Vale investir em dívidas de empresas? Veja vantagens e riscos
As debêntures começaram a ser mais buscadas pelos investidores. Isso porque os ativos da renda fixa ficam mais atraentes com os juros em alta. Mesmo assim, há risco em investir em debêntures, que são títulos de dívida emitidos por empresas.
Debêntures estão em alta. Segundo o buscador Yubb, esses investimentos subiram da décima para a quinta posição no ranking dos dez investimentos mais procurados. Ficam atrás dos CDBs, Tesouro Direto, Letras de Câmbio (LCs) e os Recibos de Depósito Bancário (RDBs), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).
As debêntures renderam 10,64% em 2022 e 18,26% nos últimos dois anos. O dado é do Índice de Debêntures da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas. É uma forma de captar recursos e expandir seus negócios.
É possível alocar capital em debêntures através de bancos e corretoras. Mas, para isso, é necessário analisar qual produto faz sentido dentro do seu portfólio. As debêntures são negociadas no mercado de capitais.
Quem escolhe investir já sabe qual deve ser a modalidade de rendimento (se prefixado, atrelado à Selic ou à inflação) e qual a data de vencimento.
Há três estruturas mais comuns:
- Debênture prefixada: Quando o investidor recebe uma taxa de juros definida no momento da aplicação. Permite calcular quanto receberá até o vencimento.
- Debênture pós-fixada: Aqui, o investidor também sabe o indicador que será referência para o retorno, como a taxa CDI ou Selic. A rentabilidade segue as variações do índice.
- Debêntures com remuneração híbrida: Em que há tanto prefixado como pós-fixado. Por exemplo, quando se assegura uma taxa de juros mais a variação da inflação, medida pelo IPCA.
Quais as vantagens de investir e quais os riscos?
A vantagem e o risco andam lado a lado nas debêntures. A boa remuneração está atrelada ao risco de perder o dinheiro.
Um ponto positivo é diversificar seus investimentos. Ao escolher diversos ativos para investir, de empresas e com prazos diferentes, dá para montar uma carteira que dependa menos de um único investimento.
Alguns papéis são isentos de Imposto de Renda. São as chamadas debêntures incentivadas, como as debêntures de infraestrutura, explica Diego Ramiro, CEO da Miura Investimentos.
Por outro lado, o risco é maior que o de outros investimentos na renda fixa. Se uma empresa quebrar ou tiver dificuldades para pagar suas dívidas, por exemplo, o ativo perde valor e o investidor pode não receber seu dinheiro de volta.
Levar em conta a segurança e saúde financeira do setor e da empresa faz diferença. Por exemplo, o ramo de saneamento tem menor chance de quebrar do que o de açúcar e etanol, diz ele.
Além disso, as debêntures não contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Já outros investimentos da renda fixa, como , como a poupança, CDBs, LCI e LCA, por exemplo, são protegidos, até R$ 250 mil por CPF por instituição.
O conselho do CEO da Miura Investimentos é pensar na qualidade e não na taxa de retorno. Nem sempre as maiores taxas vão trazer os melhores rendimentos, ainda mais com todos os riscos.
As debêntures com prazo muito longo de vencimento são as mais arriscadas. Também são aquelas com uma rentabilidade mais alta. Isso porque há o risco da empresa quebrar e não conseguir pagar. Além disso, até o prazo de vencimento, não é possível resgatar o dinheiro. Para não ficar no prejuízo, o investidor teria que recorrer ao mercado secundário.
O risco já é informado na emissão da debênture
Os prazos e remuneração das debêntures já são definidos e registrados no momento de emissão do título. Sendo assim, a classificação de risco também costuma ser avisada.
Qualquer investidor pode ver a classificação de risco por meio da sua instituição financeira ou site das agências. Ramiro diz que as empresas de capital aberto são obrigadas a informar a sua classificação de risco, que é a nota dada para avaliar o risco de crédito.
É essencial saber qual é a possibilidade de a instituição honrar o pagamento dos empréstimos para analisar se vale mesmo a pena investir.
A empresa pode deixar de pagar os juros ou sua dívida
Como as debêntures não contam com o seguro do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a chance de tomar calote é real. Pode ser que as empresas não paguem os juros prometidos ou não consigam pagar a dívida, o que chamam de risco de crédito.
A parte boa é que os papéis podem ter outros tipos de garantias, caso o investidor tenha problemas. Algumas debêntures podem incluir:
- Garantia real: Bens integrantes do ativo da empresa ou de terceiros, em forma de penhor, hipoteca e anticrese.
- Garantia flutuante: Benefício sobre o ativo da empresa se for à falência. Os bens que servem de garantia não são vinculados à emissão das debêntures.
- Garantia subordinada: Com preferência de pagamento do crédito somente em caso de liquidação da empresa.
O melhor é aprender com o risco e ter um assessor de investimentos ao lado. Depois, pensar se estaria confortável de emprestar seu dinheiro para alguma empresa.
Diego Ramiro, CEO da Miura Investimentos
O rombo das Americanas abalou o mercado de debêntures?
Em partes, sim. Isso porque no começo de janeiro, a companhia divulgou um furo financeiro de R$ 20 bilhões. Com isso, as debêntures das Americanas passaram a ser negociadas a 50% do valor no mercado secundário, e as ações não pararam de cair.
Não demorou muito para a situação repercutir nos investimentos. Mas o efeito foi o contrário do esperado. O investidor leigo ficou mais interessado nesse segmento depois de ver mais notícias, segundo Ramiro.
Quais são os rendimentos das debêntures?
As debêntures renderam 10,64% em 2022, mas há no mercado hoje papéis que pagam mais. A debênture emitida pela PetroRio (PEJA11), por exemplo, para o IPCA + 7,41%. A da Eneva (ENEV39) paga o IPCA + 7,15% e a da Petrobras (PETR16) rende o IPCA + 4,05%. Essas foram três as debêntures mais negociadas em janeiro pelas pessoas físicas. O levantamento foi feito pela Anbima e disponibilizado pelo TradeMap.
O economista e doutor na área Ronaldo Pagliotto selecionou alguns. O levantamento foi de acordo com os dados da Quantum Finance sobre a performance em 2022.
NCF Participações
- Debênture: NCFP14
- Rendimento: 28,72%
Concessionária Rota das Bandeiras
- Debênture: CBAN22
- Rendimento: 27,73%
Companhia de Saneamento do Paraná - Sanepar
- Debênture: SAPR28
- Rendimento: 24,63%
BF Comércio de Produtos Esportivos
- Debênture: SBFC11
- Rendimento: 24,08%
Iguatemi Shopping Centers
- Debênture: IGTAB1
- Rendimento: 22,6%
Em alguns casos, a debênture não rende só o seu índice de rentabilidade. Ela também ganha valor já que o mercado está crescendo. É o caso do segmento de infraestrurura, alimentação e de comércio.
Todos os títulos listados renderam acima do CDI, da taxa Selic e da inflação. O retorno é bruto, ou seja, sem descontar o Imposto de Renda e taxas que podem ser incluídas, como de custódia e corretagem.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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