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Greve acelera prévia da inflação a 1,11%, a maior para junho desde 1995

Do UOL, em São Paulo

21/06/2018 09h01

A greve dos caminhoneiros acelerou o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial (IPCA), a 1,11% em junho. A alta de preços foi a maior para um mês de junho desde 1995 (2,25%). Em maio, a taxa ficou em 0,14%

No ano, a prévia acumulada é de 2,35% e, em 12 meses, é de 3,68%. O objetivo é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 3% e 6%.

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Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (21). Os preços de alimentos e bebidas (1,57%), habitação (1,74%) e transportes (1,95%) foram os que mais pesaram no resultado.

Greve dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros durou 11 dias em maio e, além de afetar a economia, também levou o governo a anunciar medidas para reduzir os preços do diesel.

Os protestos bloquearam rodovias, praticamente paralisando setores importantes e prejudicando o abastecimento de alimentos, combustíveis e outros produtos.

A equipe econômica do governo estima que o impacto da greve custou ao país R$ 15 bilhões, ou 0,2% do PIB (Produto interno Bruto). 

Combustíveis

O preço dos combustíveis subiu 5,94% em junho. O destaque foi a gasolina, com alta de 6,98%, responsável pelo maior impacto individual no índice (0,31 p.p.), o que representa 28% do IPCA-15.

O etanol também ficou mais caro (2,36%), após a queda de preços (-5,17%) registrada em maio. O óleo diesel subiu 3,06%. 

Alimentos e energia mais caros

Os preços dos alimentos, que em maio registraram queda de 0,05%, subiram 1,57% em junho, impulsionados principalmente pela alimentação em casa. 

Entre os itens que ficaram mais caros estão:

  • batata-inglesa (45,12%)
  • cebola (19,95%)
  • tomate (14,15%)
  • leite longa vida (5,59%)
  • carnes (2,35%)
  • frutas (2,03%)

No grupo habitação, a energia elétrica subiu 5,44%, segundo o IBGE. A conta de luz ficou mais cara neste mês devido ao acionamento da chamada bandeira tarifária vermelha nível 2, o mais elevado para as cobranças adicionais. 

Além disso, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Fortaleza e Porto Alegre tiveram aumentos nas tarifas. 

Expectativa em 2018

A expectativa de analistas consultados pelo Banco Central (BC) é que a inflação termine 2018 em 3,88%, dentro do limite da meta deste ano. 

Inflação abaixo da meta em 2017

A inflação fechou 2017 em 2,95% e ficou abaixo do limite mínimo da meta do governo pela primeira vez na história. Foi a menor inflação anual desde 1998 (1,65%).

No início deste ano, o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, enviou carta ao então ministro Henrique Meirelles dizendo que a meta não foi cumprida no ano passado devido à queda nos preços dos alimentos, após safras recordes. A carta é uma exigência em caso de descumprimento da meta de inflação. 

Juros X Inflação

Os juros são usados pelo BC para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar a queda dos preços. Quando a inflação está baixa, como agora, o BC derruba os juros para estimular o consumo.

Na quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária do BC decidiu manter a taxa de juros em 6,5% ao ano, no menor nível da história (o Copom foi criado em 1996). 

Metodologia

O IPCA-15 refere-se às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, considerada a inflação oficial; a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

(Com Reuters)