Com dia instável, como o mercado reagiu à eleição de Lula?
No primeiro pregão após a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste domingo (30), o dia foi de sobe e desce, tanto para a Bolsa quanto para o dólar, e marcado por incertezas. O dólar comercial fechou em queda de 2,54%, cotado a R$ 5,166. /Já o pregão do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou em alta de 1,31%, aos 116,037,08 pontos.
Caminhoneiros bolsonaristas fecharam durante o dia rodovias em 14 estados e no DF após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas. A Polícia Rodoviária Federal afirmou que 100 bloqueios chegaram a ser registrados nas estradas federais e que acionou a Advocacia-Geral da União para conseguir liberar as vias.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não se pronunciou em relação à sua derrota nas urnas. Há ainda a indefinição de que nomes irão compor a equipe econômica do futuro presidente Lula.
Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o mercado não considerou que a eleição de Lula tenha sido negativa ou um fracasso. Já a Toro Investimentos diz olhar o mercado com cautela. "Precisamos ponderar como será a transição de governo, e se haverá cooperação por parte da atual equipe", diz em relatório.
"No Brasil, enquanto não houver definição da equipe econômica e próximos passos do governo, o mercado vai ter muita incerteza", diz Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital. Ele ainda acrescenta que a decisão do banco central americano, o Fed, em relação aos juros pode impactar a Bolsa brasileira.
Veja abaixo como o mercado reagiu às eleições, o que dizem analistas e o que o mercado espera do futuro presidente.
Como o mercado reagiu às eleições? O mercado abriu nervoso, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos. No exterior, antes mesmo da abertura dos mercados, as reações dos investidores já eram sentidas fortemente.
As ADRs (American Depositary Receipts, recibos de ações de outros países adquiridos por investidos dos EUA) da Petrobras (PETR4) caem 10,04% no premarket de Nova York nesta segunda-feira (31), após o resultado das eleições.
Além disso, o EWZ, papel que representa a bolsa de valores brasileira lá fora, caiu 5,7% no premarket. As ações fecharam o dia em queda de 8,5% para PETR4 e de 7,13% para PETR3, as maiores quedas do dia.
O dia foi de sobe e desce para o Ibovespa e o dólar. A Bolsa abriu em queda e o dólar, em alta. No entanto, às 11h a situação se inverteu - o Ibovespa subia e a moeda estrangeira estava em baixa. Já às 15h, o dólar ampliou a queda e a Bolsa estava em leve alta.
O que dizem analistas? Para Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o mercado não considerou que a eleição de Lula tenha sido negativa ou um fracasso e, mesmo com caminhoneiros se manifestando e abertura em baixa, os movimentos estavam muito mais amenos do que o esperado.
Falas de Lula e Bolsonaro devem ser acompanhadas de perto pelos analistas, diz ele. A questão a ser monitorada em relação ao atual presidente é o reconhecimento da vitória de seu oponente e evitar questionamentos em relação às urnas, afirma.
"Para novembro, seguimos com uma postura de cautela. Precisamos ponderar como será a transição de governo, e se haverá cooperação por parte da atual equipe", diz a Toro Investimentos, em relatório.
O que deve acontecer daqui para a frente no mercado? Nas próximas semanas, a instabilidade deve continuar, dizem analistas, tanto para a Bolsa quanto para o dólar.
"Essa deve ser uma das semanas mais agitadas para muitos investidores, já que iremos ver uma legião de resultados corporativos, uma profusão de números macroeconômicos e atualizações de bancos centrais", dizem os analistas do banco suíço Julius Baer, Eirini Tsekeridou e Nenad Dinic.
Analistas esperam a definição da equipe econômica do futuro presidente Lula. "Um nome de mercado na Fazenda pode comprar tempo e a paciência do mercado para que o plano econômico seja anunciado", diz Dan Kawa, que é CIO da TAG Investimentos.
Quais serão os desafios do próximo presidente, segundo o mercado?
Para Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, outro desafio será a responsabilidade fiscal e encontrar espaço no orçamento para todas as promessas feitas durante a campanha.
Entre elas, estão o Auxílio Brasil de R$ 600, R$ 150 adicionais para crianças menores de seis anos, prorrogação da isenção de impostos sobre combustíveis, isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e aumento real do salário mínimo.
"A tarefa, se considerarmos a Lei de Responsabilidade Fiscal, que indica a necessidade de mostrar a origem do recurso, já seria difícil para Bolsonaro, imagina para Lula", diz ele, mencionando a necessidade de ter maioria no Congresso para aprovar essas medidas.
"A realidade é que o PT não tem autonomia de maioria tanto no senado quanto na câmara dos deputados. Então fica um ponto de interrogação grande e isso nos primeiros dias traz um viés pessimista para o mercado em geral", diz Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital.
Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, o diálogo com a oposição será essencial.
"Temos hoje um país dividido, mas que terá que se unir para superar os desafios que aguardam, como inflação alta, hoje controlada em parte pelo combustível subsidiado, juros acima de dois dígitos, e potencial de recessão nas principais economias do mundo. Só assim o Brasil seguirá crescendo enquanto economia e, principalmente, como sociedade", diz ele.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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