Cuidado com investimentos de renda fixa que prometem render demais
A principal lição que eu quero passar na coluna de hoje é a seguinte: investimento de renda fixa não é o mesmo que investimento de baixo risco.
Muitas vezes as pessoas confundem uma coisa com a outra e depois se surpreendem quando perdem centenas ou milhares de reais.
Aliás, tenho visto anúncios de corretoras e assessores de investimento enfatizando a expressão "renda fixa" ao anunciar uma aplicação de risco médio ou às vezes até alto.
Na coluna de hoje, você vai aprender a identificar os investimentos que, apesar de serem de renda fixa, têm risco de perdas consideráveis.
O que é um investimento de renda fixa?
Os investimentos de renda fixa são aqueles que resultam de um contrato de empréstimo.
Por exemplo, quando você investe na poupança ou em um CDB, está emprestando dinheiro para um banco, que, por sua vez, emprestará o valor para pessoas e empresas. O seu ganho será uma parte dos juros que tais empresas e pessoas pagarão ao banco.
Já quando você investe no Tesouro Direto, está emprestando dinheiro para o Estado. Este, por sua vez, lhe devolve o valor com juros.
Se você aplica em um fundo de renda fixa, pode estar emprestando também, indiretamente, para pessoas, empresas e o Estado, dependendo do fundo.
Tudo isso é diferente dos investimentos de renda variável, que consistem não em um empréstimo, mas na compra de uma fração de uma empresa ou de outros ativos.
Investimentos de baixo risco
Todo investimento de baixo risco é de renda fixa, mas nem todo investimento de renda fixa é de baixo risco.
Até um passado recente, confundir uma coisa com a outra não tinha muito problema, pois os investimentos de renda fixa acessíveis às pessoas físicas eram justamente os de risco mais baixo, como a poupança e os CDBs dos bancos grandes, o Tesouro Direto e os fundos de renda fixa.
No entanto, hoje o mercado tem oferecido cada vez mais opções de renda fixa de risco médio ou até alto para pessoas físicas.
Como identificar investimentos de renda fixa com risco mais alto
No mercado financeiro, em geral, quanto maior é a expectativa de rentabilidade de um investimento, maior é o seu risco.
Dito de outra forma, os investimentos que prometem maior retorno são justamente os mais arriscados.
Assim, sempre que alguém lhe oferecer um investimento com promessa de alto retorno, já sabe que terá um risco considerável.
Mas qual seria uma rentabilidade muito alta, a ponto de eu ter que começar a me preocupar?
Quando devo me preocupar com um investimento de renda fixa?
O investimento mais seguro do Brasil é o Tesouro Direto. Qualquer investimento que prometa rentabilidade acima do Tesouro é mais arriscado.
Porém, alguns investimentos rendem mais do que o Tesouro, mas ainda assim são muito seguros, pois são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
É o caso dos CDBs, das LCAs e das LCIs. Esses três tipos de investimento têm a garantia do FGC. Se você aplicar em algum deles, e o banco emissor do título quebrar, o FGC lhe reembolsa o valor investido mais os juros acumulados até o momento, até o limite de R$ 250 mil.
Esse limite é por instituição financeira. Por exemplo, se você tiver R$ 1 milhão igualmente dividido em CDBs de quatro bancos diferentes, ainda está protegido pelo FGC, pois terá R$ 250 mil em cada.
Além disso, o FGC também tem um limite de R$ 1 milhão para reembolso. Se você tiver R$ 1,1 milhão aplicado em diversos CDBs, os R$ 100 mil que ultrapassam esse limite de R$ 1 milhão não estarão protegidos, mesmo que o valor esteja dividido em diversos títulos de bancos diferentes.
O que fazer para não cair em um investimento arriscado?
Resumindo, você deve começar a se preocupar com investimentos de renda fixa quando eles, além de renderem mais do que o Tesouro Direto, não estão cobertos pelo FGC.
Às vezes, eles não estão cobertos porque você ultrapassou o limite de proteção do FGC. Outras vezes, você vai ver investimentos de renda fixa que simplesmente não têm essa proteção.
Portanto, sempre que estiver buscando um investimento seguro, escolha ou o Tesouro Direto ou algum título protegido pelo FGC. Assim você minimiza as chances de perder dinheiro.
Existem também os fundos de renda fixa, mas com esses você também tem chance de perder dinheiro. Se quiser um fundo com uma chance mínima de perda, escolha um fundo do tipo DI. Ainda assim, em um mês ou outro você pode ter uma rentabilidade levemente negativa (perda de 1% em um mês, por exemplo).
Quais investimentos de renda fixa evitar?
Aqui vai uma opinião bem pessoal: fuja de debêntures. São investimentos de renda fixa sem proteção do FGC, que rendem só um pouco mais que CDBs, LCAs e LCIs. Na minha visão, não vale a pena o risco, para um retorno tão baixo.
Outros exemplos de renda fixa sem garantia do FGC são os CRIs e CRAs. Não diria que você necessariamente deve fugir deles, mas é preciso conhecer bem esses papéis antes de investir. E, principalmente, estar ciente de que, mesmo conhecendo, você pode perder dinheiro.
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