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Dicas para investir: aos 20 anos, conheça gastos; aos 60, seja mais egoísta

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/08/2021 04h00

A professora da Xpeed School e assessora de investimentos da XP Investimentos, Clara Sodré, e a analista e fundadora da Nord Research, Marília Fontes, entenderam cedo a necessidade de cuidar do próprio dinheiro. A primeira começou na poupança. Já Marília entrou direto na Bolsa.

Além do perfil de risco, o que separa as duas analistas é a fase de vida e os objetivos. Não à toa, as duas têm carteiras muito diferentes, apesar de terem muito conhecimento de mercado. Não considerar metas e fase de vida na hora de escolher onde investir é um grande erro, afirmam as profissionais, que participaram de encontro do Guia do Investidor UOL, série quinzenal e gratuita do UOL para quem quer investir. Veja abaixo o que elas disseram, e as diretrizes para investir com 20 ou mais de 60 anos.

Fase de vida define dinheiro disponível para investir

Na hora de investir, entender a fase de vida em que está é um dos primeiros passos para escolher os melhores investimentos, afirmam as especialistas.

Segundo Clara Sodré, quando o investidor está começando sua vida profissional, ele tem menos gastos, porque geralmente está na casa dos pais, e é novo o suficiente para arriscar um pouco mais, porque terá tempo para recompor possíveis perdas.

Entre os 20 e 30 anos, o investidor entra na chamada fase de acumulação. Normalmente depois de formado, ele começa a ganhar mais, mas geralmente gasta mais também. Aqui, é essencial equilibrar as contas para que o dinheiro disponível para os investimentos cresça mais do que os gastos.

Ainda nessa fase, é possível arriscar mais, para buscar mais rentabilidade nos investimentos. Na fase entre os 30 e 40 anos, os gastos tendem a aumentar mais para muita gente que começa a formar família nesse período.

"Depois disso, a ideia é preservar o capital, que é quando você não está nem juntando nem aumentando, mas preservando para usufruir depois ou fazer uma sucessão", afirma Clara Sodré.

Dos 20 anos aos 30 anos: entenda seus gastos

Marília lembra que é comum as pessoas passarem especialmente a primeira década no mercado de trabalho sem controlar seus gastos, e que isso tende a se estender para depois dos 30 anos em muitos casos.

"Às vezes, as pessoas chegam nessa idade, quando estão ganhando um pouquinho mais, sem saber quanto gastam. Eu tenho que saber quanto eu ganho e quanto eu gasto. Isso tem que saber para ontem. Aí eu consigo, quando cair um dinheiro na conta, separar e investir logo", afirma.

"Quem ainda não tem família, mas pretende ter, é uma excelente hora para acumular ao invés de aumentar seu custo de vida, porque lá na frente você vai ter mais despesa", diz Marília.

Nesta fase da vida, o que ela aconselha é alocar a maior parte do capital em produtos de bancos, como CDBs, LCI e LCAs, que vão garantir uma renda fixa. Além disso, experimentar outros produtos como fundos de diferentes tipos, com destaque para fundos imobiliários e de ações, que garantem retorno e ainda pagam dividendos, é uma opção para que o investidor comece a experimentar a sensação de ter uma renda extra.

Dos 40 aos 50 anos: redução dos riscos? Nem sempre

Clara destaca que, normalmente, depois dos 40, a tendência é que haja uma redução natural da vontade de tomar riscos. Mas, para além disso, uma pessoa nessa fase da vida leva para os investimentos seu conhecimento sobre o histórico econômico do país.

"Ela olha para trás e vê por quantas mudanças a economia já passou. Tem uma tendência no Brasil de ativos mais conservadores, com mais liquidez e segurança, porque as pessoas se lembram de como as mudanças aconteciam de maneira muito rápida", afirma.

A especialista destaca a importância desse conhecimento sobre os ciclos econômicos, e diz que esse conhecimento precisa ser usado na hora de montar uma carteira de ativos.

Mas, segundo Clara, não é porque a pessoa tem na memória o histórico inflacionário do país que ela se amarrará a investimentos conservadores.

"Eu não gosto de separar e dizer que em determinada idade você não pode investir em ativo que tem risco porque cada pessoa vai ter um nível de conhecimento e tolerância diferente. A pessoa tem tolerância e entendeu o risco financeiro? Tudo certo, pode colocar ativo de risco na carteira e pode colocar até mais que uma pessoa mais nova", diz.

60 anos ou mais: é preciso ser mais egoísta

Um desafio para quem começa a investir depois dos 60 é ser mais egoísta, segundo avalia Marília.

"Tem que revisar alguns gastos. Se a pessoa ajuda alguns membros da família, vai precisar reduzir um pouco esse peso porque vai precisar desses valores", afirma.

A analista diz que é bastante comum no Brasil que os investimentos comecem apenas nessa fase.

"O brasileiro é muito pouco previdente, também porque às vezes não depende tanto dele. Ele precisa lidar com uma série de situações, mas essa é a fase que se você não acumulou até agora, você precisa seriamente rever os seus planos. Se a gente for depender da previdência social apenas, vai ficar muito complicado", afirma.

Para quem tem mais de 60 anos, os investimentos em renda fixa vão garantir ganhos de capital com o menor risco e também oferecem a possibilidade de o investidor retirar valores, diante de urgências, sem grandes problemas.

"Algum dinheiro pode ser alocado em ações que rendam dividendos, porque aí você vai ter sempre um dinheirinho a mais para tocar a vida, mas é preciso reduzir um pouco o nível de risco porque você começa a se aproximar cada vez mais de uma fase onde o dinheiro de uma vida inteira vai precisar ser usado", afirma Marília.

O primeiro passo, não importa a fase de vida

A reserva de emergência é o primeiro passo para todo investidor, independentemente da idade e da fase de vida. O valor total da reserva é a soma de seis a 12 meses de gastos médios mensais.

Só depois da reserva montada, em investimentos seguros e que tenham liquidez diária, como Tesouro Selic e CDBs, é que as especialistas recomendam outros tipos de ativos.

"É possível encontrar ativos no mercado para conhecer, como fundos de investimentos, por exemplo, com aporte mínimo de R$ 100", afirma Clara.

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