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Maior banco da Dinamarca é investigado por lavagem de dinheiro

Prédio do Danske Bank em Copenhague, na Dinamarca - Jacob Gronholt-Pedersen/Reuters
Prédio do Danske Bank em Copenhague, na Dinamarca Imagem: Jacob Gronholt-Pedersen/Reuters

04/10/2018 14h48Atualizada em 04/10/2018 15h13

Copenhague, Dinamarca, 4 Out 2018 (AFP) - O Danske Bank, banco mais importante da Dinamarca, afetado pelo "maior caso de lavagem de dinheiro na Europa", recebeu um novo golpe nesta quinta-feira (4) com a abertura de uma investigação das autoridades americanas e a ameaça de uma multa colossal.

"O Danske Bank recebeu pedidos de informação por parte do Departamento de Justiça americano em relação a uma investigação criminal sobre a filial estoniana do banco", escreveu a entidade financeira em um comunicado.

"Cooperamos com as autoridades na investigação. É muito cedo para especular sobre as conclusões dessas investigações", afirmou o diretor interino do banco, Jesper Nielsen.

A filial estoniana do banco está no centro do escândalo depois que, segundo um relatório solicitado pelo próprio banco, viu transitar entre 2007 e 2015 quase 200 bilhões de euros através de contas de 15 mil clientes estrangeiros não residentes na Estônia. As transações foram feitas em euros e dólares.

Parte importante dos fundos foi considerada suspeita, o que poderia elevar a quantia de dinheiro sujo, procedente essencialmente da Rússia.

A apresentação do relatório provocou, em meados de setembro, a renúncia do diretor-geral da instituição, Thomas Borgen. O diretor do banco para a Dinamarca, Jesper Nielsen, agora ocupa o banco interinamente.

A extraterritorialidade das leis americanas graças à lei Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), de 1977, permite aos Estados Unidos detectar fraudes de uma empresa no mundo todo, desde que suas transações ocorram dentro do circuito financeiro americano ou sejam feitas em dólares.

Ameaça de multa gigante

O caso, classificado pelo ministro dinamarquês para as Empresas como o "maior caso de lavagem de dinheiro na Europa" --em um país tradicionalmente com baixo nível de corrupção--, é investigado na Dinamarca e Reino Unido e acompanhado de perto pela União Europeia.

A Autoridade Dinamarquesa dos Mercados Financeiros solicitou ao Danske Bank uma reserva de 10 bilhões de coroas (1,34 bilhão de euros, ou US$ 1,54 bilhão) para garantir sua solvência.

O banco anunciou que ampliou seu índice de recursos próprios, e a incerteza permanece para os acionistas. "Atualmente, ainda não há certeza quanto ao valor de uma multa", afirmou o diário econômico Børsen.

Para o analista do Sydbank, Mikkel Emil Jensen, "as autoridades norte-americanas impuseram, historicamente, multas significativas nesses casos, e a probabilidade de uma multa, portanto, aumentou acentuadamente", disse ele à AFP.

Os ministros de Finanças da UE, reunidos esta semana em Luxemburgo, prometeram melhorar as regras europeias de combate à lavagem de capitais.

O fortalecimento dos poderes do organismo regulador bancário europeu, a Autoridade Bancária Europeia (ABE), fundada em 2010, está no centro desta iniciativa.

Os recursos da entidade --cuja sede se mudará de Londres para Paris no ano que vem-- poderão ser ampliados, para garantir uma fiscalização mais eficaz na luta contra a lavagem de dinheiro.

O ministro do Comércio dinamarquês, Rasmus Jarlov, celebrou a proposta da Comissão, chamando-a de "construtiva".

Na Bolsa de Valores de Copenhague, as ações do grupo perderam 3,3%, a 160,8 coroas, em um mercado de baixa (-2,8%) às 13h30 locais (8h30 de Brasília). Desde o começo do ano, as ações do Danske Bank perderam um terço de seu valor.