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Agricultura afeta ambiente? Para Embrapa, produtor preserva 50% de sua área

Eliane Silva

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

13/01/2019 04h00

O agronegócio brasileiro é uma ameaça para o meio ambiente? Para a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, grandes produtores rurais, Embrapa e entidades ligadas ao agronegócio, a resposta é "não, pelo contrário"

Em declaração ao assumir o cargo, a ministra disse que o país tem uma legislação ambiental extremamente avançada e que é um modelo a ser seguido em preservação ambiental, "jamais um transgressor a ser recriminado". 

Metade das propriedades são preservadas, diz Embrapa

Estatísticas da Embrapa Territorial com base nos mais de 4,5 milhões de CARs (Cadastros Ambientais Rurais) já feitos mostram que quase a metade das áreas rurais tem vegetação nativa preservada, o equivalente a 218 milhões de hectares.

"É um caso único no mundo. O produtor só usa metade da sua propriedade e a ainda faz a manutenção da outra metade com o dinheiro do bolso. Em outros países, o governo é quem paga pela preservação", disse Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial.

País campeão de áreas protegidas

Segundo o pesquisador, relatório da ONU comprova que o Brasil é campeão mundial de áreas protegidas. São protegidas as unidades de conservação como parques nacionais, estações ecológicas e APAs (Áreas de Proteção Ambiental), com 155 milhões de hectares. Também são consideradas áreas protegidas as terras indígenas demarcadas.

No total, o país tem 30,2% do território protegido em comparação com a média de 10,5% dos outros nove países do mundo com mais de 2,5 milhões de km². A Austrália, vice no ranking, protege 19,2%.

Juntando áreas protegidas e preservadas (as que estão dentro das propriedades), o Brasil deixa de explorar 423 milhões de hectares ou 49,8% do seu território.

Práticas agrícolas já garantem preservação, diz produtor

Produtores como Paulo Rodrigues, filho do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e gestor das fazendas de cana e grãos da família, afirmam que além da recuperar e preservar APPs (Áreas de Proteção Permanente) e manter as reservas legais acima do percentual exigido por lei, a operação agrícola já é preservacionista devido ao plantio direto na palha, rotação de culturas e manejo integrado de pragas. 

Essas práticas garantem preservação do solo e mais produtividade, o que diminui a demanda por abertura de novas terras, dizem os produtores.

Cooperativas e entidades do setor destacam ainda o uso disseminado de práticas que protegem o meio ambiente como a integração lavoura-pecuária, o tratamento e reaproveitamento de água, a destinação correta dos resíduos da produção e o uso de energias alternativas.

Mauricio Silveira Coelho, dono da fazenda Santa Luzia, em Passos (MG), uma das maiores produtoras de leite do país, disse que os ruralistas fazem sua parte na preservação e que "está na hora de deixar o produtor trabalhar".

Para ONG, há muitas tentativas de mudar leis de proteção

Pedro Soares, da ONG Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, que propõe desenvolvimento com proteção ambiental), afirmou que o Brasil possui regras ambientais bem definidas, mas nos últimos anos houve muitas tentativas de alterações dessas leis, como é o caso da proposta de interrupção ou revisão de demarcação das terras indígenas. 

"É preciso gerar valor para a floresta em pé. Falta trabalhar em estratégias e incentivos econômicos que já existem na lei, como o pagamento por serviços ambientais, para incentivar o produtor rural a gerar renda preservando suas matas."