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'Investi a rescisão de R$ 155 mil na Saraiva, que virou pó', diz empresário

O analista de tecnologia da informação O.L., de 48 anos, investiu R$ 155 mil em ações da Saraiva (SLED4). Era todo o dinheiro de sua rescisão. Quando a empresa teve falência decretada, ele perdeu tudo. Isso porque as ações não são mais negociadas e ele não consegue reaver o valor aplicado.

Como ele teve R$ 155 mil em prejuízo

Investiu dinheiro da rescisão. "Fui demitido em maio. Em setembro, apliquei toda a rescisão no papel. Vai fazer muita falta. Minha esposa tem câncer. Pelo menos tenho ainda a empresa", diz ele. Ele também é dono de uma empresa de treinamentos corporativos, e consegue pagar as contas com os lucros da companhia, diz.

Ele comprou os ativos em setembro, quando a empresa já estava em recuperação judicial. A empresa estava em RJ desde 2018, com uma dívida de R$ 674 milhões na época. A Justiça declarou falência da rede de livrarias no dia 6 de outubro.

Empresa fechou lojas físicas. Em setembro, a empresa encerrou sua operação física e permaneceu apenas com o comércio eletrônico. Dois membros do conselho de administração também renunciaram. Com esse anúncio, as ações chegaram a fechar o dia com alta de mais de 14% - o que o incentivou a aplicar o papel, diz ele.

Investidor diz ter apetite ao risco. Foram altas como essas que animaram O.L., que diz gostar de risco. "Muitos sites recomendavam a ação porque ela oferecia altas de 28%", diz ele, que acompanhava os movimentos por portais especializados em home broker, de compra e venda de ações em um curto espaço de tempo, e redes sociais.

Ele diz que não imaginava que a empresa poderia pedir autofalência poucas semanas depois. No início de outubro, a empresa entrou em falência, com cerca de R$ 310 milhões em dívidas trabalhistas, com editoras, e outros débitos. "A princípio fiquei chocado. Tomei remédio e tudo. Calmante, ansiolítico."

Com a falência, as ações deixaram de ser negociadas. Ele ainda tem mais de 97 mil ações em carteira, que valeriam R$ 155.664. Mas não consegue mais vender essas ações no mercado e reaver o seu dinheiro.

Também perdeu com Americanas

Ele também perdeu dinheiro com as Americanas (AMER3). Em janeiro, depois de descoberta uma fraude fiscal, os ativos das Americanas também passaram por um período de fortes altas e baixas. De olho em ganhar com esses picos momentâneos, O.L. investiu e teve prejuízo. Ele não revelou quanto aplicou na varejista, também em recuperação judicial. As ações das Americanas, porém, continuam sendo negociadas na Bolsa.

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Mas O.L. diz que costuma ter mais estratégia nos investimentos. "Não sou investidor maluco, não. Fiz maluquices baseado no que li em sites e fui influenciado. Mas podemos dizer que, ao investir e, Americanas e Saraiva, fui maluco", afirma.

O.L. também aplica em ações mais tradicionais. Ativos como Petrobras (PETR3 e PETR4), Embraer (EMBR3), Azul (AZUL4), IRB Brasil (IRBR3), Banco do Brasil (BBAS3), Weg (WEGE3), Lojas Quero-Quero (LJQQ3) e os recibos de ações da Nvidia (NVDC34) estão na sua carteira, a qual UOL teve acesso. "No mês passado, recebi rendimentos de cerca de R$ 4.500 e reinvesti", afirma.

Acionistas não devem reaver o dinheiro

Acionistas ficam no fim da fila de pagamentos. Quando uma empresa entra em falência, ela deve vender todo o seu patrimônio e pagar seus devedores. Mas quem tinha ações da empresa fica no fim da fila. "Recebem primeiro os trabalhadores, os credores, os fornecedores e por último os acionistas. Então, pode não sobrar dinheiro para eles", diz Fernando Canutto, advogado especializado em direito empresarial e recuperação judicial sócio do escritório Godke Advogados.

Valor pode não ser suficiente para pagar as dívidas. A Saraiva não tem mais nenhum imóvel dentre seus ativos. Ela tem bens móveis (máquinas e equipamentos, móveis e utensílios) com valor total de cerca de R$ 15 milhões, estoque (486 mil livros, 108 mil itens de papelaria e 28 mil itens de outras mercadorias) com valor total de cerca de R$ 21 milhões, e um valor estimado entre R$ 230 e 250 milhões a receber em processos judiciais.

As chances de reaver o dinheiro são baixas. É o que diz Carlos Moreira Menezes, sócio do escritório Moreira Menezes, Martins Advogados, do Rio de Janeiro. "Geralmente essa companhias já estão com o patrimônio dilapidado e, na pratica, não sobra para pagar os acionistas", afirma.

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Pelo menos outros 12 mil acionistas ficaram no prejuízo com a decisão da rede de livrarias. "A empresa ainda tinha muitos acionistas, a maioria pessoas físicas, quando pediu falência", disse um ex-executivo da Saraiva, demitido em 20 de setembro, quando a varejista demitiu os últimos 180 funcionários e fechou as cinco lojas restantes da rede, que já teve mais de 30 unidades.

Se empresa agiu de má-fé, acionistas podem brigar na Justiça. Se os acionistas provarem que os comunicados feitos pela Saraiva ao mercado foram de má-fé, para inflar o comportamento das ações (como a subida que ocorreu em 21 de setembro), pode ser aberta uma ação. Mas, segundo, Canutto, até agora não existe evidências disso. Além disso, um processo desse, feito junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) renderia no máximo uma sanção administrativa a empresa. Não haveria recursos para diminuir o prejuízo dos acionistas.

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