O que fazer na prática para comprar uma boa ação na Bolsa? Analistas contam
Como um iniciante pode escolher na prática a melhor ação para comprar, entre tantas opções? Quais são as mais importantes: ações ordinárias ou preferenciais? Quais critérios e indicadores devem ser avaliados antes de entrar na Bolsa? Como evitar os erros?
Essas são questões recorrentes e razões de erros dos investidores quando deixadas de lado. Para esclarecer essas dúvidas, o Guia do Investidor UOL, série de eventos quinzenais e gratuitos do UOL Investimentos para quem quer aprender a cuidar do próprio dinheiro e ter maior independência financeira, recebeu Paula Reis, investidora com mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro e dona do canal Mulher Trader, e Rodrigo Crespi, analista de Equity Research da corretora Guide Investimentos, com passagem pelo banco de investimentos francês BNP Paribas. Veja o que eles disseram.
Como selecionar as ações para a sua carteira?
Basicamente, os especialistas esclarecem que são três os tipos de ação disponíveis no mercado acionário.
As ordinárias, que terminam com o número 3, são as ações com direito a voto e menor preferência pelo pagamento de dividendos. Um exemplo são as ações da Vibra Energia, a VBBR3.
Depois, aparecem as preferenciais, que terminam com o número 4. Um exemplo são as preferenciais da Petrobras, a PETR4. Sem direito a voto, o acionista tem prioridade e pode receber uma quantidade maior de dividendos.
Por último aparecem as units, que funcionam como uma espécie de pacote dos dois tipos anteriores e terminam com o final 11, como SANB11, do banco espanhol Santander.
Segundo Rodrigo Crespi, a preferência deve ser pelos papéis com maior liquidez, ou seja, com maior facilidade para vender o ativo.
"Quando existem as units, a preferência é comprá-las. Depois vêm as preferenciais e, por último, as ordinárias", disse.
Ele explica ainda que, para o investidor pequeno, as ações ordinárias dão poder de voto muito reduzido nas assembleias das empresas. O pequeno investidor tem centenas de ações, enquanto os grandes possuem centenas de milhares.
Segundo Paula Reis, para quem está dando os primeiros passos no mercado acionário, o mais indicado é focar nas empresas com bons dividendos.
Ao colocar isso na sua estratégia a longo prazo e se tornar sócio de uma empresa que é uma boa pagadora de dividendos, o investidor terá não só a valorização de preço da ação, mas também vai participar dessa divisão de lucros aos acionistas.
Paula Reis
Quais os critérios avaliar para comprar um papel?
De acordo com Paula Reis, o mais importante é não adquirir um papel porque soube da empresa por um amigo ou viu na mídia. Mas, sim, reunir informações importantes e pesquisar sobre o histórico daquela companhia.
"Com certeza, isso [saber da empresa] vai te levar ao mercado de ações, mas não significa que o investidor precisa comprar especificamente aquela empresa que o amigo já lucrou. Reunir mais informações com especialistas é a melhor sugestão para entrar na Bolsa", declarou.
Essas informações são disponibilizadas por corretoras e casas de análise (casas de research), que fazem a recomendação de carteiras separadas por categorias, como as boas pagadoras de dividendos, as "blue chips" (de companhias fortes e consolidadas) ou as "small caps" (as que têm menor valor de mercado e volume reduzido de negócios diários), por exemplo.
Entre os analistas, as informações apuradas para avaliar um papel consideram a análise fundamentalista (que leva em conta o balanço e métricas como o preço sobre o lucro) e técnica (que observa o histórico de sobe e desce daquele ativo).
É preciso sempre compará-lo a outros papéis do setor, que é a chamada análise relativa. O resultado trimestral é vital para todo investidor para saber se a decisão foi correta ou não.
Rodrigo Crespi
Por isso, quando os fundamentos de determinada companhia começam a se deteriorar, a tendência é que esse cenário se agrave. "Às vezes, é melhor assumir uma pequena queda do que ter um prejuízo ainda mais acentuado", disse ele.
Há um caminho mais fácil para se dar bem na Bolsa?
Segundo Crespi, a forma mais fácil de obter resultados satisfatórios no mercado de ações é ter uma estratégia duradoura.
"Quando você escolhe bem uma ação, o valor tende a subir, e, portanto, é um investimento de longo prazo", declarou.
Atualmente, o investidor pode também investir no exterior por meio de BDRs (as ações de multinacionais que circulam na B3) e dos ETFs (Exchange Traded Fund), fundos que replicam índices de Bolsas, como o Ibovespa ou a Bolsa de Nova York.
Na estratégia de negociação, os investidores podem atuar com o swing trade (compra e venda no intervalo de semanas ou meses) e o day trade (negociação no mesmo dia). Os dois modelos buscam a venda após os papéis atingirem determinado preço-alvo.
Mas é preciso ter cuidado, principalmente com a operação diária. "É um mercado de risco extremo. Quando a gente fala de day trade em minicontratos, são operações de alavancagem [quando o investidor aplica um valor maior do que tem em conta]. O risco que a gente toma é muito maior do que um investidor para se tornar sócio e receber dividendos", afirmou Paula Reis.
Para isso, segundo ela, além de bastante conhecimento, o investidor deve observar o seu lado emocional e ter uma estratégia específica para avaliar se vale operar desta forma.
Mas qual a hora de vender um papel?
Segundo o analista de Equity Research da Guide Investimentos, antes de comprar uma ação, é necessário entender o máximo possível sobre a companhia em questão.
Em um momento de queda, ele recomenda primeiro analisar as razões do recuo, como desempenhos abaixo do esperado pelo setor ou algum fator macroeconômico, como crises política e econômica
"Depois de uma análise bem-feita, questionar se os fundamentos pioraram, ou se ela continua sólida e com boa geração de caixa. No longo prazo, a valorização vai acompanhar a geração de lucro de uma companhia", disse Crespi.
Por outro lado, com essas orientações, é possível notar se há problemas de governança interna e se o ciclo positivo está perto do fim.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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