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Investimentos seguros como Tesouro e CDB vão voltar a render 14% ao ano?

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

05/07/2021 04h00

A alta da Selic (taxa básica de juros) tem animado investidores que esperam voltar a ganhar retornos vantajosos com aplicações em títulos de renda fixa, sem risco e com alta liquidez, como Tesouro ou CDB. Apesar disso, especialistas ouvidos pelo UOL Economia+ declararam que pelo menos até o fim do ano, com a inflação em alta, aplicações de curto prazo atreladas à taxa básica podem ter rendimento real negativo.

Após atingir a mínima histórica de 2% ao ano, em agosto do ano passado, a taxa Selic passou a subir em março deste ano, chegando a 4,25% ao ano em junho. As projeções feitas por mais de cem analistas de mercado para o Boletim Focus apontam que essa taxa de juros vai subir mais, até pelo menos 6,5% ainda neste ano.

Apesar do novo ciclo de alta, a Selic já atingiu patamares mais altos, de mais de 14% ao ano, favorecendo os investidores que buscam a segurança da renda fixa. É possível que esse cenário se repita? Confira abaixo o que dizem os especialistas.

Para curto prazo, retorno ainda será negativo

A inflação acumulada no ano até maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), chegou a 3,22% e nos últimos 12 meses totalizou 8,06%. No Boletim Focus, a estimativa para 2021 é de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegue a 5,97%. No mercado, analistas já estimam alta da inflação superior a 6,5%, após o aumento da bandeira tarifária que vai encarecer a conta de luz.

Por mais que a gente tenha o efeito da elevação da Selic, quando olha para o cenário inflacionário, ele é muito desafiador. Como a inflação está acima da taxa de juros, o retorno será negativo. Produtos de mais risco dentro da renda fixa, como títulos de dívida das empresas, são uma alternativa. Mas são investimentos de maior risco e não têm garantia do FGC [Fundo Garantidor de Créditos].
Caique Coutinho, especialista em renda fixa da Veedha Investimentos

Juros não devem chegar a níveis de 2015 e 2016

Como a Selic é a principal referência de muitas aplicações de renda fixa de curto prazo bastante populares entre investidores brasileiros - título Tesouro Selic ou CDB (certificado de depósito bancário) -, esse movimento tem chamado a atenção de muitos investimentos.

Para Coutinho, da Veedha Investimentos, a atratividade desses títulos de renda fixa deve aumentar a partir do próximo ano, com redução da inflação e com a taxa de juros maior.

Apesar disso, ele ressaltou que os investidores não devem esperar retornos como os registrados entre 2015 e 2016, quando a Selic chegou a 14,25% ao ano. Com o controle da inflação, a tendência é de que os juros permaneçam em 6,5% nos próximos anos.

LCI e LCA são opções de investimento

Com a inflação em alta, quem não quer investir em ações e em outros produtos de renda variável deve buscar títulos de renda fixa com vencimentos mais longos e menor liquidez, declara Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos.

Entre as opções, estão os títulos do Tesouro Nacional, LCI (Letra de Crédito Imobiliário e LCA (Letra de Crédito Agrícola). A aplicação mínima permitida em uma LCI ou LCA depende do banco ou corretora em que você fizer a compra do seu título, mas é comum que os valores variem entre R$ 5.000 e R$ 30 mil. Entre os benefícios desse título está a isenção de Imposto de Renda e a garantia do FGC.

Os juros altos no Brasil só voltarão se ocorrer um descontrole inflacionário ou um desequilíbrio total da economia global e dos países emergentes. Se isso acontecer, o Brasil e seus pares precisam subir os juros para evitar fuga de recursos. Mas essa não é a tendência no país. Os investidores precisam diversificar suas aplicações para ter melhores retornos.
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust

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