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Estou no prejuízo, quando devo sair de um investimento?

Está pensando em trocar sua carteira de investimentos? Veja como saber quando é a hora certa para isso - Olivier Le Moal/iStock
Está pensando em trocar sua carteira de investimentos? Veja como saber quando é a hora certa para isso Imagem: Olivier Le Moal/iStock

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/07/2022 04h00

Com o avanço da inflação e o cenário de aumento de juros no mundo, muitos investidores migraram da renda variável para a renda fixa, que pode render mais no momento, sem tanto risco. Além disso, muitos investimentos tiveram perdas no primeiro semestre deste ano.

Mas como saber quando é a hora de trocar de investimentos? O sócio da gestora EnterCapital, Renato Naigeborin, diz que é importante colocar na balança se o risco dos investimentos está adequado ao investidor e se ele consegue manter a tranquilidade, mesmo com oscilações negativas. Também é preciso saber quando que a pessoa pode precisar daquele valor - no curto, médio ou longo prazo.

O que devo prestar atenção? Antes mesmo de pensar em sair de um investimento, é importante pensar no que motivou o aporte em determinada ação ou fundo, por exemplo, diz o analista da casa de análises Top Gain, Sidney Lima. Isso significa que o prejuízo em cima do valor pago pelo investimento é menos importante do que a perspectiva de crescimento.

Se o investidor entender que há uma boa perspectiva de recuperação, vale manter o produto na carteira, mesmo com prejuízo. Por outro lado, se as perspectivas do investimento foram afetadas, independente se por questões internas ou externas, o melhor pode ser modificar o portfólio, segundo Lima, independente do valor pago.

E se eu precisar do dinheiro? A liquidez do investimento, ou a capacidade de poder sacar o dinheiro em algum momento, também deve ser levada em consideração antes de vender um investimento ou fazer alguma mudança na carteira.

Não se desespere com variações O analista da gestora Constância Investimentos, Gustavo Akamine, diz que a primeira coisa a ser checada é se a queda daquele ativo é normal para determinado mês ou período do ano. Assim, é possível compreender se o movimento faz parte do ciclo daquele investimento. Um exemplo de investimento cíclico é o bitcoin. A cada período entre quatro a cinco anos há uma escassez da moeda no mercado, o que eleva o seu preço.

"Depois, é entender se o desempenho é parte de um ciclo natural que ocorre no investimento analisado ou se houve um erro de decisão, seja por parte do investidor pessoa física ou da assessoria ou gestão contratada", afirma Akamine.

Quanto tempo devo esperar? O sócio da Enter Capital ainda afirma que é importante não fazer modificações na carteira a todo momento. Se decidir pela mudança, porém, vale manter a composição por um período determinado, necessário para que o investimento ofereça o retorno desejado.

Além disso, certos investimentos têm uma tabela regressiva de imposto de renda. Ou seja, quanto mais tempo o ativo fica na carteira, menor é o imposto de renda pago sobre os rendimentos. Para Akamine, da Constância, é interessante ainda refletir se aquele dinheiro teria um desempenho melhor em outro tipo de investimento.

E no caso de ações? No caso de uma ação, uma pergunta simples pode ajudar no direcionamento: a empresa investida possui boa perspectiva de existência em um horizonte de longo prazo?

Uma outra dica valiosa antes de comprar determinado investimento é estabelecer uma meta, tanto para ganhos como para perdas. Quando a operação alcançar determinado valor, para cima ou para baixo, o investidor deve interromper o negócio. Com isso, a pessoa consegue evitar decisões em momentos de euforia.

"Se ele deixar para estabelecer este critério ao longo do processo, ele pode ficar cego por questões emocionais, tais como querer ganhar mais um pouco ou não admitir que fez um investimento errado", declara o superintendente da área de projetos da Fipecafi, Gabriel Emir Moreira e Silva.

Como montar minha carteira? Um outro ponto destacado por analistas é fazer a diversificação correta da carteira de investimentos. Na prática, significa não apenas investir em diferentes ações, como também em papéis de diferentes setores (como bancos, educação, saúde e commodities) e ativos distintos (Tesouro Direto, fundos multimercado e empresas estrangeiras).

Dessa maneira, uma perda em uma fase de crise pode ser compensada com o bom desempenho de outro investimento, que se mostrou uma aposta bem feita.

Devo comprar sempre na baixa? Apesar do fluxo de saída de investidores da renda variável, os períodos de instabilidade são marcados pelos descontos nos preços de boas ações e fundos de investimentos. Na prática, significa que esses ativos estão abaixo do que valem, ou seja, estão baratos. Assim, pode ser uma boa oportunidade para quem tem caixa e pode aguardar o fim do momento de incerteza.

Mais importante que acertar o momento certo é investir sempre Os analistas afirmam que a melhor maneira de construir um patrimônio sólido é fazer aportes constantes. É claro que isso passa pela revisão periódica da carteira, algo como a cada seis meses, por exemplo. Uma das melhores estratégias que existem na renda variável é a compra de ativos de forma periódica por todos os meses, durante anos, afirma o sócio fundador e head de renda variável do escritório de investimentos W1 Capital, Caio Tonet.

É muito difícil acertar o timing do mercado, mesmo para gestores profissionais. É melhor manter uma política de investimentos contínua em bons ativos, sempre respeitando a necessidade de liquidez e o seu perfil de apetite por risco.
Renato Naigeborin, sócio da EnterCapital

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