teto do INSS, que hoje é de R$ 7,5 mil?
Claro que isso depende de onde você vai investir. Na coluna de hoje eu trago simulações para quem pretende investir por 30 anos em aplicações como o Tesouro Direto, CDB, LCA, LCI e fundos imobiliários.
Tesouro Direto: R$ 2.480 por mês
Para quem não quer correr riscos, é necessário investir cerca de R$ 2.480 por mês ao longo dos próximos 30 anos para, ao final do período, ter um patrimônio grande o suficiente para gerar uma renda vitalícia equivalente a R$ 7.500 mensais.
Veja que eu disse "renda equivalente", pois, daqui a 30 anos, R$ 7.500 valerão muito menos do que hoje. O que o cálculo considera é que você terá uma renda muito maior do que essa, mas que, por causa da inflação, terá um poder de compra equivalente ao de R$ 7.500 hoje.
A simulação parte do princípio que você consiga uma rentabilidade real média de 4,7% ao ano nos próximos 30 anos, já descontando o Imposto de Renda e a inflação.
Essa é a rentabilidade real hoje do Tesouro Direto, que é o investimento mais seguro do país. No cálculo, considerei a taxa básica de juros (a Selic) e a inflação projetadas para 2024 por analistas consultados pelo Banco Central.
CDB, LCA e LCI: R$ 1.830 por mês
Colocando o dinheiro em títulos como CDB, LCA e LCI, é possível ter uma rentabilidade um pouco mais alta do que no Tesouro Direto e ainda assim correr risco baixo. Se considerarmos uma rentabilidade de 5,5% ao ano pelos próximos 30 anos, aqui também descontando inflação e IR, é necessário aplicar R$ 1.830 todos os meses para, ao final do período, chegar a um patrimônio que renda o equivalente a R$ 7.500 por mês.
Essa rentabilidade real é aproximadamente a que se pode obter hoje com CDBs, LCAs e LCIs de bancos pequenos e médios. Esse tipo de título está disponível em diversas corretoras de valores.
No entanto, deve-se atentar para o seguinte: os investimentos nesses títulos só são seguros se ficarem abaixo do limite de R$ 250 mil por banco emissor. Dessa forma, você fica protegido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Caso a instituição financeira emissora do CDB, LCA ou LCI quebre, o FGC reembolsa o que você deveria receber até o limite de R$ 250 mil.
Você pode dividir os seus investimentos em títulos de bancos diferentes para estar sempre coberto. Por exemplo, se você tem R$ 1 milhão, o ideal seria manter esse dinheiro em títulos de quatro bancos diferentes, cada um com R$ 250 mil.
Mas saiba também que a proteção do FGC é de até R$ 1 milhão por investidor. Para para ter uma renda equivalente a R$ 7.500 por mês, você precisaria acumular um patrimônio de R$ 1,6 milhão. Logo, se você colocar todo o seu dinheiro nesse tipo de título, pelo menos R$ 600 mil estariam fora da cobertura do FGC. Assim, se você quer investir em títulos como CDB, LCA e LCI e não quer correr riscos, o ideal é colocar em Tesouro Direto pelo menos 40% dos seus investimentos.
Com uma carteira balanceada entre Tesouro Direto (60%) e os títulos privados citados (40%), o seu investimento mensal necessário ficaria em torno de R$ 2.190 para, após 30 anos, se aposentar com o equivalente a R$ 7.500 por mês.
Em todos esses cálculos já está descontado o IR, quando há.
Fundos imobiliários: R$ 680 por mês
Veja a diferença quando se aplica em fundos de investimento imobiliário (FIIs): o valor dos aportes precisa ser de apenas R$ 680 por mês, aproximadamente, para, ao final de 30 anos, você obter uma renda vitalícia equivalente a R$ 7.500 mensais. A diferença é enorme porque os fundos imobiliários têm um risco bem maior do que o Tesouro Direto e também do que CDB, LCA e LCI.
Nesse cálculo, foi considerado o retorno atual em dividendos de fundos imobiliários dos setores de logística, shopping centers e lajes corporativas (prédios de escritório de alto padrão). A mediana do retorno em dividendos desses três setores está atualmente em 8,5% ao ano, livres de impostos.
Ao investir em fundos desse, você está comprando cotas de imóveis e recebendo parte do aluguel que os locatários estão pagando. Por exemplo, se comprar cotas de um fundo de logística, você passa a receber o aluguel que a empresa locatária paga para usar um determinado galpão.
O risco, então, é muito parecido com o risco de comprar um imóvel. O retorno pode cair se o imóvel ficar vago por muito tempo, ou se sofrer calote do locatário. Além disso, não se pode ignorar o risco de desvalorização do imóvel ao longo dos anos.
Atenção à inflação
Todas essas simulações consideram que você atualize o valor dos seus aportes todos os anos. Por exemplo, se você começou aplicando R$ 1.000 por mês, e a inflação acumulada nos 12 meses ficou em 10%, a partir do 12º mês você passa a aportar R$ 1.100 mensais (os R$ 1.000 iniciais mais 10%).
Outro ponto a ser observado é que todos os rendimentos dos investimentos que caírem na sua conta ao longo dos 30 anos de aportes devem ser reinvestidos o quanto antes. Ao aplicar em fundos imobiliários, por exemplo, você recebe um valor todos os meses na conta corrente. Para dar certo o seu plano de aposentadoria, você precisa reinvestir 100% desse valor.
O mesmo vale para o caso de o dinheiro do Tesouro Direto ou de CBD, LCA ou LCI cair na sua conta. Isso pode ocorrer esporadicamente, dependendo do investimento escolhido, e ocorre também na data de vencimento do título.
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