Brasil caminha para depressão econômica e replica "década perdida" em só 2 anos, diz Goldman
SÃO PAULO - "Dada a sua excepcional profundidade, largura e comprimento, a contração cíclica em curso do PIB do Brasil está adquirindo algumas características de uma depressão econômica clara (definida como uma recessão longa durando 8 ou mais trimestres que leva a uma queda acumulada do PIB de 10% ou mais)".
Essa é a avaliação do economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, ao comentar a forte queda do PIB do Brasil, de 3,8%, na maior baixa desde 1996.
A recessão econômica começou no segundo trimestre de 2014 e agora são sete trimestres de queda, não mostrando sinais de arrefecimento, afirma o Goldman. O PIB real no final de 2015 foi 7,2% abaixo no primeiro trimestre de 2014, no mesmo nível do quarto trimestre de 2010.
Já para o primeiro trimestre de 2016, a expectativa é de uma queda de 0,65% do PIB na comparação trimestral, ante uma expectativa anterior de queda de 0,4%. "Nesse ponto, esperamos ter atingido a marca de (1) uma longa recessão de dois anos com (2) uma queda acumulada no PIB real per capita de cerca de 10%", afirma.
“Enquanto o setor privado tem se ajustado (o consumo privado caiu 4,0% em 2015), o consumo do governo caiu apenas 1,0%. Isto atesta a dificuldade das autoridades em entregar o ajuste fiscal, além de severos cortes em investimentos e aumentos de carga tributária”, segundo o relatório do banco.
O Goldman ressalta ainda que, para fornecer uma perspectiva histórica valiosa da magnitude da atual recessão econômica, em apenas dois anos (entre o 2º trimestre de 2014 e 1º trimestre de 2016) o declínio no PIB per capita real vai se aproximar de dois dígitos, excedendo facilmente a queda acumulada de 7,6% no PIB real per capita durante a chamada "década perdida de 1980". Esse período engloba 12 anos, entre 1981 e 1992.
Dados do PIB
Puxado sobretudo pelos setores da indústria (-1.4%) e serviços (-1,4%), o PIB brasileiro teve queda de 1,4% no quarto trimestre de 2015 na comparação com o terceiro trimestre do mesmo ano, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. Na base de comparação anual, a queda foi de 5,9%.
No acumulado de 2015, o PIB recuou 3,8%, o que corresponde à maior queda da nova série histórica, iniciada em 1996. Pela antiga série histórica, com metodologia diferente da atual, a retração foi a pior desde 1990, quando o PIB caiu 4,3%.
O IBGE informa ainda que, em valores correntes, o PIB alcançou R$ 5,904 trilhões. Ainda de acordo com o instituto, o PIB per capita fechou o ano marcando R$ 28.876, o que corresponde a uma queda de 4,6% em comparação com 2014.
Já a formação bruta de capital fixo registrou o sétimo trimestre seguido de queda, com retração de 4,9%, seguido pela despesa de consumo das famílias, que recuou 1,3% em comparação com o terceiro trimestre, o que representa o quarto trimestre seguido de queda.
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