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Por que C&A é a única ação de moda que está bem na Bolsa no ano

Loja C&A teve prejuízo na pandemia e está se recuperando - Divulgação
Loja C&A teve prejuízo na pandemia e está se recuperando Imagem: Divulgação

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/06/2023 04h00

A C&A (CEAB3) está subindo na Bolsa, diferente de suas concorrentes. Dobrou de valor este ano, enquanto a maioria das empresas do setor de moda desvalorizou, segundo dados do TradeMap.

A C&A Brasil tem 300 lojas em 125 cidades brasileiras, melhorou sua operação e tem espaço para crescer ainda mais. Mas investir nela tem um risco. Veja o que dizem especialistas.

Veja quanto as empresas de moda renderam na Bolsa desde o começo do ano até o fim de maio:

  • C&A (CEAB3) 100,87%
  • SOMA/Farm, Hering (SOMA3) 3,32%
  • Veste /Le Lis, Dudalia e John John (VSTE3) 1,82%
  • Lojas Renner (LREN3) -4,04%
  • Arezzo (ARZZ3) -5,73%
  • Guararapes/Riachuelo (GUAR3) -28,68%
  • Marisa (AMAR3) -48,80%
Fonte: Trademap.

Empresa evoluiu desde o IPO

A C&A era uma empresa muito fechada antes do IPO, a abertura de ações na Bolsa. Pertencia a uma família holandesa - a Brenninkmeijer - e não divulgava nenhuma informação sobre suas operações.

No Brasil, a empresa é independente da operação holandesa, onde a C&A foi fundada em 1841. Há apenas um acordo de uso de marca com a Holanda. O presidente da empresa é Paulo Correia, desde 2015, quando a companhia começou o processo para a abertura de capital

Mas ela se tornou mais aberta a partir de 2019. Ela já abriu capital no Novo Mercado, um grupo de ações que precisa ter ainda mais transparência.

Assim que os primeiros números foram divulgados, o mercado se assustou. "Logo que a empresa abriu seus primeiros números, o mercado se assustou principalmente com o endividamento", diz Victoria Minatto, analista de varejo da Eleven Financial.

A dívida da companhia era muito grande. Em 2018, por exemplo, a empresa devia o equivalente a 50% de seu patrimônio líquido.

Melhorou produção e venda de roupas e ajustou parte financeira

Desde então, a empresa vem melhorando. Uma dessas melhorias foi impulsionada por uma estratégia chamada "Push & Pull", segundo Victoria. "Ela despejava um montão de camisetas azuis em todas as lojas, por exemplo. Não direcionava seus estoque conforme a demanda", explica a analista. Agora, personaliza a produção de acordo com a demanda e a região.

Também melhorou as vendas online. "Quando a pandemia começou, a C&A ainda estava entregando pelos Correios. Demorava até um mês para uma encomenda chegar. Mas logo ela contratou uma transportadora e corrigiu isso", diz Victoria.

O crediário da C&A também não funcionava para aumentar as vendas. A varejista assumiu a operação, que ficava por conta do Bradesco, em janeiro deste ano. Outras empresas de moda também têm seus próprios bancos, como a Renner e a Riachuelo.

Um banco de loja ganha oferecendo crédito, mesmo com risco de inadimplência, já que isso ajuda a impulsionar as vendas na loja. "Quando você dá crédito de R$ 500 no cartão existe um risco de inadimplência, mas bem baixo, porque o valor do limite é pouco. No entanto, é o suficiente para uma pessoa comprar blusinhas na loja", diz Victoria.

Receita e lucro subiram. Todas essas mudanças fizeram a receita líquida de vestuário da companhia saltar 25% entre o primeiro trimestre de 2019 e 2023. No primeiro trimestre deste ano, o lucro bruto acumulou R$ 624,5 milhões, montante 10,1% superior ao dos mesmos meses de 2022.

Parou de queimar dinheiro. Há dois anos, a empresa ainda queimava caixa, lembra André Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital. Ou seja, a empresa gastava mais para vender do que lucrava. Hoje, a C&A tem R$ 1,5 bilhão em caixa, segundo o balanço do primeiro trimestre.

Como está a concorrência

A maior concorrente, a Renner, viu seu lucro despencar 75% no último ano.

A Marisa tem uma dívida de cerca de R$ 600 milhões. A companhia anunciou recentemente que fechará 91 unidades.

A Riachuelo está com o menor valor em Bolsa desde 2016. A empresa teve um aumento de mais de 100% no prejuízo, que chegou a R$ 175,7 milhões no primeiro trimestre de 2023.

Mesmo as que atuam no setor de luxo, com consumidores de maior renda, como Arezzo, Soma e Veste, estão andando para trás da Bolsa - ou se valorizando muito pouco.

A maior parte das empresas culpa um aumento de despesas financeiras por causa dos juros altos. Os juros altos também deixam as famílias mais endividadas, que reduzem o consumo de itens de moda.

Vale investir na ação da C&A?

A operação tem espaço para melhorar ainda mais. "Isso pode impactar positivamente nas ações", diz a analista da Eleven.

Outra coisa que pode ajudar é a migração de investidores da Marisa e de outras companhias para a C&A.

O risco é a despesa financeira - o mesmo que atinge as concorrentes. Elas cresceram 53% do primeiro trimestre do ano passado até os primeiros meses de 2023.

É por isso que o BTG não recomenda a compra, nem a venda de CEAB3. É a mesma classificação da XP.

Mas para a A7 Capital, vale a pena. Com a ação com preço atual de R$ 4,41 (na época do IPO era R$ 17,34), ela ainda está sendo negociada a 50% do seu valor patrimonial. "Se ela chegar a empatar com o valor de seu patrimônio, a valorização pode ser de 100%", diz Fernandes.

Há outras opções para investir no setor de moda

A Riachuelo está melhorando sua operação financeira. Isso pode ajudar a ação a se valorizar no longo prazo, segundo Vitorio Galindo, analista de investimentos da Quantzed.

A ação, segundo ele, está muito barata (R$ 4,52). O valor em Bolsa da empresa não alcança nem o quanto valem os imóveis da companhia. É por isso que ele acredita numa alta no futuro.

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