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Dá para investir na renda fixa dos EUA a partir de US$ 1: vale a pena?

Os juros nos Estados Unidos estão altos. É hora de investir seu dinheiro lá? - Getty Images/iStockphoto
Os juros nos Estados Unidos estão altos. É hora de investir seu dinheiro lá? Imagem: Getty Images/iStockphoto

Fernando Barbosa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/03/2023 04h00

Para quem deseja diversificar o patrimônio, é possível investir na renda fixa dos Estados Unidos. Há opções acessíveis, por a partir de US$ 1, pouco mais de R$ 5, menos do que a taxa de entrega do delivery ou o cafezinho do dia a dia.

Como funciona esse investimento?

O investimento é feito por meio de ETFs, pela compra dos títulos ou por fundos de investimento.

Nos EUA, é possível diretamente investir na renda fixa pública ou privada. Isso inclui fundos dedicados a títulos do governo federal americano (os treasury bonds) e títulos de empresas (os corporate bonds).

Já os ETFs são fundos de índice. Eles seguem determinados indicadores de ações, como o Ibovespa, ou de títulos. Ou seja, você não compra o título de dívida diretamente, mas sim um fundo que irá copiar o rendimento daquele investimento.

A maioria das dívidas é prefixada. No Brasil, a renda fixa normalmente é pós-fixada, atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), à inflação ou à Selic.

O brasileiro está acostumado com a renda fixa e gosta de dólar. Em um momento em que a taxa de juros nos Estados Unidos está alta, o investidor pode investir em dólar com juros de 5% ao ano, conforme os juros americanos se aproximam disso.
Guilherme Zanin, analista da Avenue

A vantagem é diversificar.

No exterior existem mais empresas e países emissores de títulos de renda fixa, permitindo ao brasileiro diversificar o risco do governo e das empresas brasileiras.
Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad

É preciso ter conta internacional

Pelo menos três instituições oferecem esta modalidade de investimento: Avenue, Nomad e C6.

Na Avenue, é preciso ter uma conta internacional, o que é feito na própria Avenue. Depois, a pessoa precisa transferir o dinheiro para a conta e fazer a conversão do câmbio para a moeda do país onde deseja investir. A corretora possui mais de 800 ETFs (Exchange-Traded Fund) no portfólio, e o investimento mínimo é de US$ 1.

Já na Nomad são 33 opções de ETFs. A pessoa pode investir a partir de US$ 1, mas o valor mínimo para a conversão de reais para dólares é é de R$ 500 (cerca de US$ 100).

O C6 tem títulos públicos e privados e títulos de dívida pública americana. Mas o investimento mínimo é de US$ 1.000.

Qual o rendimento?

Os juros nos Estados Unidos estão altos. A taxa de juros do país está 4,5% a 4,75% e existe a previsão de aumentar mais.

É possível alcançar ganhos entre 5% e 6% ao ano em dólar, dizem os especialistas. Normalmente, em países desenvolvidos essa taxa fica perto de zero. O retorno até pode chegar a 8%, mas são de empresas mais arriscadas.

A taxas de juros no exterior estão muito altas --nunca estiveram tão altas. Então, o investidor consegue se defender dos riscos internos do Brasil com uma rentabilidade super boa lá fora, que nunca foi observada.
Igor Rongel, head de Investimentos do C6 Bank

O retorno do investidor depende de alguns fatores, como o prazo do vencimento do título escolhido, se o ganho é atrelado à inflação ou se tem uma taxa fixa definida na hora da contratação.

É preciso ficar atento às taxas. Os fundos de investimento nos Estados Unidos cobram taxas de administração e performance. Há ainda cobrança do imposto de renda.

No C6, o investidor precisa bancar o custo da manutenção da conta, de US$ 120 (cerca de R$ 600), mais taxa de 0,6% sobre o valor enviado para a conta no exterior, o que incide apenas para valores acima de US$ 10 mil.

Na Avenue, os ETFs têm taxas de administração entre 0,1% e 0,9%, o que varia conforme o fundo, enquanto o pagamento de impostos dos ganhos chegam a 30%. No caso dos bonds, a taxa de administração varia entre 0,1% e 0,8% ao ano, e os tributos sobre rendimento chegam a 15%.

Quais os riscos?

Cuidado para não colocar dinheiro demais lá fora. O head de Investimentos do C6 Bank, Igor Rongel, diz que colocar cerca de 10% do seu patrimônio em ativos no exterior seria o ideal para perfis mais arrojados. "Não é para colocar um percentual muito grande lá fora, já que esses investimentos não devem ser encarados a curtíssimo prazo", afirma.

Há risco da variação do dólar. Se o dólar perde valor, esses investimentos podem sofrer prejuízo. Por outro lado, em caso de alta, aquele investimento poderá ser valorizado.

Considere o risco de calote. Celso Pereira, da Nomad, ainda que a pessoa deve considerar o risco da empresa ou governo pagar o título. Também é preciso ficar atento à liquidez e verificar se é possível resgatar o título quando for necessário ou apenas no vencimento.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.