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Quanto rendem R$ 1.000 no Tesouro Selic e no Tesouro IPCA?

Entenda qual das opções rende mais ao investir R$ 1.000 - Getty Images/iStockphoto
Entenda qual das opções rende mais ao investir R$ 1.000 Imagem: Getty Images/iStockphoto

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, de São Paulo

05/03/2022 04h00

Com o conflito entre Rússia e Ucrânia, preço do petróleo em disparada e alta da inflação e dos juros, investidores buscam alternativas para fugir dos riscos aliados a incertezas econômicas no Brasil e no exterior.

Especialistas ouvidos pelo UOL dizem que os títulos do Tesouro Direto estão entre as opções mais interessantes para driblar esse cenário —principalmente o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA. Veja abaixo mais detalhes sobre os títulos e qual rende mais ao investir R$ 1.000.

Como funciona o Tesouro IPCA

O Tesouro IPCA é um título público atrelado ao desempenho da inflação (no caso, do IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

As principais características do Tesouro IPCA são:

  • Remuneração paga no resgate ou a cada seis meses (segundo o título);
  • É taxado pelo Imposto de Renda (IR), que varia de acordo com o tempo de aplicação. Se for inferior a 180 dias, a alíquota é de 22,5%, chegando a 15% para um prazo superior a 720 dias;
  • Tem taxa anual de 0,3% referente à custódia e destinado à Bolsa de Valores (B3);
  • O rendimento é um percentual fixo mais a variação do IPCA no período;
  • Principal vantagem para quem detém o título até o seu vencimento: proteger o dinheiro investido da inflação;
  • Liquidez (resgate) diária.

Como funciona o Tesouro Selic

O Tesouro Selic é um título vinculado à taxa de juros básicos da economia, a Selic.

As principais características do Tesouro IPCA são:

  • Só é possível receber a remuneração na data do resgate ou ainda no momento da venda do título. O pagamento ocorre em um dia útil (chamado de D+1);
  • É taxado pelo Imposto de Renda, que varia de acordo com o prazo de investimento. Caso seja de menos de 180 dias, o desconto é de 22,5%, caindo para 15% se for acima de 720 dias;
  • Tem taxa fixa de custódia cobrada anualmente: 0,3% sobre o total da aplicação;
  • Como sofre menor volatilidade e garante um rendimento positivo, é apontado como o título do Tesouro Direto com maior liquidez (resgate);
  • O pior cenário para o título é quando a Selic está em queda.

Tesouro Selic ou Tesouro IPCA: o que é melhor?

Os dois títulos do Tesouro têm prós e contras. Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, afirma que a principal vantagem do Tesouro Selic está no fato de o título não dar prejuízo ao investidor se for resgatado antes do vencimento. Por outro lado, seu rendimento é de, no máximo, a Selic do período.

Já o Tesouro IPCA, segundo a especialista, traz como principal atrativo a garantia de um retorno real positivo se o investidor permanecer com o título até o seu vencimento. Por isso, ele perde a sua atratividade se o resgate for antes da data, com chance de gerar até retorno negativo, lembra Marília.

Para ela, a decisão por um ou por outro título do Tesouro sempre irá depender do cenário econômico.

Se o mercado precificar uma alta da Selic menor do que você acha que irá ocorrer, deve-se preferir o Tesouro Selic. Se o mercado precificar uma alta da Selic maior do que você acredita que ocorrerá e se, além disso, o mercado precificar uma inflação muito baixa, aí é melhor ter o Tesouro IPCA.
Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research

Para quem pensa em um desses ativos como forma de construir uma reserva de emergência —-aquele dinheiro acumulado para ser usado em situações inesperadas, como a queda da renda ou um problema de saúde—, a orientação de Marília é optar pelo Tesouro Selic.

Segundo a especialista, não se pode correr o risco de retorno negativo se precisar fazer resgate antecipado. "De resto, temos que levar em consideração o cenário macroeconômico. Hoje prefiro títulos pós-fixados, como Tesouro Selic."

Hugo Ferraz, planejador financeiro certificado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), cita outras características. "A principal vantagem é o retorno trazido, além da segurança, já que o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA são títulos emitidos pelo governo, por isso o risco de crédito é praticamente zero", diz.

Qual rende mais ao investir R$ 1.000?

Opção 1: Tesouro Selic 2024

  • Data de resgate: 01/09/2024
  • Valor inicial investido: R$ 1.000
  • Aportes mensais: R$ 0
  • Valor total investido: R$ 1.000

Resultado estimado

  • Valor bruto: R$ 1.249,26
  • Imposto de Renda: -R$ 37,38
  • Taxa da B3: R$ 0
  • Valor líquido: R$ 1.211,88

Opção 2: Tesouro IPCA+ 2026

  • Data de resgate: 15/08/2026
  • Valor inicial investido: R$ 1.000
  • Aportes mensais: R$ 0
  • Valor total investido: R$ 1.000

Resultado estimado

  • Valor bruto: R$ 1.477,50
  • Imposto de Renda: -R$ 71,62
  • Taxa da B3: -R$ 11,09
  • Valor líquido: R$ 1.392,86

A simulação com os dois títulos feita por Ferraz a pedido do UOL mostra o comportamento do investimento nas duas modalidades. Hoje, segundo o especialista, o Tesouro IPCA de prazo mais curto tem vencimento em 2026.

Os resultados mostram que o Tesouro IPCA+2026 tem vantagem sobre o Tesouro Selic 2024, levando-se em consideração as atuais condições da economia brasileira.

Ferraz salienta que, para quem vai começar a investir e tem na faixa de R$ 1.000, as duas modalidades de título do governo se mostram entre as opções mais atraentes para quem se identifica com a renda fixa, com resultados acima de classes de ativos como LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CDB (Certificado de Depósito Bancário) e poupança.

"Estamos num momento bom. A Selic está em um patamar elevado e a expectativa é de crescer (previsão do relatório Focus, elaborado pelo Banco Central e divulgado em 29 de janeiro, é que 2022 termine com 11,75%). O IPCA fechou acima de 10% em 2021 e ainda conta, como se trata de um título híbrido, com uma taxa pré-fixada no caso do Tesouro IPCA", afirma o planejador financeiro.

Ambos [Tesouro Selic e Tesouro IPCA] estão atraentes hoje, mas é importante levar em consideração as questões macroeconômicas, como o fato de o governo estar trabalhando para conter a inflação. Por isso, a expectativa é que a Selic, depois de subir mais um pouco, comece a se estabilizar ainda no começo do ano.
Hugo Ferraz, planejador financeiro certificado pela Planejar

Mauricio Valadares, sócio da AF Invest, declara que desde os anos 2000 a taxa Selic tem ficado acima da inflação. De olho nas perspectivas futuras, diz o especialista, a Selic deve continuar superior ao índice inflacionário ao menos em um horizonte de dois anos. Em parte, esse comportamento é esperado por causa da necessidade de o Banco Central usar a alta dos juros para combater a inflação.

Os títulos são recomendados para qual perfil de investidor?

De uma forma geral, segundo o sócio da AF Invest, são dois títulos para um perfil bem conservador. Para quem quer que o patrimônio fique acima da inflação faz sentido optar por um título atrelado à inflação, apesar de achar, pessoalmente, que o Tesouro Selic vai render mais.

"Quem tiver um horizonte de até dois anos deve ficar no Tesouro Selic. Mas se o horizonte for maior, de cinco anos, por exemplo, vale a diversificação que inclua o Tesouro IPCA por causa da persistência inflacionária", diz Valadares.

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