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Valid é desconhecida, mas já subiu 113% na Bolsa e está no seu cotidiano

A ação da Valid (VLID3) não faz parte do Ibovespa, que reúne os papéis mais negociados da Bolsa de Valores brasileira. Mas está na vida de todos os brasileiros - afinal, 120 milhões de RGs do país foram emitidos por ela. Ela também atua com cartões de banco e com chips de celulares.

A ação vem chamando a atenção dos investidores. Somente este ano, a ação da companhia já subiu 113,31% (até 10 de novembro), segundo a Economatica, passando de R$ 9,21 no começo de janeiro para os atuais R$ 18,21. Essa alta fez a Valid ser a 11ª maior alta da Bolsa, à frente de Petrobras (PETR3 e PETR4), por exemplo, cuja ação preferencial teve valorização no ano de 76,04% em 2023.

O que faz a Valid?

A companhia já tem 66 anos de mercado e mudou ao longo do tempo sua atividade. No passado, ela produzia papel-moeda para a Casa da Moeda, certificados de ações, talões de cheques e outros materiais - operação que já não tem hoje. No início, ela se chamava Thomas DeLa Rue. Depois mudou de nome para American Banknote, posteriormente ABnote e somente em 2010 virou Valid e se concentrou em identificação digital.

Hoje a Valid é uma multinacional de identificação. A companhia atua em 42 países. "A gente diz que todo brasileiro tem um produto da Valid e não sabe", afirma Ivan Murias, presidente da empresa."Mas como nossos clientes não são as pessoas físicas, e sim as empresas e governos, somos desconhecidos do grande público."

A gente atua em três campos: o de identificação, que inclui o RG, o de meios de pagamento e o de conectividade segura.
Murilo Lico, diretor de marketing da Valid

Boa parte dos RGs é feita pela Valid. A empresa é a maior emissora de documentos oficiais do Brasil - é a responsável pela emissão de 80% das CNHs e 60% dos RGs do país. Ela emite o RG para 14 estados, como São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Até agora em 2023, foram emitidos 21,8 milhões de documentos no país.

A Valid também fabrica cartão de banco. Os cartões, chips de pagamento e as antenas que ficam dentro no plástico representam a maior parte da sua receita. Ela está entre os dez maiores fabricantes de cartão do mundo. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, a companhia emitiu 15,8 milhões de cartões de crédito e débito no Brasil e na Argentina.

Além disso, faz chips para celulares, os SIM Cards. Segundo a empresa, ela é a terceira maior fornecedora de SIM Cards de todo o mundo. Em 2022, foram 259 milhões de SIM Cards vendidos no mundo.

A empresa faz parceria com o governo Estônia — país mais digitalizado do mundo. O objetivo da imersão, que leva executivos e clientes da Valid para lá, é entender como melhorar a eficiência dos serviços públicos através do modelo de governo digital que é aplicado na Estônia.

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Não tem acionista controlador. O Alaska Asset Management, gestora de recursos, é o maior acionista, com 28,76% da empresa. O BTG Pactual tem 10,81%. 48,47% está nas mãos de outros investidores, na Bolsa.

Tem clientes de peso. Entre seus maiores clientes do setor privado estão a CPFL (CPFE3), a Vivo (VIVO3), o Nubank (ROXO34), a Caixa Econômica Federal, o Magazine Luiza (MGLU3) e o Itaú (ITUB4).

Por que o papel da empresa cresceu tanto?

A Valid passou por uma reestruturação. Ela vendeu a divisão de agro (que fazia o rastreio de safras) e também uma operação nos Estados Unidos. "Essa operação de carteiras de motoristas nos Estados Unidos trazia prejuízos e atrapalhava o resultado consolidado da Valid", diz Malek Zein, analista do TradersClub (TC).

Além da venda das operações, toda a gestão mudou. "É uma empresa antiga, mas que ficou de cara nova. Ela conseguiu reduzir despesas e aumentar a margem de lucro e os ativos em Bolsa responderam a isso", diz Zein.

O endividamento da empresa caiu muito. Há três anos, a relação entre dívida líquida e lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda, em inglês) era de 3,6 vezes. Ou seja, se a empresa quisesse quitar suas dívidas, tinha que usar tudo o que ganhasse por quase quatro anos para pagar a dívida. Hoje, o endividamento está em 0,2 vez.

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Resultados também melhoraram. Nos nove primeiros meses do ano, sua receita chegou a R$ 1,62 bilhão, alta de 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o lucro normalizado do período disparou. Foi de R$ 175,8 milhões, ante prejuízo de R$ 300 mil nos nove primeiros meses do ano passado. Este ano, já fez três pagamentos aos acionistas. Pagou Juros sobre o Capital Próprio em janeiro, maio e junho.

E vale investir na Valid?

A empresa está na Bolsa desde 2006. Não faz parte do Ibovespa, mas está entre as companhias do índice de Small Caps (SMLL), as empresas em crescimento.

Tem riscos. A empresa tem pouca cobertura de analistas. Por isso fica mais difícil se informar sobre ela.

Outro problema seriam os cartões. O Pix e outros meios de pagamento podem, ao longo do tempo, tirar mercado dos cartões de plástico, o que prejudicaria um dos seus maiores negócios.

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