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Fan token: Como investir em Corinthians, Flamengo e outros? Vale a pena?

Maxi Franzoi/AGIF
Imagem: Maxi Franzoi/AGIF

Matheus Adami

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/11/2021 04h00

Alguns torcedores de futebol e investidores têm uma característica em comum: a "tensão" enquanto acompanham tanto as movimentações de uma partida quanto o sobe e desce dos ativos no mercado de ações. Agora, eles ganham mais uma semelhança. Trata-se dos fan tokens e de formatos de investimento em clubes e instituições esportivas baseadas em criptomoedas.

No Brasil, ainda são poucos os times que se lançaram ao mercado do dinheiro digital: Flamengo ($MENGO), Corinthians ($SCCP), São Paulo ($SPFC) e Atlético-MG ($GALO) são alguns clubes que possuem fan tokens. Santos, Vasco, Coritiba e Cruzeiro também embarcaram no mundo dos investimentos, embora em uma modalidade diferente.

Mas o que são "fan tokens"? Como funcionam? Vale o investimento? Confira abaixo.

O que é fan token?

Fan tokens são criptoativos, isto é, ativos digitais que funcionam de forma semelhante a um título de sócio de um clube. O torcedor que compra um "fan token" pode participar de enquetes que envolvem a escolha de uniforme do time, a música que tocará no estádio após um gol, ter desconto em produtos oficiais, preferências para compra de ingressos, entre outros itens que respeitam o regulamento específico de cada time.

Flamengo, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG são os clubes brasileiros que estão neste mercado, que, no exterior, possui clientes como Paris Saint-Germain, Juventus, Manchester City, Barcelona, Milan e seleções de Argentina e Portugal. A maior empresa do ramo é a Socios.com e é por meio dela que os times citados emitiram seus tokens.

E a empreitada não se limita ao futebol. Eventos e organizações esportivas como o UFC (Ultimate Fighting Championship, maior empresa de MMA do mundo), Copa Davis (principal torneio de tênis entre países) e equipes de Fórmula 1, como Alfa Romeo e Aston Martin, também aderiram à moda.

Como funciona um fan token

Como todo criptoativo, o fan token pode ser negociado em plataformas de compra e venda de investimentos desta natureza. E, da mesma forma que o bitcoin e as demais criptomoedas, são ativos voláteis.

Quem tem comprado fan token são três tipos de pessoa. O primeiro é quem quer ajudar o clube, mas que, em vez de só colocar o dinheiro diretamente, compra o token. O segundo é o torcedor que quer usar o token para encontrar um jogador, votar em uma camiseta, só que sem tomar nenhuma decisão econômica e financeira. E o terceiro tipo é o investidor, que às vezes nem torce para o clube, mas está interessado em uma eventual valorização. E é por isso que boa parte dos tokens é vendida para estrangeiros.
Pablo Cerdeira, advogado especializado em criptoativos e sócio do Galdino & Coelho Advogados

"Mas há muitas diferenças entre os fan tokens e os criptoativos. Os fan tokens são tokens de utilidade, já que a ideia por trás é dar uma utilização na vida real para o detentor. A oferta do token geralmente é limitada, e o clube, às vezes, mantém uma parte destes tokens com ele. À medida que há demanda, há a valorização, o que beneficia o clube", declara Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, escritório plugado ao BTG Pactual.

Outro tipo de token aposta em vendas futuras

Se os fan tokens dão direitos aos investidores de participarem de assuntos menos técnicos da rotina do clube, mais do que, propriamente, dar dinheiro em uma eventual valorização, o mesmo não se pode dizer de uma segunda modalidade de tokens também envolvendo clubes de futebol.

Trata-se de um sistema que trabalha com o Mecanismo de Solidariedade da Fifa, que gera lucro para o clube toda vez que um atleta formado na base da equipe for negociado.

"Diferentemente do fan token, que o objetivo não é ter uma remuneração e valorização, este, sim, visa participar dos lucros da negociação de um jogador. O investidor que compra este token prevê um retorno financeiro de verdade", disse Farto.

No Brasil, Vasco, Santos, Cruzeiro e Coritiba oferecem tokens por meio deste modelo. Os dois primeiros são disponibilizados pela Mercado Bitcoin; os dois últimos, na plataforma Liqi.

Vale a pena investir em fan token?

A resposta é: depende. Isso porque o fan token não é considerado um investimento que vise lucro, além de que, de acordo com os especialistas, deve remunerar melhor no longo prazo.

"Na minha leitura, o fan token não é um investimento, afinal, você não está tomando decisões no clube e ele não te promete rendimentos. Em um fundo imobiliário você compra cotas e vai receber rendimentos. Nesse caso, o fundo vai gerar uma receita mensal, então, não tem discussão [sobre o investimento]. No caso do fan token, apesar do que algumas pessoas dizem, não vejo como investimento no sentido jurídico, de valor mobiliário", afirmou Cerdeira.

O fan token, tipicamente, é interessante para um torcedor, alguém que quer estar próximo do processo de decisão do clube, mas não foi necessariamente desenhado para ter valorização ou não. Obviamente pode acontecer, mas não é o principal objetivo.
Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest

Mas há casos e casos. O atacante Lionel Messi, contratado pelo Paris Saint-Germain (PSG) no último mês de agosto, recebe parte do salário em fan token. A aposta midiática, certamente, pode afetar o valor da moeda virtual do time francês.

"É possível que a base de torcedores aumente. E, com a base de torcedores do PSG aumentando, aumenta o valor do token. O Messi recebeu uma parte dos pagamentos dele em tokens, que ele pode ter vendido posteriormente com valorização", disse Cerdeira.

E se o time for mal no campeonato?

"A expectativa do fan token relacionada ao desempenho do clube está diretamente ligada ao aumento do número de torcedores. No caso de clubes com maiores torcidas, como Flamengo e Corinthians, não tem muita variação no valor presente. O que afeta é o potencial de popularização dos tokens", declara o advogado especializado em criptoativos.

Isso significa que o resultado dentro de campo não é tão relevante para clubes com torcidas grandes e consolidadas (casos de Flamengo, Corinthians e Atlético-MG, por exemplo), mas que faz diferença para clubes "emergentes", como o próprio Paris Saint-Germain.

"Os riscos quando se compra é a oscilação de preço que vai acontecer de forma natural, dada a oferta e demanda, e também quando o mercado de criptoativos mexe como um todo. Isso pode, sim, impactar. A performance do time também ajuda a atrair mais base de fãs. Se contrata um jogador de peso ou ganha um campeonato, isso tende a impulsionar a base de fãs e pode trazer mais interessados em comprar o fan token", afirma Farto.

Como investir em fan tokens?

É possível adquirir fan tokens do Flamengo, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG por meio de plataformas de investimento de criptomoedas como Mercado Bitcoin e a própria Socios.com.

É possível encontrar clubes internacionais nas plataformas, casos de PSG ($PSG), Manchester City ($CITY), Juventus ($JUV) e Barcelona ($BAR).

Tokens atrelados à solidariedade da Fifa

Vasco Token e o Token da Vila, ativos virtuais de Vasco e Santos, são encontrados no Mercado Bitcoin. Já o Cruzeiro Token e o Coritiba Token são disponibilizados pela plataforma Liqi.

Por serem atrelados ao mecanismo de solidariedade da Fifa — e, por conta da possibilidade de rentabilidade ao investidor no caso de negociação de atletas —, são mais parecidos com os investimentos mais convencionais.

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