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Mercado aposta em uma alta de 1 ponto na taxa Selic em março

A sinalização do Copom de que deve reduzir o ritmo de aperto da política monetária não mudou a expectativa do mercado de um aumento de 1 ponto porcentual para a Selic em março - Getty Images/iStockphoto
A sinalização do Copom de que deve reduzir o ritmo de aperto da política monetária não mudou a expectativa do mercado de um aumento de 1 ponto porcentual para a Selic em março Imagem: Getty Images/iStockphoto

Marianna Gualter e Cícero Cotrim

São Paulo

04/02/2022 08h03Atualizada em 04/02/2022 09h09

A sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de que deve reduzir o ritmo de aperto da política monetária não mudou a expectativa do mercado de um aumento de 1 ponto porcentual para a Selic na reunião do colegiado em março, considerando a mediana das estimativas compiladas pelo Projeções Broadcast - o que levaria a taxa básica de juros de 10,75% para 11,75% ao ano.

A possível mudança de rota foi sinalizada pelo Copom no comunicado divulgado na quarta-feira para explicar a puxada da Selic para 10,75%. O colegiado fala que, neste momento, parece mais "apropriado" um aumento inferior ao ritmo de 1,5 ponto que prevaleceu nas três últimas reuniões. O documento, porém, não estabeleceu um consenso no mercado acerca do momento em que o fim do ciclo de aumentos deve ocorrer, com estimativas divididas entre março e maio de 2022.

"O BC tomou um pouco mais de risco nesse comunicado ao adotar a possibilidade de redução do ritmo de alta. Esperávamos que ele deixasse as possibilidades mais abertas, justamente devido às altas recentes da inflação e às pressões sobre os preços", afirmou o economista João Leal, da Rio Bravo Investimentos.

O economista prevê que a Selic mantenha o patamar de 11,75% até o fim de 2022, com um ciclo gradual de cortes somente em 2023, levando a taxa a 8,0% no encerramento do próximo ano. "O BC não deve arriscar reduzir os juros antes de ter um cenário mais claro de como será o próximo governo em termos fiscais", afirma. Leal espera inflação de 5,4% em 2022 e de 3,3% em 2023.

O MUFG Brasil está entre as instituições que esperam aumentos nas duas próximas reuniões do colegiado, com alta de 1 ponto porcentual em março e de 0,50 ponto em maio, levando a Selic até 12,25%. "Achamos que vai além de 12% devido à necessidade de coordenar bem a expectativa de inflação e garantir que, principalmente no ano que vem, fique dentro da meta", disse o economista sênior Maurício Nakahodo.

Inflação

O economista prevê inflação de 4% no fim de 2022, mas explicou que diversos vetores provavelmente devem colocar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima desse nível, como o preço internacional do petróleo e o impacto das chuvas nas safras de grãos, além da retomada da economia após a atual onda de Ômicron. O cenário do economista prevê o início do ciclo de cortes da Selic somente em 2023, com uma taxa de 8,25% no fim do período.

Já o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio de Souza Leal, elevou a projeção de aumento dos juros em março, de 0,75 ponto porcentual para 1,0 ponto, com Selic de até 11,75%. Para ele, o Copom usou o comunicado de fevereiro para limitar estimativas mais extremas. "O fato de ter dito que iria desacelerar o ritmo tirou os extremos dá menos probabilidade de ficar abaixo de 11,75% ou acima de 12,25%. Concentrou as estimativas nesse intervalo", disse Leal. "O BC fez de propósito, para não perder a liberdade, já que os números têm surpreendido tanto pelo lado da atividade, quanto pelo lado da inflação. Como ele mesmo colocou, vai depender dos próximos dados."

As projeções de Leal consideraram que, com um cenário um pouco mais favorável de inflação e atividade, o BC teria espaço para encerrar o ciclo em maio.