Veja 5 ações que pagam dividendos acima da taxa básica de juros
Enquanto os investimentos de renda fixa rendem cada vez menos, algumas aplicações mais arrojadas, como as ações, têm oferecido oportunidades interessantes para quem está disposto a correr riscos.
Para a coluna de hoje, separei cinco ações de empresas listadas na Bolsa brasileira que estão com um retorno em dividendos acima da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 11,25% ao ano.
Ainda nesta coluna, eu mostro como está o desempenho dessas ações em alguns dos indicadores mais importantes do mercado.
Retorno em dividendos
O retorno em dividendos (ou DY, na sigla em inglês) é o indicador que mostra quanto você ganharia, por ano, se investisse hoje mesmo em uma determinada ação e se ela continuasse remunerando os acionistas no mesmo ritmo dos últimos 12 meses.
Por exemplo, a Grendene (GRND3) está com um retorno em dividendos de 21,57% ao ano. Ou seja, se você investir R$ 100 na companhia, a tendência é receber R$ 21,57 por ano, desde que ela mantenha o ritmo atual de distribuição de dividendos.
Os dividendos são a parte do lucro que uma empresa distribui aos acionistas.
Veja a lista de cinco empresas com DY acima da taxa Selic:
- Grendene (GRND3): 21,57%
- Petrobras (PETR4): 18,28%
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 15,84%
- Copasa (CSMG3): 13,94%
- Itausa (ITSA3): 11,69%
Se tomarmos apenas esse indicador, investir na Grendene seria mais vantajoso do que em qualquer outra empresa dessa lista.
Porém, o retorno em dividendos, quando analisado isoladamente, pode ser bastante enganoso, pois os bons resultados podem não se sustentar no futuro.
Antes de tomar qualquer decisão, é importante analisar pelo menos esses quatro outros indicadores que eu comento abaixo.
Preço da ação
Às vezes, o retorno em dividendos de uma empresa está alto unicamente porque o preço da ação caiu.
Isso ocorre porque o DY nada mais é do que os dividendos distribuídos por ação nos últimos 12 meses divididos pelo preço atual do papel.
Por exemplo, se uma empresa distribuiu R$ 20 por ação nos últimos 12 meses, e o preço da ação está agora em R$ 200, o retorno em dividendos hoje é de 10% (20 dividido por 200).
Mas digamos que, ainda hoje, descobre-se uma fraude contábil nessa empresa imaginária, colocando em dúvida a sua capacidade de continuar sendo lucrativa. Vamos imaginar que, após essa notícia, o preço da ação caia para R$ 100.
Nesse caso, o retorno em dividendos da empresa passa a ser de 20% (20 dividido por 100, que é o preço atual da ação).
Sendo assim, diante de uma ação com retorno em dividendos alto, devemos sempre observar como o preço do papel tem variado. Se caiu muito nos últimos meses, pode ser que o DY esteja alto apenas por causa disso.
Veja quanto variou o preço das cinco ações aqui analisadas, nos últimos 12 meses:
- Petrobras (PETR4): +108,37%
- Copasa (CSMG3): +58,72%
- Itausa (ITSA3): +43,19%
- Grendene (GRND3): +10,67%
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4): -11,70%
Repare que, entre esses papéis, apenas os da Metalúrgica Gerdau tiveram uma queda. Ainda assim, foi uma redução de apenas 11,7%, o que é normal no mercado de ações.
Logo, entre essas cinco ações, não há nenhuma em que o retorno em dividendos seja resultado apenas de uma queda no preço do papel. Podemos passar para o próximo item.
Histórico de pagamento de dividendos
Outro ponto importante é o histórico de pagamento de dividendos. Uma empresa que, historicamente, distribui proventos de forma muito instável pode representar um risco maior de o DY atual não durar a longo prazo.
Entre as cinco empresas citadas nesta coluna, os dividendos dos últimos 12 meses foram um ponto fora da curva no histórico da Grendene, da Copasa e da Itaúsa.
No caso da Grendene, a distribuição de proventos por ação em 2023 foi mais do que quatro vezes maior do que no ano anterior. Na Copasa, foi oito vezes maior. Na Itaúsa, o que ocorreu foi uma distribuição excepcional neste início de 2024, que já superou os dividendos do ano passado inteiro.
Já no caso da Petrobras e da Metalúrgica Gerdau, a distribuição de proventos aumentou de forma repentina em 2021, e desde então essas companhias têm mantido uma remuneração muito acima dos anos anteriores.
Histórico de lucros e prejuízos
Das cinco empresas analisadas, a que mantém um histórico de lucro mais consistente é a Itaúsa. A dona do banco Itaú não teve prejuízo em nenhum trimestre nos últimos 10 anos.
A Grendene e a Copasa tiveram apenas um trimestre de prejuízo na última década. Já a Metalúrgica Gerdau teve nada menos do que oito trimestres com prejuízo nos últimos dez anos, e a Petrobras, dez.
Porção do lucro destinada aos dividendos
Conforme expliquei mais acima, os dividendos são uma parte do lucro que a empresa resolve distribuir aos seus donos (acionistas).
Essa proporção é chamada de payout. Se a empresa lucra R$ 10 por ação e distribui R$ 8 aos acionistas, ela teve um payout de 80%.
Se a empresa distribui 100% dos lucros aos acionistas, ela não está direcionando seus ganhos para investimentos. Uma situação dessa por muito tempo tende a fazer com que a empresa cresça pouco.
Sendo assim, quanto menor a porcentagem do lucro distribuída aos acionistas, maiores as chances de que a empresa cresça a longo prazo.
Nesse quesito, a Grendene, a Copasa e a Gerdau apresentam os melhores payouts atualmente, respectivamente de 43%, 47% e 52%. O payout da Petrobras está em 61%, e o da Itaúsa, em 75%.
Resumindo
Esses dados servem para você ter uma ideia de que nenhuma empresa é imbatível em todos os quesitos e de que se olhar apenas o retorno em dividendos você pode se enganar.
Além dos quesitos comentados acima, existem diversos outros dados a serem analisados antes de se comprar uma ação, como os indicadores de endividamento e geração de caixa, os fatores não quantificáveis, como a cultura da companhia e a experiência dos líderes, e vários outros itens.
Portanto, acaba sendo impossível, para a maioria das pessoas, acompanhar todos esses dados. O ideal é seguir recomendações de analistas de investimentos. Antes de investir em uma determinada companhia, leia os relatórios de especialistas sobre elas, para reduzir as chances de uma decisão equivocada.
No mercado de ações é possível ganhar muito mais do que na renda fixa, mas também é necessário acompanhar bem mais de perto as informações sobre a sua empresa e o mercado.
Alguma dúvida?
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