5 pontos para entender as estratégias da nova presidente da Petrobras
O mercado gostou, em linhas gerais, da primeira entrevista a jornalistas da nova presidente-executiva da Petrobras (PETR3 e PETR4), Magda Chambriard. "De muitas maneiras, ela sugeriu uma estratégia semelhante à seguida nos últimos anos, na qual prevalece a coerência econômica", segundo relatório do banco BTG Pactual sobre o encontro. A principal executiva da petroleira falou à imprensa, após o fechamento do mercado, na segunda-feira (27).
Nesta terça-feira (28), as ações abriram em alta. Por volta do meio-dia, PETR3 subia 2,02% para R$ 39,48 e PETR4 tinha alta de 2,46%, para R$ 37,92. No mês de maio até agora, PETR3 já perdeu 10,8% do valor e PETR4, 5,8%, conforme dados da Investing.com.
Veja a seguir os principais pontos abordados por Magda Chambriard e o que o mercado achou do pronunciamento:
1 - Continuidade
Em linhas gerais, a nova presidente não rompeu com a estratégia da gestão anterior. "Isso é muito importante, Nos últimos oito anos, tivemos oito trocas de presidente. Então é importante ter alguma continuidade nas políticas da empresa", diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. Sobre a possibilidade de interferência do governo na empresa, Magda disse que isso não vai acontecer. "Embora ela admita que vá trocar alguns nomes do comando, isso seria mais um ajuste que uma interferência", diz a especialista.
2 - Dividendos
Magda disse que vai respeitar a "lógica empresarial". "Não há como gerir a Petrobras sem respeitar a lógica empresarial", disse ela, para, na sequência, afirmar que é necessário atender ao mesmo tempo os interesses tanto de acionistas públicos quanto privados. "Se tem lucro, tem dividendos. Nós queremos ter lucro e queremos ter dividendos."
O mercado gostou bastante disso. "Nossa posição optimista em relação à nova executiva baseia-se na capacidade da empresa de continuar distribuindo dividendos volumosos", publicou o BTG.
3 - Política de preços de combustíveis
A política de preços de combustíveis da estatal seguirá "abrasileirada". Ou seja, as regras criadas pelo presidente anterior, Jean Paul Prates, seguem inalteradas. Desta maneira, a companhia continuará com maiores intervalos de reajustes.
4 - Novos investimentos
Os investimentos em refinarias também permanecerão. Fusões e aquisições estão em estudo. Magda disse que quer "acelerar" a exploração de novas reservas, incluindo na região próxima à foz do rio Amazonas.
A Margem Equatorial se estende pelo litoral do Rio Grande do Norte ao Amapá. Engloba as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. Em seu Plano Estratégico 2024-2028, a Petrobras previu investimentos de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na Margem Equatorial. A expectativa é perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.
Mas o Ministério do Meio Ambiente se opõe a esse projeto. "O MMA precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade do país e da Petrobras de explorar petróleo e gás até para liderar a transição energética", disse a presidente.
Esse é um grande ponto de tensão ao qual o investidor precisa estar atento. É o que diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. "A Petrobras precisa ter um bom relacionamento com o Ministério do meio Ambiente se não ela não vai conseguir as licenças necessárias para exploração da Margem Equatorial", diz o especialista.
4 -Transição energética
Explorar novas fontes, que não o petróleo, continuará como parte da estratégia da empresa. Magda enfatizou a importância de fazer tudo isso enquanto a Petrobras continua explorando e produzindo no Brasil reservatórios de petróleo e gás (incluindo a margem equatorial). Para o BTG, esse é um ponto positivo pois os combustíveis fósseis são o principal gerador de ganhos para a empresa e os acionistas.
5 - Produtividade
A presidente disse mais de uma vez que o foco de sua gestão vai ser acelerar as atividades de exploração. Ou seja, a procura por petróleo para repor as reservas da estatal. Ela lembrou que as reservas de óleo da empresa, ainda muito baseadas no pré-sal, entrarão em declínio a partir de 2030. "A nova executiva também ressaltou que quer investir em refino, o que é bom pois gera valor para a companhia", diz Arbetman.
Acabou o risco de Petrobras?
Não, diz o BTG. "Reconhecemos que a percepção de risco permanece superior à de alguns meses atrás e que os investidores deveriam ficar de olho em tópicos relativamente novos", publicou o BTG.
O maior deles é o plano acelerar investimentos. A Petrobras quer ajudar no desenvolvimento de um setor produtor de fertilizantes no país e reforçar a indústria. "Isso poderia reduzir o retorno sobre o capital investido da empresa mais adiante", divulgou o BTG.
Essa é uma questão que gera muitas dúvidas no mercado. "É um ponto de aversão a risco porque a Petrobras não tem um bom histórico de administração de refinarias ou de investimentos", diz Ariane.
O que fazer com as ações?
O BTG recomenda a compra, mas não tem preços alvo para PETR4 e PETR3. Para PETR4, a mais negociada, a XP recomenda a compra, pois o preço atual pode chegar a R$ 45,10 em 12 meses, com valorização de 18,78 %.
Para PETR3, o Banco do Brasil recomenda ficar neutro. Melhor não comprar, nem vender. O banco acredita que até dez, a ação pode chegar a valer R$ 47.
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