Para bilionário Barsi, 'best' são as melhores ações da Bolsa para ter renda
Água, energia elétrica e internet são serviços essenciais para a população e que podem gerar uma renda extra para o investidor. Na Bolsa de Valores, estes setores são conhecidos como Best. São os preferidos do bilionário Luiz Barsi Filho, tido como o maior investidor individual da Bolsa brasileira. Entenda como funciona a estratégia e quanto as empresas do setor costumam pagar aos seus acionistas.
O acrônimo Best representa "bancos, elétricas, seguros, saneamento e telecomunicações". São setores básicos da economia, perenes e que costumam ser resistentes a crises e instabilidades na economia e política, segundo Bruno de Oliveira, analista do Ações Garantem o Futuro (AGF), instituição detentora da metodologia de Luiz Barsi Filho no Brasil.
São ações boas para iniciantes
Luiz Barsi Filho diz que esses setores trazem mais segurança e paz para a jornada de investimentos. Ele é, segundo ele próprio, o maior investidor pessoa física da Bolsa brasileira e chegou a receber R$ 1,1 milhão por dia em dividendos no ano passado. Barsi investe nesses setores desde a década de 1970, de olho em acumular uma fortuna para a aposentadoria. Sua fortuna em ações é de cerca de R$ 2 bilhões, segundo a Forbes - ele não revela quanto tem aplicado em ações.
Também são setores mais resistentes a falências. "Quantas empresas de varejo você já viu quebrar? Agora bancos, poucos quebraram. Tem a história do Barão de Mauá que já recuperou o Banco do Brasil. Então, esses setores Best conseguem entregar uma maior segurança para o investidor de longo prazo", diz. Estão presentes no dia a dia, o que pode ajudar investidores a entenderem melhor a empresa.
Invista nesses setores antes de arriscar mais, dizem especialistas. "É como se fosse uma escadaria. Não adianta focar em empresas que podem ser oportunidade ou fora dos setores Best se eu não tenho uma recorrência de dividendos, porque estou me expondo a um risco desnecessário", diz Oliveira. "Estes setores são interessantes não apenas para o investidor iniciante e, sim, para aquele que já tem uma experiência, que busca uma carteira para se aposentar, a tal da renda passiva", afirma.
Tem riscos. Não há garantia de pagamentos de dividendos, e é importante conhecer o histórico da empresa nos últimos cinco ou dez anos, fatores como localização e até o público. No caso da Light, por exemplo, mesmo estando em um setor perene, a empresa está em recuperação judicial e vive em prejuízo.
As empresas também podem variar na Bolsa. Mas os investidores focados em renda passiva tendem a olhar mais o retorno em dividendos do que o retorno total em si, que inclui a variação da ação. Isso porque ele já recebeu dividendos ao longo do tempo, que vão direto para o seu bolso.
Bancos
Dividendos não são garantidos, mas bancos costumam pagar parte dos lucros todos os meses. Isso ajuda bastante no histórico de remuneração dos acionistas. "Pode ser pouquinho, mas quando a gente fala de perenidade, necessariamente estamos falando de um histórico", diz. Para Oliveira, de nada adianta o investidor ter na carteira uma companhia que fique cinco anos sem remunerar os seus acionistas e depois pague dividendos elevados.
Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) pagam juros sobre capital próprio (JCP) todo mês aos investidores. Embora não pague dividendos mensais, o Banco do Brasil (BBAS3) também se esforça para trazer previsibilidade. O banco é um dos preferidos de Luiz Barsi Filho e, na última década, teve um dividend yield médio de 7,05%. Até o momento, em 2023 o retorno em dividendos é de 9,90%. O Santander (SANB11) não fica atrás e até o momento já anunciou cinco proventos em 2023.
Energia
O setor de energia tem algumas das empresas que mais pagam dividendos. Também é um dos mais perenes, porque o desenvolvimento do mundo está relacionado à questão energética.
O setor está dividido em três segmentos: geração, transmissão e distribuição. As empresas geradoras produzem energia, através de fontes hidroelétricas, eólicas, solares ou renováveis. As transmissoras levam a energia do ponto A ao ponto B e recebem uma remuneração fixa por isso, enquanto as distribuidoras fazem chegar essa energia aos consumidores.
