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AES Brasil coloca mais ações na Bolsa: é oportunidade para investir?

AES Brasil emitiu novas ações na Bolsa e captou mais de R$ 1,2 bilhão - Divulgação/AES Brasil
AES Brasil emitiu novas ações na Bolsa e captou mais de R$ 1,2 bilhão Imagem: Divulgação/AES Brasil

Caroline Pulice

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/10/2021 04h00

A AES Brasil (AESB3), uma das maiores empresas de energia do país, colocou mais ações na Bolsa (follow-on), levantando quase R$ 1,12 bilhão para investir em novos projetos e fugir da crise hídrica que assola o país. Foram vendidas 93 milhões de papéis na Bolsa. A empresa anunciou a intenção de realizar a operação em setembro, alegando "estratégia focada no crescimento e diversificação de portfólio por meio de desenvolvimento de projetos de fontes complementares à hídrica".

Após a nova emissão, a companhia passou a ter capital de R$ 2,2 bilhões no mercado de ações. Especialistas ouvidos pelo UOL alegam que a ideia da companhia foi positiva, e seu histórico de bons projetos, aquisições e retornos aos investidores fez com que a nova oferta de ações despertasse ainda mais a atenção para a AES. Será que essa é uma oportunidade de investir na companhia? Veja abaixo.

Mas afinal, o que a companhia realizou?

Um follow-on, ou oferta subsequente de ações, ocorre quando uma empresa já tem capital aberto na Bolsa de Valores, mas deseja emitir nova oferta de ações.

Dividida em ofertas primárias (quando a empresa vende novas ações) e secundárias (quando acionistas colocam seus papéis à venda), as ofertas subsequentes têm como principais objetivos proporcionar maior liquidez e permitir novos investimentos para a empresa listada na Bolsa. Na prática, a empresa tem recursos imediatos para usar.

Ao realizar um follow-on, a AES Brasil conseguiu arrecadar mais dinheiro para seus novos projetos em energia renovável, uma alternativa para fugir da crise hídrica.

De acordo com a companhia, os projetos a terem os novos investimentos seriam os eólicos.

Aposta em energias alternativas é acertada, dizem analistas

Para analistas, a ideia da companhia foi positiva, uma vez que a crise hídrica pode prejudicar o setor de energia.

Um levantamento realizado pela Economatica, plataforma de informações financeiras, aponta que, entre julho e setembro deste ano, algumas das principais empresas do setor de energia que atuam no país sofreram perdas em seus valores de mercado, como a holding de transmissão e geração de energia Alupar, que teve perda de 2,6% em seu valor, para R$ 7,07 bilhões, e a Equatorial Maranhão, com queda de 5,4%, para R$ 7 bilhões.

"As empresas do setor de energia estão se estruturando através de captação no mercado para atender às futuras demandas desta crise, através de energias renováveis", afirma Valéria Vieira, chefe de renda variável da RB Investimentos.

A falta de chuvas tem feito com que importantes reservatórios do país operem abaixo da média em comparação com outros anos, elevando a preocupação das empresas do setor em investir em fontes alternativas à hídrica.

Emissão de ações da AES Brasil é oportunidade para investidor?

Apesar do momento crítico para companhias do setor, analistas recomendam a compra das ações da AES Brasil porque esperam bons resultados dos investimentos ao longo do tempo.

"A empresa tem conseguido alocar bem seus recursos, com aquisições recentes e projetos de geração de energia eólica. Além disso, é uma boa pagadora de dividendos, num setor que deve ter um aumento de demanda forte com relação à energia nos próximos anos, e tem mostrado eficiência operacional interessante", afirma Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos.

Quando ocorre um follow-on, as ações da empresa tendem a ter queda em seu valor. Isso acontece porque há uma pressão por parte do mercado em baixar os preços para que as ações se tornem mais atraentes para compra.

"A precificação das novas ações é feita com base na cotação dos papéis que já são negociados na Bolsa, e o mercado como um todo acaba puxando os preços para baixo", diz Guilherme Tiglia, analista da Nord Research.

Já tem ações da empresa? Veja o que acontece

Do outro lado do balcão, os investidores que já possuem ações da companhia devem prestar atenção a uma potencial diluição de seu percentual em relação ao total da empresa.

"Há uma participação menor na empresa como um todo", afirma Sales. Ele explica que, na prática, "muda pouco para o pequeno investidor" que não tem influência sobre as decisões da companhia.

Valéria Vieira ressalta que, para aqueles que não querem ver sua participação diluída no caso de uma nova emissão, como fez a AES, o recomendável é sempre comprar novas ações no dia dessa oferta, uma vez que o preço deve ser menor do que quando a ação é negociada no mercado.

A oferta da AES já aconteceu, mas vale o aprendizado para as novas emissões de outras empresas.

"Para o investidor que não quer diluir sua participação na empresa e manter seus dividendos, é preciso adquirir as ações na oferta, sendo geralmente melhor do que ir ao mercado [Bolsa]", afirma.

A decisão, segundo Tiglia, deve vir da análise do investidor sobre a empresa.

"É necessário analisar o que a empresa vai fazer com todo este recurso", diz. No caso da AES, afirma, a forma como a empresa vai usar os recursos captados é positiva para o investidor.

"Vai ser positivo para o crescimento de resultado da companhia e para a diversificação. Aumentando a representatividade da geração eólica no portfólio, ela vai ficar menos exposta a uma eventual crise hídrica lá na frente", diz.

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