Guerras e inflação: quais são os investimentos mais seguros em crises?
O mundo não está passando por um momento tranquilo - e isso afeta os seus investimentos. A guerra entre Israel e Hamas, o conflito na Ucrânia e a inflação alta nos EUA e na Europa, entre outros, fazem com que investidores se voltem a lugares mais seguros para deixar o dinheiro. Veja quais são eles e descubra como investir.
Economia não sairá ilesa com guerra no Oriente Médio
Prejuízo da guerra pode ser grande para a economia global, além, é claro, da perda de milhares de vidas. Durante um fórum de investidores na Arábia Saudita, o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, alertou sobre a sua preocupação e disse que "estamos diante de uma conjuntura muito perigosa".
Envolvimento do Irã pode mexer no preço do petróleo. Caso o país realmente entre no confronto, é possível que as exportações de petróleo caiam. Também pode afetar o transporte pelo Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, uma das rotas mais importantes para a commodity. A consequência disso é desencadear a inflação e juros - não só na região, mas em todo o mundo.
Israel tem influência no mercado de ações, e está em forte queda. Mais de cem empresas israelenses estão listadas nas Bolsas dos EUA, sendo o quarto maior número de negócios cotados na Nasdaq, depois dos Estados Unidos, Canadá e China. Um levantamento da Quantum mostrou que ETFs e índices de ações da bolsa de Tel Aviv caem até 15% desde o dia 7 de outubro.
83% dos brasileiros acreditam que a guerra tenha impacto negativo sobre a economia brasileira. O dado é da pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Fica bastante difícil cravar um prazo para as principais crises se amenizarem ou se estabilizarem, até porque vivemos um jogo entre oferta e demanda.
Vladimir Feijó, professor de relações internacionais
Inflação nos EUA e no mundo levam a alta de juros
A economia dos EUA vive uma alta na inflação. Nos 12 meses encerrados em setembro, a inflação nos EUA foi de 3,4%, alto para o país. Para tentar controlar a alta de preços, o Fed, banco central americano, está aumentando os juros.
Os títulos do Tesouro dos EUA, chamados Treasuries, estão disparando. O rendimento bateu 5% pela primeira vez desde 2007. Os juros dos títulos com vencimento em 10 anos são de 4,928% e o de 30 anos, de 5,062%, patamares considerados altos.
Por isso, há uma preferência maior pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. É considerado o investimento com o menor risco de crédito do mundo, já que o responsável pelo pagamento é o governo norte-americano. Por isso, gestores internacionais gostam de alocar uma parte do portfólio neles quando o cenário mundial está incerto. Assim, tiram dinheiro de outras aplicações, inclusive a Bolsa brasileira, que acaba caindo.
Cenário desafiador leva a corrida por segurança
Os investidores correm para ativos seguros. São os investimentos que sofrem menos com um cenário incerto, entregando retornos confiáveis mesmo em momentos de crise. Isso envolve migrar de ativos da renda variável para a renda fixa, que é bem menos arriscada, diz Felipe Spritzer, especialista em investimentos, fundador e CEO da Portfel, empresa de consultoria de investimentos do Grupo Primo.
A Bolsa de Valores pode oscilar muito, e investidores preferem ações mais estáveis. A dica é ficar de olho em ações mais defensivas, como empresas do setor elétrico e de saneamento, que tendem a ser mais resilientes, diz Vladimir Feijó, professor de relações internacionais da Faculdade Arnaldo, de Belo Horizonte.
Ações valem para quem tolera mais risco. Se o investidor está em dúvida se deveria ou não investir na Bolsa neste momento, a pergunta é: "Tenho disposição de continuar investindo em ações, tanto nos momentos de baixa quanto de alta?". Se for o caso, não faz diferença se estamos ou não vivendo uma crise global, diz Spritzer.
A perspectiva de baixo crescimento derruba o preço das ações, ao mesmo tempo que os juros freiam novos investimentos e o retorno da renda fixa se torna negativo pela marcação a mercado.
Felipe Spritzer, fundador e CEO da Portfel
Onde você pode investir
Renda fixa é uma opção muito interessante, mesmo para quem tem o perfil agressivo. Uma boa alocação de recursos funciona tanto nos momentos de euforia quanto de desespero, dizem os especialistas.
Títulos como CDBs e Tesouro Nacional são opção. Esses produtos financeiros são acessados de maneira simples, através de qualquer corretora de valores. Dá para investir a partir de R$ 1 em alguns CDBs de liquidez diária, e os títulos do Tesouro têm investimento mínimo de, aproximadamente, R$ 30. O Tesouro Selic pode ser até uma opção para a reserva de emergência, por exemplo.
Dólar ganha força mundo afora em momentos de crise. A moeda é historicamente mais sólida do que as outras, oferecendo mais estabilidade. "Isso não quer dizer que o dólar, por conta própria, seja um bom investimento, pois sendo uma moeda, a tendência é que ele não sofra grandes ou que passe períodos longos sem subir ou cair muito", diz Felipe Spritzer.
A dica é buscar por ativos em dólar. É o caso de certos ETFs, fundos que seguem os índices das bolsas americanas, ou ações de empresas dos EUA, através dos BDRs, recibos de ações que são negociados por aqui.
Entre grandes gestores, cresce a demanda cresce pelos títulos do Tesouro dos EUA. Dá para investir diretamente em títulos de renda fixa do Tesouro americano, mas sai caro. Cada título custa em torno de US$ 50 mil. É uma forma de ganhar com a renda fixa americana, já que os juros estão em alta. O caminho mais acessível é por meio de fundos.
Ouro também entra no protagonismo. O ativo é considerado um refúgio em tempos de tensão e incerteza, diz Feijó. O ouro está custando quase US$ 2.000 por onça-troy, a unidade de medida do metal, alta de 4,4% em um mês.
E como investir em ouro? O investimento é através dos fundos (nacionais e internacionais) focados no metal. Também dá para comprar ETFs, que são negociados na Bolsa de Valores, que são mais acessíveis que os fundos. Um exemplo é o GOLD11. Além disso, existem os contratos futuros, que são mais arriscados e complexos. Até é possível comprar ouro físico, com algumas burocracias, mas essa opção está caindo em desuso.
Diversifique a carteira
Entenda o seu objetivo. Saber o motivo pelo qual está investindo é uma das maneiras de decidir onde aplicar o seu dinheiro. Assim, analise o prazo de vencimento e quanto precisa no final.
Crie uma reserva de emergência. Opte por ter uma quantia salva e com liquidez em caso de imprevistos, para não precisar ter prejuízos e retirar um investimento antes do tempo.
Mescle ativos com diferentes riscos. Você pode dividir o seu patrimônio em renda variável e renda fixa, medindo pelo grau de risco. É uma forma de otimizar os ganhos e mitigar as possíveis perdas, sem deixar tudo em um único produto.
Tome cuidado para não abrir mão de bons investimentos só porque estão passando por uma fase ruim. Se você tem 40% da sua carteira em bons ativos de renda variável, não quer dizer que precise migrar tudo para ativos mais seguros - depende da sua capacidade de tolerar riscos e quedas.
Uma boa carteira de investimentos é algo complicado de administrar. Porque além da parte financeira, existe ainda toda uma questão psicológica envolvida. A sugestão é ter calma e buscar a ajuda de bons profissionais de investimento, diz Spritzer.
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Aulão: De endividado a investidor: como sair das dívidas e ter mais dinheiro
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