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Cielo foi a ação que mais subiu no ano; vai continuar em alta?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/08/2022 15h25

A ação que mais valorizou este ano na Bolsa de Valores de São Paulo tem mais motivos para continuar seguindo em frente: a Cielo (CIEL3), líder do setor de maquininhas no Brasil, divulgou ontem (2) que lucrou R$ 635,3 milhões no segundo trimestre, 252,2% mais que no mesmo período do ano passado, o melhor resultado desde o quarto trimestre de 2018.

A empresa explicou que cresceu tanto por ter feito mais operações de pagamento, melhorado a margem de receita (o percentual que ela ganha em cada pagamento), continuou controlando os gastos e expandindo a antecipação de recebíveis. Além disso, a Cateno, negócio de emissão de cartões da empresa, teve resultado recorde.

O que está acontecendo com a ação? A ação da Cielo é a mais valorizada nos sete primeiros meses do ano, com alta de 95,82%. Parece uma bolada, mas, na verdade, é uma recuperação de parte do que a empresa desvalorizou nos últimos anos.

Antes da guerra de competição entre as empresas de maquininha, a Cielo reinava sozinha e sua ação valia R$ 26 em janeiro de 2019. Hoje, o papel custa R$ 4,68, mas em sua pior fase já valeu R$ 2, em janeiro deste ano.

De qualquer maneira, quem investiu R$ 1.000 em CIEL3 no começo do ano hoje tem R$ 2.123 - alta de 112%, incluindo a alta de hoje (3) de 5,20%, até as 11h30. Às 13h, a alta era ainda maior, de 7,92%.

Por que as ações estão subindo tanto? As receitas da empresa estão crescendo e ela está mais rentável, ou seja, com lucro maior. Para se ter uma ideia do desempenho, R$ 221 bilhões passaram pelas maquininhas da Cielo Brasil entre abril e junho. 33,8% mais que no segundo trimestre de 2021 e 11,4% a mais que no primeiro trimestre do ano.

Os produtos de prazo, ou seja, as ferramentas que permitem aos clientes da Cielo receber antes pagamentos feitos no crédito e parcelados, totalizaram R$ 29 bilhões em volume antecipado, crescimento de 58,1% em relação ao mesmo período de 2021.

A Cielo divulgou resultados muito mais fortes do que o esperado, analisou o Itaú BBA, em documento para investidores. Além disso, a empresa começou a ganhar mercado em cima dos concorrentes, mesmo com maior rentabilidade, disse o banco.

E daqui para frente? A empresa vai continuar rendendo tanto? O Itaú BBA acha que o ritmo vai cair. A ação deve chegar a R$ 5 até o fim de 2022, com uma valorização de 13,1%. Mas ainda recomenda a compra. É um dos poucos que faz isso. Dos 16 bancos e casas de análise que cobrem a ação, 12 tinham recomendação neutra, conforme o site de relações com investidores da companhia. Ou seja, melhor não comprar, nem vender.

Por que tanto pé atrás? "A Cielo há algum tempo era a única operadora deste sistema e tinha margens operacionais excelentes. O setor mudou muito, novos concorrentes geraram quedas de margens representativas e aí o mercado passou a se indagar sobre o futuro deste negócio e o da própria Cielo", diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

A alta de agora acontece porque a empresa mostrou bom resultado e o preço da ação - que havia desabado nos últimos anos - começou a se ajustar com esse novo cenário. Mas a recomendação da maioria das casas é neutra para a ação por conta das incertezas no médio e longo prazo, diz ele.

Essas incertezas, segundo Marcio Loréga, analista-chefe do PagBank, estão ligadas aos juros altos. As empresas de maquininhas dependem de captar recursos a custos baixos. Com as taxas mais altas, o fluxo de caixa delas tende a diminuir, explica ele. Por isso, o mercado tem ressalvas em relação a esse segmento e em relação à recuperação do valor da ação.

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