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ANÁLISE

Quem tem bitcoin e criptos perdeu metade do dinheiro em 2022; por quê?

Criptos em queda? Confira 3 principais razões da queda no preço do bitcoin e de outras moedas digitais - Getty Images
Criptos em queda? Confira 3 principais razões da queda no preço do bitcoin e de outras moedas digitais Imagem: Getty Images

Nicolas Meireles Nogueira

24/08/2022 04h00

Os investidores de criptomoedas estão vivendo um momento difícil em 2022: o bitcoin e ether, as maiores criptos da atualidade em valor de mercado, desvalorizaram mais de 50% no ano, enquanto os tokens cardano e solana despencaram 66% e 79%, respectivamente.

Devido às quedas, muitas pessoas ficam receosas na hora de investir em criptoativos, afinal, ninguém quer ver o próprio patrimônio caindo de maneira tão intensa em tão pouco tempo.

Para esclarecer a situação, vamos listar os principais motivos que explicam as fortes quedas no mercado de criptomoedas em 2022.

Cenário macroeconômico

A pandemia provocada pelo novo coronavírus em 2020 influenciou fortemente na política econômica de todos os países. Em um cenário em que a maioria dos serviços foi paralisada e as pessoas tiveram que permanecer em quarentena durante meses, os governos tiveram medo de uma redução drástica na atividade econômica.

Nos Estados Unidos, a ferramenta utilizada para estimular o consumo foi manter a taxa básica de juros da economia próxima a zero. Com os juros baixos, as pessoas são mais estimuladas a consumir e menos propensas a investir em ativos de renda fixa, por exemplo, já que eles pagam retornos menores.

Outra medida tomada pelos americanos foi a aprovação de pacotes de ajuda que injetaram trilhões de dólares na economia. Isso aconteceu por meio da compra de vacinas, pagamento de auxílio emergencial, concessão de auxílio-desemprego, entre outros gastos. Segundo a Nasdaq (mercado de ações automatizado norte-americano onde estão listadas mais de 2.800 ações de diferentes empresas), o país gastou mais no esforço de combate à pandemia do que gastou com todas as guerras que participou até 2001.

O movimento americano foi replicado, em partes, pela maioria dos países, incluindo o Brasil e os participantes da União Europeia, que aumentaram a quantidade de dinheiro em circulação para evitar uma crise financeira ainda mais problemática do que aquela que ocorreu nos últimos anos.

Todo esse dinheiro novo que entrou na economia nos anos de 2020 e 2021 acabou ajudando os ativos de renda variável; como a renda fixa não estava valendo a pena, os investidores buscaram ativos com maiores chances de ganhos, aumentando assim a demanda por renda variável, como criptos e ações.

O bitcoin, o IBOV e S&P 500 se beneficiaram do aumento da demanda, por parte dos investidores, e bateram recordes históricos em 2021, mesmo em meio à crise social provocada pelo coronavírus.

Porém, com o recuo da pandemia, os governos começaram a aumentar as taxas de juros e retirar o estímulo monetário das economias. Logo, os ativos de renda fixa passaram a ficar rentáveis e atrair capital, enquanto a renda variável e os criptoativos perderam atratividade e passaram a recuar.

A retirada dos estímulos e o aumento da taxa de juros são, provavelmente, o principal fator que está contribuindo para a queda dos criptoativos em 2022.

Colapso da rede Terra

A rede Terra era um protocolo que oferecia serviços financeiros de maneira descentralizada, ou seja, sem intermédio de bancos e outras instituições financeiras. A rede suportava vários ativos, incluindo os tokens luna e UST.

Entre o final de 2021 e abril de 2022, o token luna viveu o ápice de popularidade e chegou a ser uma das dez maiores criptomoedas em valor de mercado, porém, após investidores encontrarem problemas no mecanismo do ativo, o seu valor de mercado despencou rapidamente: entre abril e junho, o seu valor foi de US$ 40 bilhões a praticamente zero.

O colapso do que era uma das maiores blockchains do mercado provocou uma onda de desconfiança entre os investidores; muitos deles retiraram seus aportes em cripto, auxiliando na queda de outros ativos que não tinham relação com a rede Terra, como o bitcoin e o ether.

Além de contribuir para as quedas generalizadas no mercado cripto, o declínio dos tokens luna e UST contribuiu mesmo que indiretamente para a falência de empresas do setor cripto, como as plataformas de empréstimos Celsius, Voyager e a gestora de investimentos Three Arrows Capital.

Histórico limitado

O bitcoin, primeira criptomoeda da história, completou 13 anos de existência no começo de 2022. Logo, os investidores têm muito menos referência histórica de comportamento de preços, em relação às criptomoedas, do que eles possuem sobre o mercado de ações e fundos, por exemplo.

Por outro lado, a primeira iniciativa parecida com o mercado de ações atual aconteceu nos Países Baixos em 1602. Naquele período, a Companhia das Índias Orientais comercializou algo semelhante às ações da sua empresa para financiar expedições comerciais à Índia.

Além disso, o ouro, que é o ativo mais valioso do planeta, é utilizado como meio de trocas por povos de várias partes do mundo há milhares de anos. A sua participação na história global é tão relevante que o metal é tido, atualmente, como a principal reserva de valor existente.

Isso significa que o ouro é visto como uma das melhores alternativas de investimentos para pessoas que querem manter o poder de compra em momentos de instabilidade econômica, como foi o caso dos últimos anos.

Os criptoativos, por sua vez, são relativamente novos; dessa maneira, eles costumam apresentar um comportamento mais volátil do que as ações, os metais e outras classes de ativos —principalmente em momentos de crise como os provocados pela pandemia e guerra entre Rússia e Ucrânia.

Estas são as três principais razões que explicam a queda no preço do bitcoin e das demais criptomoedas. Para entender cada vez melhor o mercado cripto, continue acompanhando os artigos do PagBank PagSeguro no UOL Economia!

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