Casal preparava donuts em casa; hoje tem rede de lojas e fatura R$ 18 mi

Os noivos Isadora Negrão, 20, e Gabriel Lopes, 25, comeram pela primeira vez donuts no aeroporto de Bogotá (Colômbia), em 2019. De volta ao Brasil, não encontraram o doce em Bauru (SP), onde moravam. Decidiram fazer donuts em casa, pesquisando a receita na internet. Logo, começaram a vender para fora. O negócio explodiu na pandemia, com o delivery. Hoje, a rede da Bem Querer Donuts tem 21 unidades e, em 2023, faturou R$ 18 milhões.

Como eles começaram o negócio

Casal experimentou donuts durante uma viagem. Isadora e Gabriel viajaram para o Panamá, em janeiro de 2019, para participar da Jornada Mundial da Juventude (evento que reúne jovens católicos do mundo todo). Na volta, durante uma conexão no aeroporto de Bogotá, eles compraram donuts para experimentar. "A gente nunca tinha comido donuts antes. Apenas o conhecíamos da série 'Os Simpsons'", diz Isadora. Na época, Isadora e Gabriel eram namorados e tinham 15 e 20 anos, respectivamente.

Meses depois, o casal diz ter procurado donuts para comprar em Bauru. Mas não encontraram o doce na cidade. O que eles fizeram? Decidiram aprender a preparar. Para isso, pesquisaram uma receita na internet e compraram os ingredientes. Gastaram R$ 273. "Aprendemos a fazer os donuts com um vídeo no YouTube", declara Isadora.

Decidimos fazer para matar a vontade, mas já com segundas intenções de vender. A gente não sabia nada de confeitaria. Daí, pegamos uma receita na internet e fizemos em casa.
Isadora Negrão, sócia da Bem Querer Donuts

Eles começaram a vender os donuts para amigos e familiares. Isadora vendia na escola (na época, ela estava no segundo ano do ensino médio) e Gabriel, na faculdade. Marluce, a mãe de Gabriel, também vendia no trabalho. Na época, o preço do donut variava de R$ 5 a R$ 7. Toda a produção era feita na casa de Marluce.

Logo que a gente começou a vender, já abrimos um Instagram da marca Bem Querer Donuts. Começamos a postar, e as encomendas foram aumentando. Tudo ainda restrito a Bauru.
Isadora Negrão, sócia da Bem Querer Donuts

As entregas eram feitas pelo próprio casal. Segundo Isadora, eles prepararam a massa de manhã e faziam as entregas no final da tarde, de carro. Em média, eram dez pedidos por dia.

Isadora e Gabriel são os únicos sócios no negócio. Ela ocupa o cargo de diretora de marketing, e ele, de diretor comercial.

Marca deu "boom" na pandemia

A empresa ficou fechada por 40 dias durante a pandemia. Isadora diz que eles decidiram retomar a produção, devido à quantidade de pedidos. "Foi aí que a empresa deu um 'boom'. As encomendas tiveram um aumento de 300%", afirma.

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Em março de 2020, paramos por 40 dias na esperança de que tudo voltaria ao normal. Porém, não voltou. Durante esse período, os clientes pediam muito o retorno das entregas. Quando retornamos em maio, o delivery passou a ter muitos pedidos. Foi nesse período que contratamos o primeiro entregador e deixamos de fazer as entregas. Em julho de 2020, já estávamos trabalhando com 12 entregadores por dia.
Isadora Negrão, sócia da Bem Querer Donuts

Mudança de local. Em junho de 2020, eles montaram uma cozinha exclusiva para a preparação dos donuts, na área de lazer da casa de Marluce. Em maio do ano seguinte, a empresa foi transferida para uma casa inteira, com local para preparação dos donuts, estoque, escritório, etc. Apenas em setembro de 2022 é que a produção foi transferida para a fábrica atual, um espaço maior de 800 metros quadrados em Bauru. São produzidos cerca de 95 mil donuts por mês.

Em 2021, a marca lançou um modelo de carrinho para levar os donuts para eventos e feiras de condomínio e de rua. O carrinho custa R$ 6.500 e pode ser adquirido pelas franquias.

Sabores doces e salgados no cardápio

Bem Querer Donuts tem 30 sabores no cardápio, entre doces e salgados
Bem Querer Donuts tem 30 sabores no cardápio, entre doces e salgados Imagem: Divulgação

São 30 sabores no cardápio, entre doces e salgados. O mais vendido é o Kinder Bueno (com recheio de brigadeiro de ninho com Nutella e cobertura de chocolate Kinder Bueno, da marca Ferrero). Outro sucesso é o Bem Querer (composto de Nutella, ninho, morango, Kinder Bueno e chocolate). Os preços variam de R$ 17,99 (tamanho M, média de 150g) e R$ 23,99 (tamanho G, média de 250g).

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A marca tem ainda donuts salgados, como de fricassé de frango, cheddar e bacon e de quatro queijos. Os preços variam de R$ 16,99 (tamanho M) e R$ 22,99 (tamanho G). O tíquete médio é de R$ 30.

Até o final do ano, a marca deve incluir milk shake no cardápio. A expectativa, segundo Isadora, é aumentar em 20% o faturamento das unidades.

Franquia custa a partir de R$ 250 mil

A primeira loja física da marca foi aberta em 2021 no Bauru Shopping, em Bauru. "Esse momento foi onde transformamos a empresa, de fato, em um comércio físico. As filas eram gigantes por três meses. Recuperamos o investimento em seis meses", diz Isadora. O investimento foi de R$ 300 mil.

Hoje, a rede tem 21 unidades em cinco estados (SP, MG, GO, PA e CE). Destas, quatro são próprias e 17 são franquias. Outras quatro estão em implantação.

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Para abrir uma franquia da marca, o investimento é a partir de 250 mil. Os modelos de negócios são o de quiosque, loja de rua e loja de shopping. O faturamento médio mensal varia de R$ 60 mil a R$ 100 mil; O lucro vai de 14% a 18% do faturamento.

Em 2023, a empresa faturou R$ 18 milhões. O lucro não foi revelado. Segundo Isadora, 40% das vendas da rede são provenientes de delivery. A marca está em dois aplicativos de delivery: iFood e Goomer.

Diversificar o portfólio ajuda a sobreviver

O desafio da marca é diversificar os produtos, para além dos donuts. É o que diz Cássio Ferraro, consultor de planejamento estratégico do Sebrae-SP. "Diversificar os produtos, e não só os sabores, é uma alternativa pela sobrevivência dentro do mercado em que a empresa atua. Afinal, há outras marcas no mercado que se tornaram especialistas no mesmo produto", afirma.

"Quando uma empresa consegue solidificar sua marca e transferir o seu valor para outros produtos, ela garante a recorrência dos clientes, já que eles vão pensar: 'Como o donut é muito bom, qualquer outro produto que venha da marca é tão bom quanto'. Essa é uma tendência que deveria acontecer", afirma.

Cuidado com a moda, que pode ser passageira. "O donut não é nosso; veio de fora. O ponto negativo é justamente esse: o consumidor descobre o produto, mas depois pode querer experimentar outras coisas novas. Portanto, o empreendedor tem que entender a recorrência da compra da sua clientela", diz.

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