Dá para viver de renda com R$ 1 milhão? Veja quanto o valor rende hoje
Você sabe quanto rende, atualmente, um investimento de R$ 1 milhão nas principais aplicações financeiras do país?
Na coluna de hoje eu trago a resposta, com base na rentabilidade atual de investimentos de baixo, médio e alto risco.
No Tesouro Direto
Na aplicação mais segura do país, o Tesouro Direto, um investimento de R$ 1 milhão rende, atualmente, entre R$ 7.061 e R$ 7.716 por mês, já descontando o Imposto de Renda.
O primeiro número se refere aos seis primeiros meses da aplicação, quando o IR tem a sua maior alíquota. O segundo corresponde a investimentos com mais de dois anos, quando incide o menor imposto.
Deve-se considerar, no entanto, que a inflação tende a corroer uma parte do valor ao longo dos anos.
Dos R$ 7.716 que o investimento renderia por mês com a menor alíquota de IR, R$ 3.561 seriam apenas para corrigir o montante total pela inflação. Sendo assim, o rendimento real ficaria em R$ 4.155 por mês.
O título considerado no cálculo foi o Tesouro Selic 2029. A taxa de inflação usada foi de 4,34% ao ano, que é a mediana das projeções de analistas para 2025, de acordo com o Banco Central.
Na poupança
Um investimento de R$ 1 milhão na poupança renderia R$ 5.668, já isento de IR. Tirando os R$ 3.561 que servem para atualizar o valor principal pela inflação, o rendimento real ficaria em apenas R$ 2.106 mensais.
Repare que, mesmo sem IR, a poupança fica muito atrás do Tesouro Selic. Essa diferença fica ainda mais clara quando calculamos o rendimento real. Isso ocorre porque a rentabilidade da poupança mal cobre a inflação.
Em CDB
Se considerarmos um CDB com rentabilidade de 110% do CDI, um investimento de R$ 1 milhão renderia entre R$ 7.596 e R$ 8.298 por mês.
Na mesma lógica do Tesouro Selic, o rendimento menor seria para os seis primeiros meses da aplicação, quando o IR é mais alto. Já o ganho maior seria a partir de dois anos após a aplicação, com a menor alíquota de IR.
Descontando a inflação, o rendimento real, para uma aplicação superior a dois anos, ficaria em R$ 4.737 ao mês.
Em fundos imobiliários
Aplicando R$ 1 milhão em fundos de investimento imobiliário (FIIs), é possível obter uma renda mensal de R$ 8.386.
Aqui eu considerei a rentabilidade média dos maiores fundos dos setores de logística, shopping centers e lajes corporativas.
No caso dos FIIs, não é necessário descontar a inflação, pois o rendimento desse tipo de fundo é baseado em contratos de locação de imóveis que já preveem reajustes anuais, de acordo com os principais índices de preços do país.
Porém, deve-se considerar que os FIIs não são investimentos de renda fixa. Essa rentabilidade toma como base o rendimento pago por esses fundos nos últimos 12 meses, mas não há qualquer garantia de que tais ativos continuarão distribuindo tais valores.
Os rendimentos podem tanto aumentar quanto diminuir. Cabe ao investidor estudar o funcionamento de cada fundo imobiliário e decidir se está disposto a correr o risco desse investimento ou não.
Em ações
Se considerarmos os dividendos pagos por ações de empresas negociadas na Bolsa de Valores, temos que um investimento de R$ 1 milhão pode render, em média, R$ 4.194 por mês.
Esse valor toma como referência a rentabilidade das principais ações de empresas de serviços de utilidade pública, como transmissoras de energia elétrica e companhias de saneamento básico.
Escolhi esse setor para fazer o cálculo porque reúne empresas com histórico de bom pagamento de dividendos.
No entanto, existe uma variação muito grande de uma empresa para outra. A paranaense Copel, por exemplo, está hoje com um retorno em dividendos de apenas 2,17% ao ano, enquanto a mineira Cemig apresenta 15,2%.
Assim como no caso, dos FIIs, com as ações não há garantia nenhuma de que tais empresas continuarão distribuindo dividendos no atual ritmo. A diferença é que, entre as ações, a variação desses números costuma ser muito maior. Portanto, são ativos mais arriscados.
Um adendo sobre ações
Os números podem fazer crer que as ações são o pior investimento, pois estão com um rendimento médio de R$ 4.194 por mês, não muito mais do que o Tesouro Direto, que é muito mais seguro.
No entanto, deve-se considerar não apenas que algumas ações, especificamente, estão com um retorno muito maior (no caso da Cemig, o valor mensal ficaria em R$ 11,7 mil), mas também que o esperado é que boas empresas cresçam ao longo do tempo, de modo a aumentar cada vez mais os dividendos.
Estou dizendo isso para convencer você a investir em ações? De jeito nenhum. Quero apenas deixar claro que a escolha entre renda variável (ações e FIIs, por exemplo) e renda fixa (como Tesouro, poupança e CDB) depende do nível de risco que você está disposto a correr.
Renda variável não é, a priori, pior do que renda fixa, ou vice-versa. Para decidir, você precisa ter clareza de qual é a sua necessidade e se está disposto a correr riscos.
Escolha da renda fixa
Entre as aplicações de renda fixa aqui citadas, está muito claro que a poupança não serve para um investimento desse tipo, pois rende bem menos que o Tesouro, que, por sua vez, é mais seguro.
Já para escolher entre CDB e Tesouro, eu ficaria com o Tesouro, pela segurança. O CDB rende um pouco mais, mas, se o banco emissor falir, o investidor é reembolsado em, no máximo, R$ 250 mil.
Os demais R$ 750 mil (considerando um investimento total de R$ 1 milhão), seriam perdidos no caso de falência bancária.
No caso do Tesouro, não há esse risco, pois quem emite o título não é um banco, e sim o Estado brasileiro, que, por sua vez, é quem emite também a nossa moeda, sendo muito remota a chance de um calote.
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