PF pediu a prisão de empresários suspeitos de articular greve, diz Marun
O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) afirmou neste sábado (26) que a Polícia Federal já identificou e pediu a prisão de empresários suspeitos de estarem promovendo locaute (espécie de greve coordenada por patrões) no caso da paralisação de caminhoneiros que afeta o país. O movimento grevista entrou no sexto dia e ainda mantém estradas bloqueadas apesar de o governo ter autorizado o uso das Forças Armadas.
Marun disse também que a multa de R$ 100 mil por hora parada aos donos das transportadoras que não desbloquearem as vias e voltarem à atividade já começou a ser aplicada. Ontem, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a aplicação da multa para liberar as estradas bloqueadas.
Marun não entrou em detalhes sobre os pedidos de prisão, afirmando que a PF não oferece mais detalhes ao governo. "Temos hoje a convicção de que, além do movimento paredista, existe o locaute. A Polícia Federal já tem inquéritos abertos para investigar essas suspeitas. Os empresários suspeitos serão intimados", declarou.
Locaute acontece quando os donos das empresas impedem os seus trabalhadores de exercerem suas funções, agindo em interesse próprio e não para atender reivindicações laborais. Diferente da greve, que é um direito previsto na Constituição Federal, a prática de locaute (que vem do inglês e em tradução livre significa trancar) é ilegal.
"A PF já informou que existem pedidos de prisão [de empresário] que estão aguardando manifestações da Justiça”, disse Marun.
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O ministro não apresentou números sobre estradas desbloqueadas e não disse em quais rodovias já há presença das Forças Armadas. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), até as 11h30 havia 596 pontos ativos de bloqueios, em sua maioria parciais e sem prejuízo à livre circulação. Foram registrados 544 pontos desbloqueados no período de meia-noite e 11h30.
O ministro deu as informações em entrevista coletiva a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, após reunião de avaliação do gabinete montado para monitorar a greve, que contou com a presença do presidente Michel Temer (MDB).
Governo pode contratar motoristas
Apesar de vias estarem sendo desbloqueadas, Marun reconheceu que apenas a desobstrução não resolve o problema do desabastecimento se os caminhoneiros continuarem se recusando a voltar ao trabalho. "Desbloqueio é positivo, mas só resolve quando a caminhoneira e o caminhoneiro voltarem a transportar", disse.
Ele disse que o governo vai atuar usando os motoristas que já prestam serviço aos vários órgãos do governo federal e que pode sim vir a contratar outros para transportar cargas. "Podemos contratar, mas não é esse o objetivo, nem a solução. A solução é que os trabalhadores voltem a trabalhar e produzir", acrescentou.
Multa para quem transporta remédio e insumo hospitalar
Ao mencionar a participação de Temer na reunião, Marun disse que o presidente está “muito preocupado com a questão de vidas humanas” e que, por isso, já foi determinada aplicação de multa especificamente para as transportadoras e caminhoneiros que carregam insumos hospitalares e medicamentos.
“Os principais hospitais do país estão em funcionamento, abastecidos, mas os estoques são diminutos. Existe nesse momento uma grande preocupação nessa questão. Foi determinada aplicação de multa em caminhões que estejam transportando insumos de saúde e que estejam parados aderindo ao movimento”, disse.
O ministro da Secretaria de Governo disse que o governo “reconhece justiça” nas reivindicações dos grevistas.
“O governo está sendo até criticado por isso, mas reconhece que existe Justiça em vários itens da pauta de reivindicações que nos foi apresentada e, por isso, negociou e concordou com várias das reivindicações e nós, nesse momento, pleiteamos esse gesto de boa vontade em relação à população brasileira, que está sofrendo em função deste movimento paredista”, disse.
“Nós temos um acordo, esse acordo é uma proposta para todos os caminhoneiros do nosso país. É uma proposta vantajosa. Nós não encerramos o diálogo”, acrescentou.
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