Brasil exporta até pênis de boi e farinha de sangue, penas e ossos
Já pensou em comer pênis de boi? Pois a carne é iguaria em Hong Kong, e o Brasil exporta o produto para lá. De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), 95% da exportação de "despojos não comestíveis de bovinos" (como são classificados pênis, tendões e artérias) vai para Hong Kong. O Brasil também exporta farinha feita de penas, sangue e ossos, para fabricação de ração de animais.
No ano passado, apenas o setor de despojos movimentou cerca de US$ 400 milhões com 150 mil toneladas exportadas. Em 2018, as exportações brasileiras de carne bovina bateram recorde: 1,64 milhão de toneladas (11% a mais que em 2017).
"Do boi, tudo se aproveita. Mas existem certos subprodutos que não têm consumo doméstico no Brasil, por força de cultura de não consumi-los. Mas os chineses comem e apreciam", afirmou Péricles Salazar, 70, presidente da Abrafrigo, que representa os exportadores deste tipo de produto.
"Os chineses colocaram tudo dentro da panela junto com os temperos e caldos, e aquilo vira uma espécie de sopão", disse Salazar. O pênis bovino seria afrodisíaco.
Exportação de farinha de sangue, penas e ossos
Outro produto que o Brasil exporta são farinhas de origem animal, que são feitas de partes não comestíveis do abate, como penas, ossos, sangue e vísceras.
Os produtos (farinhas de sangue, de carne e ossos bovinos, de carne e ossos suínos, de vísceras de aves, de penas hidrolisadas e de peixes) são usados na fabricação de rações para pets e outros animais, como aves, suínos, peixes e crustáceos.
De acordo com a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), o setor exportou 180,7 mil toneladas de farinhas de origem animal e movimentou US$ 92,8 milhões no mercado internacional em 2018. A previsão é um crescimento de 25% nas exportações neste ano. Os principais mercados são Chile (31,9%) e Vietnã (21,6%).
Produtor brasileiro descobriu nicho de mercado
O presidente da Abrafrigo disse que, até o final da década de 1990, o produtor brasileiro descartava esses subprodutos do boi ou os transformava em farinha para alimentar os animais.
"Algumas empresas surgiram e começaram a aproveitar esses despojos. O feeling do produtor brasileiro descobriu esse nicho do mercado", afirmou. O comércio internacional dos despojos começou a ser regulamentado pelo Ministério da Agricultura em 2004.
"A exportação também resolveu um problema sanitário e ambiental porque estes despojos antigamente poderiam ser descartados no meio ambiente ou incinerados por pequenos frigoríficos já que não existia mercado", declarou.
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