Me diga, a menina que você foi teria orgulho da mulher que você se tornou?
Mexendo na minha caixa de fotos antigas, encontrei um jornalzinho da escola de quando eu tinha 9 anos. A matéria apresentava um projeto sobre profissões, e eu explicava por que queria ser professora. Eu tinha deletado esse desejo da minha memória! O fato é que por mais de 20 anos eu fui professora. Ensinei crianças, adolescentes, adultos e microempresários a lidar melhor com o dinheiro e empreenderem. Fico me perguntando o quanto eu tinha, inconscientemente, me programado para isso.
Estudei muito, fiz mestrado e doutorado. Com pouco mais de 30 anos, era uma profissional bem-sucedida. Tinha um salário razoável, carro e já tinha pago a metade do financiamento do meu apartamento. Na vida pessoal, estava casada com um homem que eu amava e tinha um casal de filhos saudáveis e lindos. É fácil ter orgulho de si quando tudo está bem.
Foi, então, que a universidade onde eu trabalhava fez uma reestruturação e eu entrei no que hoje é chamado de "lay-off": fui demitida. Por muito tempo, questionei minha competência, me perguntava onde eu tinha errado, o que devia ter feito de diferente.
Eu acreditava que a culpa era minha. Fiquei aproximadamente um ano vivendo de trabalhos eventuais, até que meu marido foi diagnosticado com câncer. Então, eu estava desempregada, com dois filhos pequenos e contas do dia a dia para pagar.
Por "sorte" eu tinha algum patrimônio para nos sustentar. Só que essa fase desafiadora durou mais tempo do que o meu patrimônio era capaz de cobrir e eu me endividei... bastante. Difícil ter orgulho de si em situações críticas, não é?
Pois essa foi a época em que eu mais cresci. Eu não percebia, mas estava no período de gestação de uma melhor versão minha. Eu buscava apoio e inspiração nas mulheres da minha família.
Nas vezes em que não encontrei a resposta nelas, fui atrás de outras fontes de conhecimento e descobri o coaching, a inteligência emocional, os diferentes perfis comportamentais e a constelação familiar.
Uni as técnicas de planejamento econômico aos novos conhecimentos. Foi por necessidade que empreendi, inclusive a mim mesma, e por gratidão compartilho alguns aprendizados.
- Não tenha medo, pois é o medo que transforma pequenos problemas em monstros. Um único passo, e você já não está no mesmo lugar.
- Pare de se criticar, ninguém é perfeito. Nossa obrigação é a busca por sermos melhores do que somos hoje.
- Seja paciente consigo mesma. No início, o novo pode ser estranho e desconfortável, mas com a repetição vai se tornando normal e natural. Respeite o seu tempo.
- Seja gentil com sua mente, afaste dela toda a culpa, as acusações, os castigos e a dor. Você fez o melhor que podia com os recursos que tinha, honre seus aprendizados e permita-se expandi-los.
- Procure apoio externo. Só procura ajuda quem não desistiu.
- Cuide do seu corpo, pense nele como uma casa em que você morará por algum tempo.
- Seja sua melhor amiga, pois todos um dia irão embora, mas você sempre ficará. Portanto, ame-se.
Sim, minha menina teria orgulho da mulher que me tornei, ainda que seja diferente do que ela havia planejado e tenha dívidas para pagar. Orgulho por seguir empreendendo a mim mesma, acumulando versões melhoradas, reforçando pontos fortes e desenvolvendo os fracos. Sigo num movimento contínuo para que a senhorinha que eu serei no futuro tenha do que se orgulhar da mulher que sou hoje.
Eu também tenho orgulho de você que lê este texto... e enumero alguns dos motivos:
- É mulher, ou reconhece a importância delas, e vive nesse Brasil tão desafiador para nós.
- Diariamente convive com o preconceito e a discriminação.
- Dia após dia, enfrenta suas batalhas internas.
- Às vezes ganha, outras vezes perde, mas nunca desiste.
- Mesmo sem saber, inspira várias outras mulheres.
- Ainda assim quer se desenvolver, caso contrário não estaria lendo esse texto.
Me diga, a menina que você foi também teria orgulho da mulher que você se tornou? E você tem orgulho de alguma outra mulher empreendedora? Então, compartilha esse texto com ela e inclua os seus motivos.
O UOL Economia é de propriedade do Universo Online S.A., sociedade que controla as empresas do Grupo UOL. O Grupo UOL tem em sua composição empresas que exercem atividades reguladas no setor financeiro. Apesar de o Grupo UOL estar sob controle comum, os executivos responsáveis pelo Banco Seguro S.A. são totalmente independentes e as notícias, matérias e opiniões veiculadas no portal tem como único objetivo fornecer ao público elementos a título educacional e informativo sobre o mercado e produtos financeiros, sendo baseadas em dados de conhecimento público na data de sua divulgação, conforme fontes devidamente indicadas, e condições mercadológicas externas ao Grupo UOL que podem ser alteradas a qualquer momento, mas sem constituir qualquer tipo de relatório de análise, recomendação, oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.