Barsi Filho investe no setor. Luiz Barsi Neto, e assessor do MMBarsi Investimentos e filho de Luiz Barsi Filho, comenta de algumas empresas que o pai tem ou já teve em carteira: Isa Cteep (TRPL4), Taesa (TAEE11), AES Brasil (AESB3), Cemig (CMIG4), Auren (AURE3) e Eletrobras (ELET6).
A Taesa (TAEE11), por exemplo, tem retorno em dividendos de 6,69% a 16,14% desde 2013. Já em relação ao seu payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) da transmissora, este foi de entre 65% e 95% do lucro líquido contábil de 2009 até 2022. Pelo seu estatuto, a empresa só tinha a obrigação de distribuir 50%.
Seguros
Setor não é tão forte no Brasil, mas tem espaço para crescer. O crescimento de seguros para carros que beneficiaria empresas como a Porto Seguro (PSSA3), BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3).
As duas últimas remuneram os seus acionistas de forma parecida. A BB Seguridade paga dividendos semestrais, em fevereiro e agosto, e costuma distribuir 70% do seu lucro ou mais. Já a Caixa Seguridade também paga dividendos semestrais, geralmente em maio e novembro. A seguradora costuma distribuir 90% do seu lucro em proventos. Já a Porto Seguro geralmente anuncia dividendos três vezes ao ano.
Tem estabilidade. "Recentemente, a BB Seguridade comunicou que, mesmo em ambiente econômico bom ou ruim, consegue equilibrar seus resultados. Essa estabilidade é boa para o investidor", diz Oliveira.
Saneamento
No saneamento, há três companhias: Sabesp (SBSP3), Sanepar (SAPR4) e Copasa (CSMG3). O analista do AGF destaca a importância de universalizar os serviços de saneamento e o impacto que estes têm na saúde da população. "Temos movimentos políticos, econômicos e sociais para que este setor continue sendo muito perene e resiliente", afirma.
Sanepar é uma que a maioria dos investidores tem em carteira. "Ela é generosa com o acionista, mas só paga uma vez por ano. Anuncia dividendos várias vezes, mas normalmente ela paga tudo em junho do próximo ano", diz.
Telecom
O setor de telecomunicações é quase um oligopólio no Brasil, porque tem apenas duas companhias fortes: a Vivo (VIVT3) e a Tim (TIMS3). A Oi (OIBR3) está em recuperação judicial. "Viver em sociedade é se comunicar. Há quem goste e há quem não, mas se você pega uma Vivo tem dados sólidos e um histórico muito bom", diz.
Quanto você ganha em 10 anos investindo R$ 100 todo mês
Veja quanto as empresas pagaram em dividendos na última década. Um levantamento feito por Felipe Pontes, cofundador da L4 Capital, calculou quanto um investidor teria acumulado de patrimônio e de renda se tivesse investido R$ 100 todo mês e reinvestido os dividendos recebidos durante dez anos em algumas empresas dos setores Best — o investidor teria aplicado R$ 12 mil, além dos dividendos, no acumulado de 10 anos.
Banco do Brasil (BBAS3)
Dividend yield médio em 10 anos: 7,05%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 7.284,98
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 20.484,98
Taesa (TAEE11)
Dividend yield médio em 10 anos: 11,59%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 13.122,64
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 26.322,64
Telefônica (VIVT3)
Dividend yield médio em 10 anos: 7,42%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 7.165,25
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 20.365,25
Sanepar (SAPR4)
Dividend yield médio em 10 anos: 7,53%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 7.494,66
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 20.694,66
BB Seguridade (BBSE3)
Dividend yield médio em 10 anos: 6,98%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 6.182,53
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 18.182,53
Isa Cteep (TRPL4)
Dividend yield médio em 10 anos: 6,83%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 7.058,24
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 20.258,24
Santander (SANB4)
Dividend yield médio em 10 anos: 7,33%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 7.059,40
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 20.259,40
Cemig (CMIG4)
Dividend yield médio em 10 anos: 9,10%
Dividendos recebidos em 10 anos: R$ 8.719,14
Patrimônio acumulado com dividendos em 10 anos: R$ 21.919,14
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