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Onde investir em 2022: veja opções para ficar de olho e aplicar melhor

Para quem pode se arriscar, a Bolsa tende a ser uma boa aposta de investimento em 2022 - iStock
Para quem pode se arriscar, a Bolsa tende a ser uma boa aposta de investimento em 2022 Imagem: iStock

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, de São Paulo

26/01/2022 04h00

O ano de 2022 já tem a promessa de alta de juros para fevereiro, conforme apontou o informe do Banco Central divulgado no mês de dezembro. Por isso, os investidores já podem traçar planos, ao menos para este começo de ano, de forma mais assertiva, destacam os especialistas ouvidos pelo UOL.

Além da renda fixa, há ainda a perspectiva de que o ano possa render bons frutos na Bolsa de Valores. Quem gosta de risco, por exemplo, pode encontrar boas oportunidades na compra de ações.

Conheça investimentos apontados como os mais promissores para 2022, segundo analistas.

Tesouro prefixado

Os investimentos prefixados são uma boa opção, porque a curva de juros ainda deve oferecer um retorno crescente a essa modalidade, segundo Mauro Orefice, diretor de Investimentos da BS2 Asset.

"A curva [de juros] ainda tem um prêmio razoável, está menor do que estava um mês atrás, mas ainda está num nível interessantíssimo", diz.

"O mercado espera que os juros cheguem a 11,75%. Então, você compra um título de três anos que está pagando mais ou menos 10,70% ou 10,80%. Se os juros subirem menos que 11,75%, o [título de] 10,70% fica ainda melhor nessa janela", afirma.

Para Orefice, "prefixados na faixa de dois a três anos parecem um ótimo investimento", porque a tendência é que, ao final do prazo, os juros devem ter retornado a um patamar próximo de 7% --apontado pelo especialista como o adequado para "não esfriar nem aquecer demais a economia".

Com os juros na casa dos 7%, "aplicar a 10,70% faz muito sentido", segundo ele.

Fundos multimercados

A renda fixa ainda deve se beneficiar da trajetória de alta dos juros, de acordo com Nelson Muscari, coordenador de fundos da Guide Investimentos.

Ele aconselha começar o ano "com mais caixa", o que significa manter o dinheiro em investimentos de menor variação de preços (volatilidade). Conforme for o desempenho dos investimentos, aí sim arriscar em ativos com maiores retornos e maior volatilidade —"como ações e multimercados", diz.

IPCA+ e Tesouro Selic

O aumento da taxa de juros, já dado como certo para os primeiros meses de 2022, coloca os investimentos indexados à Selic, como o Tesouro Selic, como praticamente incontestáveis.

A taxa de juros é usada como medida para baixar a inflação. Por isso, a tendência é que, conforme os investimentos atrelados à Selic ganhem rentabilidade, os ligados à inflação passem a desvalorizar.

Segundo Luciana Ikedo, assessora de investimentos e sócia no escritório RV4 Investimentos, o aumento dos juros não deve causar um impacto imediato na inflação e o índice de preços deve seguir em alta durante um tempo.

Por isso, "é bom ficar de olho nos investimentos que pagam IPCA mais um cupom, como a NTN-B, por exemplo", diz. Para ela, essas aplicações podem ser uma boa opção, pelo menos durante o primeiro semestre de 2022, quando a inflação deve persistir.

CDBs e letras de crédito

Thiago Godoy, Head de Educação Financeira da Xpeed, afirma que é importante que o investidor se atente ao prazo e que aplique o dinheiro sabendo do tempo que ele poderá manter o investimento, sem a necessidade de sacar.

Com ganhos praticamente garantidos na renda fixa com a Selic acima dos 10% e a inflação em perspectiva de queda, segundo ele, o investidor deve se atentar ao prazo do investimento para escolher a melhor opção e evitar descontos —especialmente se tiver a necessidade de sacar o dinheiro antes da conclusão do contrato.

"Caso ele queira sacar o título antes, ele pode perder muito dinheiro. Então é importante olhar para a renda fixa, títulos atrelados à inflação, mas, principalmente, saber que esses investimentos precisam ser sacados no prazo", afirma.

"Títulos de renda fixa vão se tornar mais atrativos, não só o Tesouro IPCA ou Tesouro Selic, mas também o CDB, LCI, LCA", diz Godoy.

Ações

Para quem pode se arriscar, a Bolsa também tende a ser uma boa aposta durante 2022, na avaliação de Orefice. "Quando a gente olha preço, geração de caixa e geração de lucro das empresas [brasileiras] em comparação com as de outros países, o Brasil parece que está barato".

"Tem aí uns 15% ou 20% de desconto na precificação da Bolsa", completa o diretor da BS2 Asset.

Ele crê que a Bolsa pode continuar barata por vários meses, até que haja uma mudança de expectativa. Se o investidor tem uma visão de longo prazo e pode assumir risco, "aumentar exposição na Bolsa parece um bom momento", diz.

"Acreditar que a Bolsa morreu depois de uma queda acentuada ao longo de 2021 é um erro", afirma Rodrigo Siviéri, professor da Trevisan Escola de Negócios e especialista em mercado de ações e renda fixa. Para ele, a queda é pontual e está diretamente relacionada ao aumento dos juros, que atrai o investidor para a renda fixa.

Mas a oportunidade para comprar boas empresas a um preço baixo está posta e deve ser aproveitada por quem tem apetite ao risco e tempo para manter o dinheiro investido.

"Dificilmente vamos comprar boas empresas a preços baixos quando a taxa de juros também estiver baixa. Olhando agora para investimento de longo prazo, é investir em ações", afirma Siviéri.

[O momento é de colocar] uma parcela maior do investimento em renda fixa, mas começar a alocar em ações, principalmente empresas geradoras de caixa, de consumo não-cíclico e que pagam dividendos.
Rodrigo Siviéri, professor da Trevisan Escola de Negócios e especialista em mercado de ações e renda fixa

Debêntures

Para Guilherme Neves, diretor de riscos e compliance do banco BMG, os investidores têm a oportunidade de, ao longo de 2022, aproveitar a manutenção da política de juros altos do Banco Central.

Além dos títulos ligados à inflação e letras do agronegócio (LCA) e da infraestrutura (LCI), já mencionados, ele recomenda também as debêntures.

"Esses investimentos citados acima serão interessantes por conta das taxas de juros, que estarão em níveis atrativos ao longo de todo o ano de 2022. A tendência é um movimento de paulatina queda do IPCA ao longo do ano, mas com oportunidades interessantes", diz Neves.

Títulos em dólar

O que também pode atrapalhar os investidores brasileiros em 2022 são: as disparadas de juros nos EUA, que tiram dinheiro dos países emergentes e colocam naquele país; e, acima de tudo, a instabilidade política. É o que ressalta Marcelo Guterman, especialista de Investimentos da Western Asset.

Por isso, o especialista recomenda ter parte do dinheiro investido fora do Brasil. "Como alternativa de diversificação sempre recomendo ter um pé no exterior".

O dólar dificilmente oferecerá grandes retornos como fez em 2020 e 2021, mas aplicar fora do país pode proteger o investidor das intempéries dos anos eleitorais, segundo Guterman.

É a oportunidade de ter uma parcela do patrimônio em investimentos no exterior, não tanto pela exposição ao câmbio, mas por não ter correlação com o mercado local. Você foge do fator de volatilidade, que são as eleições, e isso ajuda os portfólios a terem um risco menor do que quando só está exposto a ativos locais.
Marcelo Guterman, especialista de Investimentos da Western Asset

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